Saúde

CRO Bahia faz alerta para falsas promessas da odontologia biológica

Além de não ser reconhecida pelo órgão que regula a atuação dos dentistas, a odontologia biológica propaga informações enganosas.

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Impulsionada e amplamente difundida nas redes sociais, a chamada “Odontologia biológica” tem preocupado os conselhos de classe. A área não é reconhecida pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) – nem como especialidade nem como habilitação – e, mesmo assim, vários dentistas se autointitulam especialistas em “odontologia biológica”, propagando desinformação sobre os cuidados com a saúde bucal.

As postagens envolvem temas conhecidos da população: tratamento de canal, restaurações de amálgama, implantes dentários e até o flúor do creme dental – sempre com críticas ao que é estabelecido como seguro e eficaz há décadas. No lugar, esses profissionais afirmam que buscam avaliar o paciente como um todo, com o objetivo de “minimizar os danos à saúde causados pelos tratamentos convencionais”.

“É muito preocupante porque essas falsas promessas de cura e uma difamação de uma odontologia verdadeira, que é baseada em evidência científica, nos preocupa bastante. Essa odontologia biológica, ela se apropria de um nome que é de toda odontologia, porque toda odontologia é biológica. Nós trabalhamos com tecidos, com células. O que nós mais aprendemos na faculdade é a biologia”, afirma o presidente do Conselho Regional de Odontologia da Bahia, Dr. Marcel Arriaga.

Além de não ser reconhecida pelo órgão que regula a atuação dos dentistas, odontologia biológica propaga informações enganosas, como ideia de que o flúor tem efeitos tóxicos e que o amálgama presente nas restaurações funciona como uma antena que atrai ondas eletromagnéticas.

“Essa odontologia busca através de alardear para a população e causar falsas preocupações e com excesso de preocupações, como por exemplo uma preocupação excessiva com amálgama na boca que é um material muito utilizado. No passado ainda é, mas no passado era mais utilizado ainda. Então, com uma falsa preocupação que o indivíduo tem que retirar porque o mercúrio do amálgama causa problemas neurológicos e, na realidade, não é nada disso”, continua o presidente do CROBA.

Basta uma busca pelo termo na internet para ser direcionado a diversos sites que a descrevem como a especialidade de alguns dentistas. Não há uma definição oficial, mas os conteúdos dizem que se trata de uma abordagem que minimiza danos à saúde causados por condutas e materiais usados em tratamentos odontológicos clássicos. Além disso, os sites informam que essa é a perspectiva que compreende que um dente com problemas pode causar disfunções em outros órgãos, como o coração.

Segundo o que é vendido pela odontologia biológica, dentes como os incisivos centrais e laterais, por exemplo, poderiam ter uma relação direta com desordens no sistema urinário, reprodutivo, esquelético e, até mesmo, emocionais. Ainda, o uso de aparelhos ortodônticos ou o posicionamento incorreto dos dentes poderiam levar a problemas como infertilidade.

Ainda de acordo com o CROBA, os “dentistas biológicos” citam em seus anúncios a toxicidade do flúor para a saúde; associação entre contenção ortodôntica e infertilidade; e a afirmação de que a endodontia pode levar a focos de infecção que se perpetuarão por toda a vida.

“Então, esta é uma odontologia que busca dinheiro, que busca ludibriar o paciente, alardeando preocupações necessárias perto das outras práticas que são realmente reconhecidas pela odontologia”, acrescenta Dr. Arriaga.

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