Ação Dezembro Vermelho
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

A Associação de Familiares, Amigos e Pessoas Vivendo com HIV/Aids, em parceria com a Prefeitura de Feira de Santana, promoveu uma programação especial em alusão ao Dezembro Vermelho, campanha de conscientização para alertar sobre a prevenção do HIV/Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

As ações aconteceram nesta segunda-feira (1º), no estacionamento da prefeitura. A programação incluiu palestras, entrega de preservativos e testagem para sífilis, hepatite C e HIV.

A enfermeira Vanessa Sampaio, coordenadora do programa IST-HIV-Aids, da Secretaria Municipal de Saúde, falou sobre as expectativas de atendimento durante as ações, e lembrou que, apesar da programação ser referente ao dia 1° de dezembro, ainda haverão outros atendimentos durante todo o mês de dezembro.

Vanessa Sampaio
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

Ao falar sobre a conscientização sobre ISTs, Vanessa acredita que as redes sociais ajudam no acesso à informação. Segundo a enfermeira: “as pessoas estão buscando mais formas de prevenção, como vai se prevenir daquela situação, e isso nos ajuda muito.”  

Combate ao preconceito

Vanessa também traz o alerta de combate ao preconceito: “o que mata hoje é o preconceito. É esse estigma que a doença carrega e a gente precisa desmistificar isso. As pessoas podem viver com o vírus do HIV, ter uma carga viral indetectável, que é o nosso grande objetivo, então hoje a nossa maior função enquanto centro de referência é fazer com que as pessoas entendam e que tirem o tabu que a doença carrega, porque esse preconceito ele verdadeiramente deprime, ele mata.”

Quanto aos testes rápidos que estão sendo realizados na ação, Vanessa afirma que o processo é sigiloso e que o resultado fica disponível em 30 minutos. A enfermeira também comentou sobre a evolução da ciência, e como o tratamento é mais simples hoje em dia. Segundo Vanessa: “as pessoas também vêm avançando junto a essa temática e a gente tem provas de que não é um bicho de sete cabeças.”

De acordo com a enfermeira, neste ano de 2025, foram registrados 305 casos novos em pacientes residentes em Feira de Santana, seguindo na mesma faixa em comparação a 2024. Até o início de dezembro do ano anterior, foram registrados 316 novos casos de HIV e Aids. 

Leis que amparam portadores do vírus

Camila Trabuco, advogada especialista na área civil e trabalhista, trouxe um alerta para as leis que amparam as pessoas que convivem com o HIV. Camila afirmou que: “primeiro de tudo, é direito de toda pessoa que vive com Aids ser tratada com dignidade, sem qualquer tipo de preconceito. E isso é garantido pela própria Constituição Federal.”

Camila Trabuco
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

Além disso, a advogada lembrou da lei 12.984, que criminaliza, com pena de 1 a 4 anos de reclusão e multa, “condutas que sejam, por exemplo, a demissão de um funcionário porque ele está com Aids.” Ou seja, essa lei protege a garantia do emprego da pessoa que convive com HIV-Aids.

Camila então segue: “não contratar também uma pessoa porque ela tem HIV, por exemplo, exigir que se apresente algum tipo de exame, soropositivo, essa é uma conduta ilegal e com possibilidade de punição nesse sentido.” Portanto, a advogada confirma que esse comportamento, e/ou a demissão de portadores da doença é crime.

Segregação e afastamento também são motivos nos quais as pessoas que convivem com HIV-Aids podem recorrer judicialmente, pois se trata de um dano moral passível de gerar indenização.

Por fim, a advogada afirma: “o que acontece é que a empresa pode fazer o chamado exame admissional. Neste exame vai ser visto se a pessoa tem aptidão para a função, mas dentro desses exames não está o exame de soropositivo. Qualquer doença que traga que a pessoa é inapta para o trabalho, aí a empresa vai poder não exigir essa pessoa. Mas, caso esteja apto para a função, deve ser sim contratado.”

Objetivo da ação

Josefa Farias, presidente da Associação de Familiares, Amigos e Pessoas Vivendo com HIV/Aids, afirma que o papel da associação é de acolher: “de abraçar, de escutar, de dividir a mesma dor e se possível até dividir um prato de comida. Essa é a maior coisa que está acontecendo nesse momento.”

Camila Trabuco
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

Segundo a presidente, o estigma quanto à doença afasta as pessoas portadoras do vírus: “aqui não tem nenhum paciente, só Josefa. Felizmente, eles me ligam, me agradecem pela força, mas tem medo de aparecer aqui.” Apesar da evolução no tratamento, Josefa lembra que o preconceito remete a época na qual não se tinha medicação: “hoje deixa a gente indetectável, mas infelizmente ficou aquela história feia.”

José Jorge Cardoso
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

José Jorge Cardoso, de 75 anos, acredita que é importante participar desta ação, na qual fez testes de glicemia, HIV e aferiu a pressão arterial. José disse ter ficado feliz de poder fazer esses testes e chamou atenção para a prevenção: “é muito importante usar preservativo e se cuidar”, afirmou.

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