Política

'Repeti o que já tinha falado para a PF', diz dono de apartamento onde estavam R$ 51 milhões atribuídos a Geddel

Silvio Antônio Cabral de Silveira foi ouvido na Seção Judiciária do Estado da Bahia, em Salvador.

Acorda Cidade

O empresário Silvio Antônio Cabral da Silveira, proprietário do apartamento onde a Polícia Federal encontrou a quantia de R$ 51 milhões atribuída ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), prestou depoimento, na tarde desta segunda-feira (3), na Seção da Justiça Federal na Bahia, localizada no Fórum Teixeira de Freitas, no bairro de Sussuarana, em Salvador.

O empresário, que se pronunciou na condição de testemunha de acusação, prestou depoimento por cerca de uma hora e trinta minutos.

Na saída, ele limitou-se a dizer que reforçou o que já tinha falado em depoimento à Polícia Federal. "Não tem novidade, falei apenas o que já havia falado na Polícia Federal", disse, enquanto se dirigia à saída do Fórum, acompanhado do advogado.

À época do primeiro depoimento, Silvio afirmou à PF que havia emprestado o apartamento a Lúcio Vieira Lima, irmão de Geddel, para que a família pudesse guardar os pertences do pai deles, o ex-deputado federal Afrísio Vieira Lima, que morreu no ano passado.

Além de Silvio, prestaram depoimento mais duas testemunhas: a administradora do prédio onde estavam localizadas as malas com dinheiro, Patrícia Santos Queiroz, e a funcionária do deputado federal Lúcio Vieira Lima, Marinalva de Teixeira Jesus.

Marinalva foi a primeira a depor na tarde desta segunda. Ela permaneceu na sala por cerca de 40 minutos. Na saída, ela disse apenas que não sabia porque havia sido convocada e que trabalha com a família há 21 anos. Patrícia foi a última a ser ouvida, mas não atendeu a imprensa.

Caso
As malas de dinheiro com R$ 51 milhões foram encontradas, após denúncia anônima, em uma apartamento na Graça, bairro de classe alta, em Salvador, no dia 5 de setembro de 2017. A quantia, desde o início das investigações, é atribuída ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB). Ele está preso na Papuda, em Brasília.

A ação na qual o dinheiro foi apreendido, chamada de Tesouro Perdido, foi um desdobramento das investigações sobre fraudes na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal, a operação Cui Bono.

Geddel foi vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco entre 2011 e 2013, durante o governo de Dilma Rousseff. No governo Temer, ele foi ministro da Secretaria de Governo.

A busca e apreensão no apartamento foi autorizada pela 10ª Vara Federal de Brasília. No mandado judicial, datado de 30 de agosto, consta que "há fundadas razões de que no supracitado imóvel existam elementos probatórios da prática dos crimes relacionados na manipulação de créditos e recursos realizadas na Caixa Econômica Federal".

Em maio deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal, sobre o caso dos R$ 51 milhões, contra o deputado federal Lúcio Vieira Lima e o irmão dele, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, ambos do MDB, e os tornou réus.

Com isso, os irmãos respondem a uma ação penal na Corte pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa. Ao analisar a denúncia, o STF também acolheu a acusação contra Marluce Vieira Lima, mãe de Geddel e de Lúcio; Job Ribeiro, ex-assessor de Lúcio Vieira Lima; e Luiz Fernando Costa Filho, sócio da empresa Cosbat.

Os ministros do Supremo rejeitaram, contudo, a denúncia contra Gustavo Ferraz, ex-diretor da Defesa Civil de Salvador.

Fonte: G1