Cateterismo com implante de stent pode ser tão eficaz quanto cirurgia

Cateterismo com implante de stent pode ser tão eficaz quanto cirurgia Cateterismo com implante de stent pode ser tão eficaz quanto cirurgia Cateterismo com implante de stent pode ser tão eficaz quanto cirurgia Cateterismo com implante de stent pode ser tão eficaz quanto cirurgia

O cateterismo com implante de stent na carótida é tão seguro e eficaz quanto a cirurgia para desobstrução do vaso. A conclusão é do estudo Crest, a maior pesquisa clínica já feita comparando as duas técnicas para prevenção de derrame em pacientes com estreitamento da carótida. O trabalho foi apresentado na última sexta-feira, no congresso da American Stroke Association, em San Antonio, Texas.

Estudos anteriores apontavam que o stent era menos seguro que a cirurgia. Os resultados do Crest mostram que pessoas com risco de derrame por causa do estreitamento da artéria do pescoço podem se beneficiar da técnica do cateterismo com stent, que é menos invasiva, correndo riscos estatisticamente similares.

A pesquisa, que incluiu 2.502 pessoas e 117 centros médicos nos Estados Unidos e no Canadá, foi coordenada por especialistas da Clínica Mayo e da Universidade de Medicina de Nova Jersey. Além de mostrar riscos e benefícios praticamente iguais nas duas técnicas, o estudo apontou em que casos específicos cada procedimento tem um risco ligeiramente maior. Os dados mostram que a cirurgia diminui um pouco mais o risco de derrame, enquanto o stent diminui ligeiramente o risco de infarto após a realização do procedimento.

Opiniões divididas

O cateterismo com implantação de stent na carótida foi realizado pela primeira vez em 1994. O cateter é introduzido na artéria do pescoço e um pequeno balão é inflado no local, para desbloquear o vaso. O stent, que é um tubo metálico perfurado, é implantado para manter a artéria aberta.

O procedimento cirúrgico, chamado de endarterectomia, é feito desde a década de 1950.
Ambos os procedimentos podem ser indicados para pacientes que sofreram microderrames ou que apresentam 70% ou mais de obstrução da artéria carótida. Obstruções menores são tratadas clinicamente, com medicamentos.

Mirto Prandini, professor de neurocirurgia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo, acredita que o stent é a melhor opção. "A questão é muito debatida e estudos anteriores mostravam que [o procedimento] não teria vantagens evidentes. Porém, considero o stent mais vantajoso. É menos agressivo e mais rápido. Se os riscos e benefícios são similares, é a melhor opção."

Eduardo Mutarelli, neurologista do hospital Sírio-Libanês, tem opinião contrária. "Todos os estudos, até agora, mostram que a cirurgia é melhor. Esse mostra que, no máximo, os dois procedimentos "empatam". Por enquanto, continuo preferindo a técnica consagrada, a não ser em casos em que há indicação específica para stent", diz o neurologista.

Segundo ele, o stent pode ser indicado para pacientes em condições de saúde mais precárias, com diabetes ou com insuficiência cardíaca, por exemplo, que correm mais risco de piorar o quadro devido ao estresse cirúrgico. Também é feito quando a posição da placa de gordura que obstrui a artéria no pescoço é de difícil acesso.
 

Informações da Folha S.P