Ter um familiar ou amigo que sofre um mal súbito é uma experiência angustiante e cada
segundo conta. Todos os dias, cerca de mil brasileiros morrem por doenças
cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC).
As condições são classificadas pela medicina como doenças tempo-dependentes, ou seja,
quanto antes o socorro e o tratamento adequados forem iniciados, maiores são as chances
de sobrevivência e recuperação sem sequelas graves.
No caso do AVC, por exemplo, o cérebro deixa de receber oxigênio devido à obstrução ou
rompimento de vasos sanguíneos. A cada minuto sem atendimento, quase dois milhões de
neurônios são perdidos. Já no infarto, a falta de irrigação sanguínea no coração pode levar
à parada cardíaca em poucos minutos. O princípio é o mesmo: reconhecer os sinais e agir
imediatamente faz a diferença entre a vida e a morte.
Por isso, cumprir os protocolos rápidos desde o atendimento pré-hospitalar até a chegada
ao pronto-socorro é essencial. Serviços como o SAMU (192) seguem fluxos para priorizar
casos graves e orientar os primeiros socorros ainda por telefone. O treinamento constante
das equipes e o uso de tecnologias médicas modernas estão reduzindo o tempo de
resposta e aumentado a taxa de sobrevivência.
O primeiro passo que pode mudar o desfecho
O atendimento começa antes mesmo da ambulância chegar. Em um quadro de infarto, os
sinais de alerta incluem dor ou aperto no peito que pode irradiar para o braço, mandíbula ou costas, falta de ar, sudorese fria e sensação de desmaio. Já o AVC costuma se manifestar com dificuldade para falar, perda de força em um dos lados do corpo, paralisia facial e confusão mental súbita.
Saber identificar esses sintomas é o primeiro passo. O segundo é acionar imediatamente o
socorro, informando o que está acontecendo, o endereço e o estado do paciente. Enquanto
isso, manter a pessoa deitada de lado e evitar oferecer comida ou bebida são medidas
simples que ajudam a prevenir complicações.
A reanimação cardiopulmonar (RCP) também é uma manobra que salva vidas. Em casos
de parada cardiorrespiratória, deve-se iniciar compressões torácicas firmes e ritmadas,
cerca de 100 a 120 por minuto, até a chegada da equipe de resgate. Em locais com desfibriladores automáticos, o uso do equipamento pode restaurar o ritmo cardíaco normal, uma ação que pode dobrar as chances de sobrevivência.
Do pré-hospitalar ao pronto-socorro: tecnologia e precisão
Ao chegar ao hospital, o atendimento segue protocolos rígidos com o objetivo de diminuir o
tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento. No caso do infarto, o objetivo é realizar a desobstrução das artérias o mais rápido possível, seja por meio de medicamentos
trombolíticos ou de angioplastia. Já no AVC isquêmico, o ideal é que o tratamento comece
em até 60 minutos após a chegada ao hospital, procedimento chamado de “janela
terapêutica”.
Em emergências graves, como traumas múltiplos ou pacientes inconscientes com
insuficiência respiratória, a intubação orotraqueal é muitas vezes necessária para garantir a oxigenação adequada. Nessas situações, o uso do vídeo laringoscópio se mostra um
avanço fundamental. O equipamento, que permite visualizar com precisão as vias aéreas
através de uma câmera acoplada, reduz o tempo de intubação e aumenta a segurança do
procedimento, mesmo em casos complexos, como em pacientes politraumatizados.
A importância do treinamento e da prevenção
Mais do que equipamentos modernos, o que salva vidas é o preparo das pessoas
envolvidas, especialmente dos profissionais de saúde. Programas de capacitação em
suporte básico de vida e atendimento pré-hospitalar ensinam como identificar os sinais de
alerta e a massagem cardíaca correta.
Quanto maior o conhecimento, mais são as chances de uma resposta positiva em casos de
emergência. Além disso, é essencial reforçar a importância da prevenção. Estilo de vida
saudável, controle da pressão arterial, alimentação equilibrada, prática regular de atividades físicas e abandono do tabagismo são hábitos indispensáveis para reduzir o risco de doenças cardiovasculares.
Com o aumento da expectativa de vida e o crescimento das doenças crônicas, investir em
protocolos rápidos, treinamento contínuo e tecnologia médica não é apenas uma
necessidade hospitalar, é um caminho inteligente e seguro para os hospitais públicos e
privados. Cada minuto economizado no atendimento representa uma vida salva ou uma
sequela evitada.
O sucesso no tratamento de emergências médicas graves depende da soma entre
reconhecimento precoce, resposta ágil e aplicação de protocolos adequados. O
atendimento rápido não é apenas uma recomendação: é o limite entre a perda e a
recuperação.
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