Agosto é o mês da conscientização sobre o aleitamento materno, prática reconhecida como fundamental para o desenvolvimento físico, imunológico e emocional do bebê. No entanto, o que ainda é pouco discutido é que a amamentação saudável começa antes mesmo do parto, e está diretamente relacionada ao estado nutricional da mãe.
Segundo a nutróloga Suzana Viana, uma alimentação equilibrada na gestação e no puerpério é determinante para a produção e qualidade do leite materno, além de contribuir para a recuperação da mãe após o nascimento. “Acompanhamos muitas pacientes que chegam exaustas, com queda de cabelo, anemia e alterações hormonais no pós-parto. A nutrologia ajuda a reequilibrar o corpo e garantir que a amamentação aconteça de forma saudável e segura”, afirma.
De acordo com o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani‑2019), publicado pelo Ministério da Saúde, apenas 45,8% dos bebês brasileiros são amamentados exclusivamente até os seis meses de vida, como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar de ser o dado mais recente disponível, a meta do Ministério é atingir 50% até 2025 e 70% até 2030, índices ainda distantes da realidade atual.
Além de fortalecer o sistema imunológico e reduzir em até 13% a mortalidade infantil, o leite materno promove um vínculo emocional essencial para o desenvolvimento do bebê. No entanto, para que a amamentação aconteça de forma eficaz e segura, o corpo da mãe precisa estar nutrido e preparado.
A importância da alimentação materna
Durante a gestação e o pós-parto, o organismo da mulher passa por intensas demandas hormonais, metabólicas e imunológicas. A deficiência de nutrientes como ferro, vitamina B12, ômega-3, zinco e cálcio pode comprometer a produção de leite e a saúde da mãe, levando à fadiga crônica, irritabilidade, infecções recorrentes e até à depressão pós-parto.
“A alimentação equilibrada favorece a produção de leite e a qualidade nutricional do que está sendo oferecido ao bebê. Além disso, atua na prevenção de inflamações, perda de massa magra e desequilíbrios hormonais que são comuns nesse período”, explica Suzana.
Para fortalecer o corpo e garantir uma amamentação mais tranquila, a nutróloga lista orientações práticas que podem ser incluídas no dia a dia das gestantes e puérperas:
- Inclua fontes de ferro e vitamina C, como feijão, vegetais escuros, carnes magras e frutas cítricas, para prevenir a anemia.
- Coma gorduras boas, presentes no azeite de oliva, abacate, castanhas e sementes, que ajudam na saúde hormonal.
- Mantenha-se bem hidratada, já que a produção de leite exige maior consumo de água.
- Evite dietas restritivas no pós-parto, que podem comprometer a produção e qualidade do leite.
- Dê preferência a alimentos naturais e anti-inflamatórios, como frutas, verduras, cereais integrais e proteínas magras.
- Adicione probióticos naturais (iogurte integral, kefir, kombucha) para favorecer o equilíbrio da microbiota intestinal, importante para a imunidade.
- Modere o consumo de cafeína e evite o álcool, que interferem na qualidade do sono e do leite.
“Cuidar da alimentação nesse período é uma medida clínica fundamental para prevenir deficiências nutricionais, favorecer a produção de leite e preservar a saúde metabólica e imunológica da mãe. A atuação da nutrologia permite uma conduta individualizada, baseada em evidências e adequada às demandas fisiológicas da gestação e do puerpério”, conclui Suzana.
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