
A Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Feira de Santana prendeu no domingo (2), no bairro Pedra do Descanso, um homem suspeito de se passar por policial civil, que estava agredindo mulheres que atuavam como acompanhantes de luxo. Ao Acorda Cidade, a delegada Lorena Almeida, confirmou que homem de 33 anos vinha praticando uma série de crimes contra as mulheres, entre eles extorsão, ameaça, falsa identidade, porte ilegal de armas de fogo e lesão corporal.
A polícia avançou nas investigações quando umas das vítimas procurou a Deam. Segundo a delegada, ela relatou que foi agredida pelo falso policial quando se negou a prestar o atendimento.
“Ele sempre usava essa tática para amedrontar as vítimas e dissuadir elas de procurar a delegacia. Então, ela não avisou para ele que tinha reconhecido. Ela inventou uma desculpa ali, falou que não poderia ir. Tentou cancelar o serviço, mas ele ficou nervoso, agrediu ela e ainda jogou ela do carro em movimento. Ela se machucou muito e ainda ficou sozinha, sem seus pertences pessoais, documento, celular, bolsa, ficou tudo dentro do carro dele”, revelou a delegada.
Após ser abandonada em via pública, a mulher informou a polícia o modelo do carro, um HB20 vermelho e a placa, o que facilitou o início das investigações. A violência aconteceu no mês passado.
“No mês de setembro já havia sido registrada uma ocorrência de um indivíduo com o mesmo veículo, com as mesmas características físicas, com o mesmo prenome de uma também garota de programa que também se identificava como acompanhante de luxo, informando que foi contratada por ele, mas que teria sido estuprada. Então ele fez uso de violência, forçando ela a manter relação sexual.”

“Esse indivíduo não pagou nada, ele queria realmente praticar a relação sem qualquer contraprestação, que é o direito da profissional que trabalha nessa área, e ele queria praticar de graça. Mediante a recusa da vítima, ele forçava ela a praticar a relação que configura o crime de estupro.”
Após esse outro crime, o homem também teria ameaçado a vítima se passando por policial civil. De acordo com Lorena, o homem é um reincidente altamente perigoso, com o costume de andar armado e possui pelo menos cinco passagens pela polícia só em Feira. Em 2022, ele foi preso na cidade de Cruz das Almas com materiais falsos que o ajudavam a passar por policial, como carteira funcional falsa de policial civil, uma camisa e um distintivo falso, além de drogas.
“Ele já havia sido conduzido para a Central de Flagrantes de Feira de Santana em cinco situações por porte ilegal de arma de fogo”, contou a delegada ao Acorda Cidade.
Também havia duas ocorrências de lesão corporal em contexto de violência doméstica registrada em desfavor do homem.
“Com todos esses elementos informativos a gente verifica que de fato é um indivíduo que não pode ser mantido em liberdade, porque a liberdade dele representa o risco para a sociedade.”
Ao chegar à delegacia, o homem negou as agressões, mas segundo Lorena, há indicio dos crimes que ele vem praticando. Inclusive, o homem já possui uma condenação pelo crime de extorsão.
“Esse hábito que ele tinha de afirmar que era policial civil, isso causa medo nas pessoas, porque uma pessoa afirmando ser policial e ameaçando afirmando que a pessoa, isso para evitar que as pessoas busquem a delegacia que busquem a justiça e por isso de suma importância que a gente retire
esse tipo de indivíduo de circulação.”
Ainda segundo Lorena Almeida, no momento da prisão, a polícia não encontrou com o homem a falsa documentação que lhe fazia passar por policial, mas ele vai responder por outros delitos que usou os equipamentos falsos.
“São crimes contra a administração pública. Então ele tem uma série de crimes contra o patrimônio, contra mulheres, contra o sistema nacional de armas, crimes de drogas. É bem variada a ficha dele”, reforçou.
A delegada também explicou que mesmo trabalhando como acompanhante, a mulher tem direitos e em hipótese alguma deve ser violentada.
“É importante a gente ressaltar que todas as mulheres têm direito a ter liberdade dos seus corpos, ter suas integridades preservadas, independentemente do ramo profissional que elas optaram por seguir. E uma pessoa que trabalha nesse ramo como profissional do sexo, caso ela não deseje manter a relação sexual e a relação seja forçada, por óbvio que configura-se o crime de estupro. Então a pessoa não pode forçar a outra a manter a relação, caso ela não queira, ou caso ela não concorde, prosseguir com o encontro sem o pagamento.”
A dupla vulnerabilidade vivida por mulheres que atuam como profissionais do sexo também foi destacada pela delegada. Ela reforçou o alerta, que, em todos os casos que a mulher não queira manter a relação sexual, é violência sim.
“Além de serem vulneráveis por serem mulheres, elas estão vulnerabilizadas por estarem nas ruas, por estarem sozinhas, sem proteção, com homens que muitas vezes não respeitam os corpos e as liberdades delas. Então, a gente precisa que a sociedade entenda que essas mulheres precisam ser respeitadas, que elas precisam ter os corpos delas respeitados e que ninguém tem o direito de invadir a esfera de liberdade delas, seja quem for.”
“Elas muitas vezes sentem vergonha de ir até a delegacia, vergonha de procurar ajuda porque pensam que vão ser julgadas pela profissão. Se a vítima é pobre, se a vítima é rica, se a vítima é profissional do sexo, se a vítima tem uma profissão de destaque na sociedade, se a vítima tem qualquer raça, qualquer etnia, a gente prioriza de acordo com a gravidade do crime.”
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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