A saúde bucal dos brasileiros está longe do ideal. É o que revela a pesquisa nacional SB Brasil 2023, conduzida pelo Ministério da Saúde, que traçou um panorama preocupante do estado de saúde bucal da população. O levantamento apontou que apenas 5,2% dos adultos entre 35 e 44 anos estão livres de cáries. O quadro se agrava com dados que revelam presença de cálculo dentário (tártaro) em 54,13% dos entrevistados e sangramento gengival em 41,53%, um dos sinais clássicos da gengivite.
Para a cirurgiã-dentista, ortodontista e professora do curso de Odontologia da Estácio, Mariana Coutinho, os números refletem uma combinação de fatores sociais, culturais e comportamentais. Segundo ela, a cárie é uma doença multifatorial, influenciada por aspectos genéticos, ambientais e alimentares.
“O consumo excessivo de açúcar e a má higiene bucal, associados à presença de biofilme (placa bacteriana), são os principais desencadeadores da cárie dental. Quando não tratada, essa lesão pode alcançar camadas mais profundas do dente e até a corrente sanguínea, atingindo órgãos como o cérebro e o coração”, explica Mariana.
A especialista alerta que, dependendo da gravidade da cárie, os tratamentos variam desde aplicações de flúor até procedimentos mais complexos, como restaurações e tratamentos de canal (endodontia). Outro vilão da saúde bucal, o tártaro, surge quando o biofilme não é adequadamente removido por escovação e uso do fio dental.
Uma vez endurecido, só pode ser eliminado com intervenção profissional por meio de raspagem. Já a gengivite, inflamação da gengiva muitas vezes negligenciada, pode evoluir para doença periodontal, causando perdas dentárias e comprometimento dos tecidos de sustentação do dente.
“A prevenção é, sem dúvida, a melhor estratégia. Escovação correta com creme dental fluoretado, uso diário do fio dental, alimentação equilibrada e visitas regulares ao dentista são essenciais para manter a saúde bucal em dia”, reforça a dentista.
Mariana destaca que a frequência das consultas ao dentista deve ser de, no mínimo, duas vezes por ano, e em casos de doença periodontal, a cada três meses. Ela também defende a ampliação do acesso aos serviços odontológicos e a promoção de ações educativas como caminhos para mudar o atual cenário. “Informação, prevenção e acesso são os pilares para combater esse problema de saúde pública. Melhor do que tratar, é não deixar a doença se instalar”, conclui.
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