
A Associação de Familiares, Amigos e Pessoas Vivendo com HIV/Aids está preparando uma programação especial em alusão ao Dezembro Vermelho, campanha de conscientização para alertar sobre a prevenção do HIV/Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
No dia 1ª de dezembro, o estacionamento da prefeitura será o local destinado as atividades. As ações acontecerão das 8h30 às 14h30, com palestras, entrega de preservativos e testagem para sífilis, hepatite C e HIV.
Antes desta programação completa, no dia 27 de novembro acontecerá uma pré-ação das 9h às 12h no estacionamento do Mercantil do bairro Cidade Nova, que vai chamar atenção para o encerramento do Novembro Azul, e início do Dezembro Vermelho.
Em entrevista ao Acorda Cidade, Josefa Faria dos Anjos, presidente da entidade, pontuou que o dia 1º de dezembro, é apenas um marco histórico onde se reforça o cuidado com a temática, mas todos os dias são tempo de autocuidado.

“A gente tem que chamar atenção, principalmente para este dia que é o dia mundial, mas isso não quer dizer que os outros dias não sejam importantes. O principal objetivo é a conscientização. É mostrar a população de Feira que está acontecendo, porque está aumentando e ninguém tá tomando consciência disso”
Na ação do dia 1º de dezembro, diversos profissionais, como delegada, advogados, enfermeiros, e psicólogos estarão presentes na programação levando conhecimento em todas as áreas. O dia contará também com o apoio da Polícia Militar e Exército.
A programação especial seguirá com diversas ações ao longo do mês de dezembro, em locais diferentes, segundo pontua Josefa.
“Dia 6 de dezembro, na Cidade Nova, na Praça Redondo do Lelê. Dia 13 de dezembro na Queimadinha, na Praça do Cruzeiro. Dia 20 de dezembro no fundo do Feiraguay, é onde eu sempre fiz minhas ações e eu sempre tentei combater esse preconceito lá”, informou.
A luta da Associação vem para estimular a prevenção e a testagem para diagnóstico precoce, mas também para combater o preconceito. Josefa relatou que estar a frente desse movimento mostra diariamente que o estigma não deixou de existir.
“O preconceito está aí todos os dias. Ninguém venha me dizer que não existe, porque existe. Nesse período agora de corre, a gente pedindo apoio, pedindo alimentos, eu estou deparando com esse preconceito, muito sutil, mas estou sim”.
Em meio a esse cenário, ela cita uma situação recente em que portadores do vírus HIV/Aids tiveram seus nomes divulgados em uma lista pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana em Feira de Santana. A situação foi tema de diversos debates levantados, inclusive pela líder da associação.
Josefa conta que a ação também está projetando amparar e buscar reparo da situação para os atingidos.
“Outro objetivo, devido o que aconteceu com o vazamento, é acolher as pessoas que foram atingidas, porque continua tudo do mesmo jeito. Quem perdeu, na verdade, foram os pacientes. Então, estamos fazendo junto com essas ações um uma arrecadação de alimento para que a gente possa ajudar pelo menos uns dois meses essas pessoas, porque até agora não foi feito nada em acolhimento dessas 611 pessoas”, explicou.
A divulgação indevida dos nomes resultou em situações desagradáveis para os pacientes, principalmente relacionadas à perda de empregos. Josefa inclusive, também foi uma das pessoas afetadas.
‘Um rapazinho me ligou, e ele vai ser demitido. Ele trabalha com criança e a família não sabia, os amigos não sabiam e foi divulgado o nome dele. E o pior, ele quer sair de Feira com medo. Isso não existe”.
“Eu fui afetada. Eu deixei de trabalhar no comércio para fazer o que eu mais amei, que foi onde infelizmente onde eu fui infectada, no meu estágio para ser cuidadora. E depois disso ninguém me chama para mais pra ser cuidadora, porque foi vazando, foi passando de uma cuidadora para a outra. Teve pacientes que era residencial, simplesmente uma desculpinha e afastando. Mesmo dando a cara e fazendo tudo, não tinha o direito de sair meu nome”, relata.
Ela reforça que apesar das dificuldades, o que pode ser feito é continuar lutando por dias melhores, em que principalmente o preconceito deixe de estigmatizar os pacientes, e a informação de qualidade seja a base das relações.
“De certa forma não vai parar, mas vai ajudar. Pelo menos assim, se uma pessoa já presta atenção, se uma pessoa disser assim: ‘Eu vou olhar com bons olhos’, eu acho que para mim já é válido”.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos canais no WhatsApp e Youtube e grupo de Telegram.