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Há cerca de um ano, a mãe de um paciente de 14 anos do Hospital Estadual da Criança (HEC), que sofre com anemia falciforme, não precisa mais se deslocar à capital baiana uma vez por mês para que seu filho receba o tratamento adequado contra a doença, que foi descoberta aos cinco anos de idade. Os procedimentos necessários têm sido realizados no HEC desde então.

"Não tenho do que me queixar sobre o tratamento que meu filho recebe aqui no HEC. Desde que começamos a vir pra cá tem sido um alívio, pois antes a gente tinha que ir para Salvador e todo o deslocamento era complicado, pois meu filho não anda, não fala e se alimenta através de sonda. Então, realizar esse tratamento aqui é muito bom", afirma Eliene.

A anemia falciforme é uma doença genética que atinge os glóbulos vermelhos e causa alterações no formato dos mesmos, deixando-os em forma de foice e, consequentemente, dificultando a circulação do sangue. É descoberta, geralmente, no teste do pezinho (triagem neonatal) e também através de um exame chamado eletroforese de hemoglobina. Dores ósseas são os sintomas mais frequentes, assim como sequestro esplênico (sangue no baço), derrames cerebrais, piora da anemia e infecções – que são mais graves em crianças portadoras da doença.

Segundo Dr. Ricardo José Leite Borges, coordenador da Agência Transfusional do HEC, não existe tratamento curativo para a anemia falciforme até o momento. "Por isso é importante que a criança tenha um acompanhamento do pediatra e do hematologista pediátrico, pois a chance de sobrevida é maior. Os casos exigem cuidado, através da aplicação de vacinas, uso do ácido fólico e penicilina, bem como a realização de exames, mas há casos específicos que necessitam de transfusão sanguínea", explica.

De agosto de 2010 até o momento, cerca de 200 portadores de anemia falciforme deram entrada no HEC; deste número, uma média de 94 fizeram uso de transfusão sanguínea. Além disso, 15 pacientes dão entrada no HEC por emergências hematológicas/complicações da anemia falciforme por mês e oito encontram-se em regime de transfusão programada mensal, ou seja, rigorosamente comparecem à unidade para realizar transfusão sanguínea. Vale ressaltar que o HEC tem parceria com a Unidade de Coleta da Fundação de Hematologia da Bahia (Hemoba), no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), a qual funciona de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h.​