Saúde

Débitos do HEC são de responsabilidade do Estado, diz presidente do Sócrates Guanaes

As pendências incluem dívidas trabalhistas e tributos, que somados chegam a R$ 19 milhões.

Débitos do HEC são de responsabilidade do Estado, diz presidente do Sócrates Guanaes Débitos do HEC são de responsabilidade do Estado, diz presidente do Sócrates Guanaes Débitos do HEC são de responsabilidade do Estado, diz presidente do Sócrates Guanaes Débitos do HEC são de responsabilidade do Estado, diz presidente do Sócrates Guanaes
Daniela Cardoso
 
O presidente do Instituto Sócrates Guanaes, que geriu o Hospital Estadual da Criança (HEC) por dois anos, André Guanaes de Carvalho, esteve na manhã desta segunda-feira (18) no programa Acorda Cidade, onde falou sobre as dívidas que restaram da gestão. As pendências incluem dívidas trabalhistas e tributos que somados chegam a  R$ 19 milhões.  “As ações trabalhistas estão em torno de R$ 6,3 milhões. As dívidas referentes ao pagamento dos médicosque não foi feito nos últimos meses, está em  torno de R$ 1,7 milhões
 
Segundo Guanaes, o instituto, que é uma instituição sem fins lucrativos, foi convocado pelo secretário Estadual de Saúde, Jorge Solla, para contribuir com o processo de terceirização do HEC e desde o início da gestão o contrato apontava para um valor abaixo da real necessidade do hospital. Ele afirmou que à medida que foi assumindo o HEC foi feito um estudo profundo, onde percebeu que realmente o contrato estava subestimado.  De acordo com o presidente da instituição, no contrato está claro que havendo desequilíbrio financeiro, a contratante, que é o Estado, seria obrigado a fazer o equilíbrio
 
“Mostramos o estudo que foi deferido pela área técnica da secretaria, comprovando que precisava aumentar o valor. Depois a Procuradoria Geral do Estado (PGE) também deferiu o processo, porquebaseado em estudos, foi mostrado que realmente necessitava de um reequilíbrio financeiro”, explicou
 
André Guanaes afirmou que no primeiro ano de contrato a fatura era mensal e o valor era de 2,7 milhões para 150 leitos. No segundo ano, o valor era de 4,3 milhões para 280 leitos, o que segundo ele, um valor de 600 reais por leito/dia, para o primeiro ano e de R$ 500,00 para o segundo ano. André afirmou que o valor é improcedente, pois deveria ser em torno de R$ 1.220,00. 
 
Ainda de acordo com ele, essa diferença foi reconhecida pela área técnica da Sesab  (Secretaria de Saúde do Estado da Bahia) e pela PGE e o valor de R$ 9,6 milhões, que estavam atrasadosfoi pago, mas o Estado não cumpriu a medida que dizia para pagar o primeiro ano e retificar o contrato. Além desses problemasGuanaes disse que durante os 24 meses à frente do hospital a instituição recebeu 23 meses com atraso, que segundo ele, chegou a 28 dias no primeiro ano e 38 no segundo
 
“Como a gente recebia a metade do valor, nós tínhamos verba para fazer a operação do hospital e na condição de médico meu primeiro dever é salvar vidas. Então não podia faltar medicações e tínhamos que pagar a folha. Elegemos essa prioridade, mas não dava para pagar o restante, que eram os tributos e fazer os provisionamentos trabalhistas. Nós ficamos por muito tempo aguardando essa repactuação o que não ocorreu e por isso os trabalhadores ainda não receberam”, afirmou
 
Continuidade do serviço
 
Apesar de todos os problemas durante a gestão, André Guanaes explicou que continuou à frente da gerência do hospital, pois se tivesse suspendido o contrato, o atendimento também seria suspenso. “Antes de tudo eu priorizei o atendimento às crianças”, disse.

Segunda licitação 
 
O Instituto participou da segunda licitação para gerir o HEC, mesmo com as dívidas restantes. André Guanes explicou que o Conselho do Instituto entendeu que assim deveria fazer, pois a Sócrates Guanaes foi a primeira organização a conhecer profundamente o hospital. “Seria uma omissão nossa não entrar para dizer qual é o valor necessário para gerir o HEC. Por conta dissoentramos com um mandado de segurança para suspender a licitação por inexecutividade”.  
 
Previsão de pagamento das recisões

 
Sobre o pagamento das rescisões, Guanaes afirmou que depende do entendimento do governo. “Muitos juízes estão entendendo que o Estado é solidário e tem a obrigação de arcar com o débito. Assim eu fico mais tranquilo que todos os trabalhadores deverão receber pelo Estado. Nossos advogados têm acompanhado e tivemos um último parecer do juiz Medrado, mostrando que pela lei o Estado deve ser solidário e pagar essa dívida. Sempre que temos contato, o Estado tem prometido dar uma solução. O que me preocupa é que são 11 meses”, frisou.