câncer de mama

Autoexame do câncer de mama pode dar falsa sensação de que mulheres estão saudáveis

O problema é que não sentir nada não significa ausência de nódulo. E quando a mulher toca os seios e consegue sentir algum carocinho, ele já está medindo um ou dois centímetros, ou seja, não está mais no começo

Acorda Cidade

Só este ano, quase 50 mil brasileiras vão receber o diagnóstico de que estão com câncer de mama.

“O número total de câncer de mama tem aumentado no mundo inteiro, 1% a 2% ao ano. No Brasil, não é diferente”, explica o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, José Luiz Pedrini.

Segundos os médicos, quatro em cada dez pacientes descobrem a doença fazendo o autoexame. A apalpação das mamas foi ensinada e estimulada em várias campanhas publicitárias veiculadas no Brasil inteiro. Era uma forma de levar as mulheres ao consultório médico. O estímulo acabou tendo efeito contrário.

“Toco, mas não sinto nada. Por isso, não vou ao médico”, conta a agricultora Elisabete Araújo.

O problema é que não sentir nada não significa ausência de nódulo. Quando a mulher toca os seios e consegue sentir algum carocinho, ele já está medindo um ou dois centímetros, ou seja, não está mais no começo. Por isso, o Inca decidiu parar com as campanhas de estímulo ao autoexame, para evitar que a mulher tenha a falsa sensação de que está saudável. Essa confirmação só pode ser feita pelo médico ou em exames periódicos de mamografia.

“O autoexame não é recomendado como estratégia de detecção precoce de saúde pública. Agora, é claro que a mulher se tocar, perceber seu corpo é fundamental. E se perceber alguma coisa, procurar o médico”, orienta o diretor-geral do Inca, Luiz Antônio Santini.

Os estados com a maior incidência do câncer de mama são: em terceiro lugar, São Paulo; em segundo, o Rio Grande do Sul; e em primeiro, o Rio de Janeiro, com 88 casos para cada 100 mil mulheres.

O motivo pode ser o ritmo de vida das mulheres, segundo o Instituto Nacional do Câncer. A decisão de não ter filhos, ou de ser mãe depois dos 30 anos, pode aumentar a chance de desenvolver o câncer de mama.

A explicação da ciência é que quanto maior é a exposição da mulher a uma carga hormonal por um longo tempo, sem interrupção para gravidez, maior a possibilidade de ter a doença. É que as células do câncer de mama se reproduzem e se alimentam de hormônios, principalmente o estrogênio.

“Então, quanto mais cedo ela começar a menstruar e quanto mais tarde parar de menstruar, maior a chance de ela ter câncer de mama. E, se quando ela entrar na menopausa, for adicionada a reposição hormonal, se não tiver um critério muito bem estabelecido pelo médico, ela tem um risco acentuado, maior de ter câncer de mama”, alerta Carlos Frederico Lima, médico do Inca.

A Organização Mundial de Saúde também alerta que 21% dos casos de câncer de mama no mundo são atribuídos ao consumo de álcool, cigarro, sedentarismo e obesidade.

Além de todos esses fatores, ainda tem a hereditariedade. O pai e a mãe de Márcia tiveram câncer, por isso, ela começou a fazer exames bem cedo.

“Aos 35, eu parei de amamentar e comecei a fazer mamografia. Logo depois, a gente pôde detectar esse pequeno nódulo. Eu acho que foi fantástico, porque aos 38 anos eu já estava curada de câncer”, lembra.

Uma caminhada, uma corrida na esteira, pode não parecer grande coisa. Mas para Dona Alda simboliza um marco. Porque ela se considera uma mulher antes e outra depois do câncer de mama e ainda diz que a doença foi um alerta da vida cobrando mudanças. E ela estava disposta a atender ao pedido.

O exercício se juntou a uma alimentação mais saudável. “Era fã da batata frita. Caixas e mais caixas de chocolates. Carne vermelha e sopa com carne vermelha. Então, na verdade, isso tudo não estava muito bom”, conta.

A superação passa sempre por transformações. “Eu tive câncer, eu não tenho mais, não terei mais. Aquilo acabou. Foi uma fase que aconteceu na minha vida”, conta Dona Alda.

“Tenho mais amor a vida e eu valorizo cada dia da minha vida, cada minuto. Cada ar que eu respiro, eu agradeço a Deus. Eu estou viva, eu estou aqui, eu superei”, comemora Márcia.

“Você vai partir ou vai ficar, o que você vai escolher? Você vai escolher viver. Acorda para a vida”, diz Alda. As informações são do Jornal Nacional.