Andrea Trindade
O ex-governador do Espírito Santo e secretário da executiva nacional do PSB, Renato Casagrande, e a senadora Lídice da Mata (PSB) estiveram em Feira de Santana na manhã deste sábado (16) e participaram do Seminário Feira Cidade Criativa.
O evento realizado na Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) reúne empresários, profissionais liberais e pessoas da comunidade. Em entrevista ao Acorda Cidade Lídice da Mata e Casagrande falaram sobre o cenário político que o Brasil está enfrentando. Para ambos trata-se de um momento difícil. Para o ex-governador, a presidente Dilma Rousseff “não tem mais energia política para tirar o Brasil da Crise”.
“É delicado e triste porque o Brasil não precisava passar pelo que está passando. Estamos vivendo uma situação em que qualquer que seja o desfecho pode não ser boa para o país. É uma situação em que aqueles que querem votar pela presidente têm argumentos para isto e aqueles que querem votar pela saída dela também têm muitos argumentos. O que decidimos foi orientar a bancada pelo impedimento da presidente, respeitando as posições divergentes, como a de Lídice da Mata, e de outros parlamentares porque compreendemos esta dificuldade. Majoritariamente o debate interno levou o partido a tomar esta decisão porque não estávamos vendo na presidente, pelos erros cometidos pelo governo, pelos erros cometidos por parte do PT, energia para que ela consiga tirar o Brasil da crise econômica, política e ética. Tem jurista que acha e tem jurista que não acha que ela cometeu crime de responsabilidade, mas o conjunto da obra e a situação em que ela liderou o país e onde nos fez chegar, fez com que o partido tomasse decisão pelo impedimento”, disse.
Casagrande acha que o ideal é que não apenas Dilma, mas também o vice-presidente Michel Temer seja afastado.
“Defendemos uma nova eleição o ideal é que tanto ela quanto o Michel Temer pudessem ser afastados. O ideal é que houvesse um presidente com legitimidade até 2018 para que uma eleição normal fosse realizada. Mas isso dependeria da renúncia da presidente ou de uma decisão do TSE que não teve o tempo necessário para tomar uma decisão como esta”, afirmou.
Para Lídice, crise se aprofundará caso Temer assuma presidência
A senadora Lídice da Mata, que é contra o impeachment, apoiou a decisão de seu partido em permitir que cada parlamentar tomasse sua própria decisão. Ela disse também que o impeachment está sendo espetacularizado por alguns veículos de comunicação.
“A análise do impeachment é individual de cada parlamentar porque ela não diz respeito a uma posição programática do partido, ela diz respeito a uma posição conjuntural pela qual o partido vive. Claro que todos os partidos devem refletir sobre esta posição conjuntural, mas acho que o PSD fez corretamente quando, ao refletir sobre isso e compreendendo que não havia uma posição de unanimidade, não liberou, mas indicou posicionamento. Eu creio que é um momento extremamente difícil para o Brasil, e sinto que há em alguns meios de comunicação a tentativa de uma glamourização do momento, de transformar aquilo que é para o povo algo extremamente difícil, que é a possibilidade de tirar seu presidente eleito com mais de 54 milhões de votos, num verdadeiro espetáculo”, enfatizou.
Lídice acredita que caso Temer venha assumir a presidência, a crise no país se aprofundaria após um momento de tranquilidade “organizada pela elite brasileira”.
“Por duas razões eu sou contra o impeachment: primeiro porque não há caracterização do crime de responsabilidade e segundo porque creio que a crise econômica e política que o Brasil vive será aprofundada pelo impeachment, se ele acontecer – mesmo que no primeiro momento as elites brasileiras que estão por trás deste grande acordo para tirar a presidente criem um clima de tranquilidade para o presidente que venha a assumir. Na verdade ele terá muita dificuldade para governar com as contradições que terá que enfrentar na adoção de medidas para dominar a crise sem a legitimidade de ter sido votado, sem a legitimidade de um processo político que pudesse dar clareza ao povo de que este seria o caminho”, afirmou.