
O Dia Nacional de Luta contra o Reumatismo, que foi celebrado na quinta-feira, dia 30 de outubro, chama atenção para um conjunto de doenças que afeta mais de 15 milhões de brasileiros e já representa uma das principais causas de incapacidade física no país. Na Bahia, dados do Ministério da Previdência Social mostram que os afastamentos do trabalho por doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo, grupo que inclui diversas doenças reumáticas, cresceram 28% entre 2022 e 2024, colocando o estado entre os seis do país com maior número de concessões de auxílio-doença por esse motivo.
Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), Salvador acompanha a tendência nacional de alta de casos e longas filas de espera por diagnóstico especializado.
Popularmente chamado de reumatismo, o termo reúne mais de 100 doenças, entre elas artrite reumatoide, artrose, lúpus, espondilite anquilosante, fibromialgia e gota. Muitas são de origem autoimune, podem comprometer articulações e órgãos internos e avançam de forma silenciosa até causar limitação funcional. Para a reumatologista Vanessa Fonseca, coordenadora do Serviço de Reumatologia do Hospital Mater Dei Salvador (HMDS), o maior desafio ainda é o diagnóstico tardio.
Ela explica que muitas pessoas convivem com dor crônica sem buscar ajuda adequada, acreditando tratar-se de “dor da idade” ou “bico de papagaio”. Segundo ela, quando o tratamento começa tarde, as chances de sequela e deformidade são maiores.
A realidade do interior baiano segue a mesma tendência. Em Feira de Santana, polo regional de saúde, a demanda por atendimento especializado também aumentou. 
“Existe muita desinformação em torno do reumatismo, e isso atrasa o diagnóstico. Recebo pacientes que convivem com dor há mais de um ano até chegar ao consultório. Quanto mais o tratamento é adiado, maiores são as limitações funcionais e o risco de perda de qualidade de vida”, afirma a reumatologista Kércia Carneiro, do Hospital Mater Dei Emec.

Sintomas e diagnóstico
As doenças reumáticas geralmente se manifestam com dor persistente, rigidez ao acordar, inchaço e limitação de movimentos. Em alguns casos, surgem fadiga intensa, febre baixa, perda de força e alterações na pele. Muitos pacientes relatam dificuldade para abrir potes, subir escadas, caminhar ou realizar atividades simples do dia a dia. Como esses sintomas podem aparecer de forma leve no início, é comum que passem despercebidos por meses ou até anos.
O diagnóstico é feito após avaliação médica e pode incluir exames laboratoriais e de imagem. Estudos recentes publicados pelo Ministério da Saúde indicam que o início do tratamento nos primeiros meses após os sintomas oferece as maiores chances de controle da doença, preservação das articulações e prevenção de incapacidade física. Na Bahia, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), houve crescimento de 34% na procura por exames relacionados a doenças autoimunes entre 2021 e 2024, reflexo de maior busca por diagnóstico reumatológico.
Tratamento
O tratamento das doenças reumáticas avançou nos últimos anos com a chegada de medicamentos imunomoduladores e terapias biológicas, além de abordagens combinadas com fisioterapia, fortalecimento muscular e mudanças no estilo de vida. Especialistas ressaltam que a adesão ao tratamento é determinante para evitar progressão da doença e internações.
Em casos crônicos, é possível alcançar controle da dor e preservar a mobilidade. Para Vanessa Fonseca, a orientação médica correta é fundamental para reduzir sofrimento e tempo de incapacidade. “Pacientes que recebem tratamento precoce conseguem manter produtividade e autonomia por muito mais tempo”, conclui a reumatologista do HMDS.
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