Eleições 2012
Gasto federal com anúncios dispara perto das eleições
O levantamento foi feito pela Folha com dados da Secom. Como o governo se recusa a fornecer a série histórica, não foi possÃvel comparar com gestões anteriores.
Acorda Cidade
O início do período eleitoral marcou um aumento no volume de pagamentos de verbas de propaganda para veículos de comunicação pela Presidência da República.
Em julho, R$ 16,2 milhões foram pagos a jornais, rádios, TVs e sites pela Secom (Secretaria de Comunicação Social), órgão vinculado à Presidência e responsável pela maior fatia da publicidade da administração direta –estatais não entram nessa conta.
De abril a junho, foram repassados, ao todo, R$ 13,4 milhões para veículos de comunicação –em três meses somados, portanto, os gastos foram menores do que os registrados apenas em julho.
O valor é ainda o dobro do verificado em julho de 2011: R$ 8,1 milhões. Esse montante representa a média dos desembolsos mensais da Secom ao longo dos 19 meses do governo Dilma Rousseff.
O levantamento foi feito pela Folha com dados da Secom. Como o governo se recusa a fornecer a série histórica, não foi possível comparar com gestões anteriores.
O governo nega fins eleitorais e diz que o aumento ocorreu devido à necessidade de publicidade de programas federais, como o Brasil Carinhoso –projeto para famílias carentes lançado em maio.
Candidatos alinhados ao Planalto e mensagens gravadas pela presidente Dilma para apoiá-los têm enfatizado que a aliança favorecerá a implementação de programas federais nas cidades.
MAIOR ALCANCE
Neste ano, também aumentou a pulverização das verbas publicitárias. A propaganda oficial alcança número maior de municípios e veículos de comunicação.
Entre janeiro e julho de 2011, ano não eleitoral, o dinheiro da Secom chegou a 1.285 veículos. No mesmo período deste ano, chegou a 2.391 –crescimento de 86%.
A legislação não impede a propaganda de programas do governo nos meses eleitorais.
OUTRO LADO
A Secretaria de Comunicação Social Presidência da República negou que o aumento no volume de pagamentos de verba de publicidade em julho tenha relação com o período eleitoral.
Segundo a Presidência, "o maior volume de pagamentos em julho de 2012 corresponde às campanhas veiculadas no mês de junho deste ano para o lançamento do programa Brasil Carinhoso e de Enfrentamento ao Crack", diz a nota.
Anunciado em maio, o Brasil Carinhoso pretende beneficiar cerca de 2 milhões de famílias com crianças de até 6 anos. Já o programa contra o crack prevê ações integradas com Estados e municípios e um investimento de R$ 4 bilhões até 2014.
"Não há, portanto, qualquer relação do volume de pagamento com o período eleitoral."
Ainda conforme a Presidência, o pagamento pela veiculação de publicidade do governo só ocorre após a apresentação de notas fiscais e relatórios que comprovem a veiculação do anúncio.
Assim, argumenta a Presidência, "ausência ou imprecisão na documentação" pode atrasar o pagamento das faturas pelo governo.
Isso explicaria, por exemplo, a concentração de pagamentos em um mês na comparação com os meses imediatamente anteriores.
Verbas repassadas em julho, por exemplo, poderiam referir-se a publicidade veiculada em maio ou junho, de acordo com esse argumento. As informações são do Folha.
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