Feira de Santana

Advogado diz que denúncia sobre o HGCA é verdadeira e que mortes devem ser investigadas

Segundo Ronaldo Mendes, a representação judicial feita por ele não é contra a direção do hospital e nem contra os maqueiros, e sim contra o Governo do Estado.

Daniela Cardoso
 
O advogado Ronaldo Mendes, que denunciou a morte de oito pacientes que estavam internados no Hospital Geral Clériston Andrade, esteve no programa Acorda Cidade na manhã desta quarta-feira (25) para falar sobre as ações judiciais que os maqueiros do hospital e o diretor, José Carlos Pitangueira, podem mover contra ele. 
 

 
Segundo Ronaldo Mendes, a representação judicial feita por ele não é contra a direção do hospital e nem contra os maqueiros, e sim contra o Governo do Estado. Ele afirmou que a notícia inicial era que os maqueiros haviam, na noite de sábado (20), transportado oito corpos e que a denúncia foi feita por um funcionário do hospital.
 
“Não há nenhuma linha dizendo que foram os maqueiros que fizeram a denúncia, ou que o diretor do hospital é o responsável por isso. Quando fomos lá, no sábado, descobrimos que ocorreu no hospital um curto-circuito interno. O caos da rede elétrica do hospital, que tem até esparadrapo no quadro de energia, é que gerou aquela pane. Agora o diretor diz que foi boicote”, afirmou. 
 
O advogado esclareceu que inicialmente a representação também incluía a Coelba, mas que na última segunda-feira (22) foi até o Ministério Público e retirou, pois concluiu que não houve um apagão externo.
 
“Em relação ao Estado, não desistimos, porque o promotor viu a capacidade do quadro de energia, viu um lençol ensopado de sangue em uma maca, ar condicionado sem funcionar, a sala vermelha cheia de pacientes. Além disso, o hospital nos confirmou oito óbitos, então pedimos ao Ministério Público que os investigue”, explicou.  
 
A representação judicial, segundo o advogado, objetiva que o Ministério Público investigue as mortes ocorridas no hospital, desde o mês de janeiro, e que proíba o Estado de fazer investimentos em áreas afins, antes de reformar o pronto-socorro, a emergência, a sala vermelha e de equipar o Clériston Andrade.
 
Ronaldo Mendes disse ainda que considera o diretor do Clériston um executivo da saúde, que tem boa intenção, mas ressaltou que não pode deixar de denunciar a deficiência estrutural da unidade de saúde. 
 
“Pitangueira é um homem experimentado, que passou pela direção de outros hospitais, foi vereador. Eu acredito na capacidade profissional dele, mas ele não é o Estado e não manda no Estado. Ele apenas está em uma função pública e vai passar, como muitos passaram”, afirmou, acrescentando que a denúncia feita por ele é verdadeira.
 
“Não há processo contra quem denuncia, pois o fato existiu. Teve mortes lá dentro sem explicação. A permissividade na saúde pública tem que acabar. Não é possível que os médicos se reúnam, ameacem entregar os cargos se não melhorar a infraestrutura, como ocorreu em junho, e nada acontecer para resolver a situação. O Estado não faz nada. Não se pode admitir que mortes aconteçam em um hospital e ninguém tome uma providência”, acrescentou.
 
Interesses políticos 
 
Sobre a afirmação do diretor do Clériston, de que Ronaldo Mendes iria se candidatar a Deputado Federal, e por isso estava fazendo essas denúncias, o advogado disse que as duas coisas se separam. 
 
“Quem me conhece sabe que essa luta relacionada ao Clériston Andrade vem desde janeiro, quando lutamos contra a privatização e entramos com uma ação no Ministério Público Federal. Essa discussão política não deve ser o fator nesse momento, pois o principal foco é o caos da saúde pública em Feira, principalmente no Clériston”, disse.