O presidente Lula (PT) defendeu que a Polícia Federal (PF) investigue o próprio filho caso haja indícios da participação dele na fraude do INSS. O esquema funcionava a partir de descontos indevidos nos benefícios de aposentados e pensionistas em todo o Brasil.
“Muitas das coisas estão em segredo de Estado. Eu, sinceramente, já li notícias a respeito e tenho dito para os meus ministros e para as pessoas que participam da CPI: é importante que haja seriedade para investigar todas as pessoas que estão envolvidas. Ninguém ficará livre. Se meu filho tiver metido nisso, ele será investigado”, disse Lula.
Lulinha na mira
O empresário Fábio Luís Lula da Silva, conhecido também como Lulinha, foi citado de forma indireta em uma decisão da Justiça que autorizou ações de busca e apreensão, na manhã desta quinta-feira (18), contra a lobista Roberta Luchsinger, sob a suspeita da participação dela no esquema.
A fala do presidente foi feita horas após a operação, que mirou o vice-líder do governo no Senado e prendeu o número 2 do Ministério da Previdência. Diante de jornalistas no Palácio do Planalto, Lula disse que está tranquilo em relação às acusações de participação do familiar no esquema.
Trabalho de casa
O presidente lembrou que partiu do governo a ideia de investigar as fraudes e dar publicidade ao esquema criminoso. Lula fez questão também de ressaltar que a Advocacia Geral da União (AGU) levou cerca de dois anos para concluir as investigações, pois conduziu o trabalho de forma séria.
“Seria muito fácil fazer uma denúncia e não apurar. Nós que tomamos a decisão de comunicar à sociedade brasileira o desfeito. Eu queria que nós convocássemos a CPI. Seria a primeira vez que o governo poderia convocar uma CPI, mas o pessoal entendeu que não era correto. Mas eu achava que, como nós tínhamos descoberto a denúncia, a bandidagem, a corrupção, a roubalheira, a gente tinha que fazer a CPI”, disse.
Ações corretivas
Segundo o presidente, após a descoberta do esquema criminoso, o governo federal, por meio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), já devolveu cerca de R$ 2,7 bilhões a mais de 4 milhões de aposentados e pensionistas.
“Não é possível você admitir, num país em que milhões de aposentados ganham um salário mínimo, você ter alguém tentando se apropriar do dinheiro do aposentado, com promessas falsas”, disse.
“Eu não sou da CPI, eu não sou delegado da Polícia Federal, eu não sou ministro da Suprema Corte. O que eu posso dizer é que, naquilo que depender da Presidência da República, tudo será feito para que a gente dê uma lição a esse país. Esse país tem condições de ser um país honesto, um país que não viva de assaltar todo santo dia as pessoas mais pobres”, concluiu Lula.
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