Saúde

Dia Mundial do Rim: uso excessivo de anti-inflamatórios prejudica a saúde renal

Embora muitas pessoas não se deem conta, sintomas como dores nas costas podem ser um alerta para problemas renais.

No dia 13 de março, o mundo se une para destacar o Dia Mundial do Rim, uma data dedicada à conscientização sobre a saúde renal e a prevenção de doenças que podem comprometer o funcionamento desse órgão tão essencial. Embora muitas pessoas não se deem conta, sintomas como dores nas costas podem ser um alerta para problemas renais. Para esclarecer melhor o assunto, o Acorda Cidade conversou com o nefrologista César Oliveira.

A Sociedade Brasileira de Nefrologia afirma que doenças renais crônicas afetam mais de 10 milhões de pessoas no país e cerca de 850 milhões em todo o mundo.

Segundo o médico, o órgão é responsável por uma série de funções vitais para a saúde, como regular a pressão arterial, a vitamina D, a quantidade de cálcio nos ossos, regula o PH do corpo entre outras ações.

“O rim é um órgão extremamente importante porque ele realiza uma série de ações no organismo. É ele quem elimina pela urina todas as nossas toxinas, todos os produtos do nosso metabolismo. É ele quem manda fabricar o sangue, quem regula a quantidade de água em nosso organismo e nós somos 60% do corpo constituído de água”, explicou o especialista.

Conforme o nefrologista, a doença renal crônica é um problema crescente e afeta cerca de 10% da população. O mais preocupante é que metade dessas pessoas desconhecem sua condição, o que pode levar a complicações graves e até mesmo à necessidade de hemodiálise sem que tenham tido a oportunidade de se tratar precocemente. “Aproximadamente metade dos pacientes que têm doença renal crônica não sabem que têm. Por isso precisamos fazer campanhas para alertarmos as pessoas da importância de cuidar do rim”.

Principais fatores de risco

A hipertensão arterial e o diabetes são os dois principais fatores de risco para doenças renais, isso porque, 40% das pessoas que têm diabetes vão ter complicação renal segundo alertou o Dr. César.

pressão arterial
Foto: Agência Einstein

A obesidade também é um fator agravante, pois contribui para o aumento da pressão arterial e dos níveis de glicose no sangue, levando a um risco ainda maior de doenças renais crônicas.

Além dessas condições, há outras doenças como infecções urinárias, cálculos renais, doenças autoimunes, assim como a idade. Segundo o médico, a partir dos 50 anos as pessoas vão diminuindo a função renal.

Prevenção

Manter uma vida saudável é fundamental para preservar a saúde dos rins. Entre os principais cuidados recomendados estão:

Controle o açúcar para regular a pressão arterial e a diabetes;

Evitar o uso excessivo de anti-inflamatórios, que podem prejudicar os rins, principalmente aqueles que são vendidos livremente em farmácias. “Ele é extremamente prejudicial para quem já tem uma doença renal”.

Manter uma alimentação equilibrada e evitar sobrecarga de proteínas em casos de doença renal avançada;

Ingerir uma boa quantidade de líquidos, principalmente água, para prevenir cálculos renais e infecções urinárias.

Outra dica recomendada é incluir exames de função renal no check-up anual.

Médico César Oliveira
Nefrologista César Oliveira | Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

“Do mesmo jeito que você aprendeu a glicemia para o açúcar, você vai aprender a fazer a creatinina anual. Toda vez que você for fazer o seu check-up, que você for no médico, que você vai lá e fala, doutor, pede pra mim o colesterol, pede pra mim o triglicérido, pede pra mim o meu açúcar, você fala, pede pra mim a minha creatinina”, indicou o nefrologista.

Além disso, um exame simples de urina (Sumário de Urina) pode detectar perdas de proteína que indicam alterações na saúde renal.

Sinais de alerta

Os rins são órgãos extremamente resistentes e podem continuar funcionando mesmo quando já estão comprometidos, por isso os problemas quando se tornam visíveis, já podem está mais grave do que o paciente imagina. “Mesmo com 80% da função comprometida, ele dá conta do trabalho. Ele é um funcionário exemplar”.

Confira alguns sinais que podem indicar problemas renais:

  • Cólica renal, uma dor intensa, que segundo o médico, pode irradiar para os testículos ou para os lábios vaginais; Vale destacar que dores nas costas que atingem membros inferiores não são sinais de cálculo renal.
  • Dor na lombar ou costas
  • Urina espumosa ou alteração de cor;
  • Sangue na urina;
  • Fadiga;
  • Inchaço nas pernas e no rosto, especialmente pela manhã;
  • Anemia sem causa aparente;
  • Vontade frequente de urinar e em pouca quantidade.
Incontinência urinária
Foto: Jcomp/ Freepik

Parou de funcionar? Como tratar?

Quando a função renal cai abaixo de 12%, a pessoa pode precisar de hemodiálise ou transplante renal porque é impossível manter suas funções. O Brasil possui um dos maiores programas de transplante do mundo, mas ainda enfrenta desafios, como a falta de doação de órgãos e dificuldades na manutenção de um programa nacional efetivo.

De acordo com o Censo de 2021, o total estimado de pacientes que faziam hemodiálise no Brasil era de 148.363 pessoas.

A importância da dieta

Alguns alimentos são completamente eliminados do cardápio quando as funções renais já estão comprometidas, como beribéri e carambola que possui toxinas que o corpo não vai conseguir eliminar sem o trabalho dos rins. A sobrecarga de proteína também não indicada.

“Quando você tem uma doença renal que vai fazer diálise ou pré-diálise, a dieta tem que ser muito bem calculada para que você retire aquilo que é excesso, mas ao mesmo tempo não deixe o organismo ficar desnutrido. Então tem que ser uma dieta realmente com suporte médico e nutricional para que realmente a gente consiga equilibrar isso”, acrescentou o médico.

Doenças como cálculo renal, também possui dietas diferentes, mas também dentro dos princípios de evitar a sobrecarga e assumir um compromisso com uma alimentação mais leve e saudável.

Datas como o Dia Mundial do Rim são fundamentais para disseminar informação e incentivar a prevenção. Falar sobre os rins deve se tornar um hábito tão comum quanto discutir colesterol, glicemia e saúde do coração. Afinal, cuidar dos rins é essencial para a saúde geral do corpo.

Com informações da jornalista e produtora Iasmim Santos do Acorda Cidade

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