Feira de Santana

Situação da carceragem do Complexo Policial de Feira de Santana preocupa comissão da OAB

O Conjunto Penal de Feira de Santana está parcialmente interditado e não pode receber presos.

Andrea Trindade

O advogado Marcos Carvalhal, presidente da subseção Feira de Santana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Feira), visitou com uma comissão, na manhã da última quarta-feira (11), o setor de carceragem do complexo de Delegacias de Feira de Santana, no bairro Sobradinho, para averiguar a situação do local que há 74 dias estão custodiando presos que deveriam ser levados para o Conjunto Penal de Feira de Santana.

O presídio está parcialmente interditado e não pode receber presos até que a Secretaria Estadual de Ressocialização cumpra os itens acordado no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público.

Ele disse ao Acorda Cidade que ficou muito preocupado com a situação da carceragem do Complexo Policial e que o governo do estado precisa buscar uma solução.

“Eu saí de lá preocupadíssimo porque percebemos que a condição insalubre que tanto os agentes da Polícia Civil, quanto os presos estão sendo obrigados a conviver. O local não tem iluminação e em uma cela com capacidade para dez presos há 60. O estado não fez nada para corrigir ou sanar o problema. O Conjunto Penal só será desinterditado quando o estado cumprir com todos os termos acordados no TAC de 2016 e o que nos deixa ainda mais preocupado é que nos verificamos nos autos e no próprio presidio que 74 dias se passaram e o estado não cumpriu com nenhum dos pontos”, pontuou o advogado.

Ele alertou para o fato de que a transferência de presos para presídios de outras cidades pode estar acarretando gastos muito maiores para o governo do que se os itens do acordo fossem cumpridos. “Para a transferência de presos há uma logística, há gastos diários com tempo, combustível e diária de policial, que são gastos altos. Não seria mais barato cumprir com o TAC do que custear essas transferências para outras cidades todos os dias?” Questionou.

O coordenador regional de polícia, delegado Roberto Leal, disse que não tem informações sobre como está o andamento do cumprimento do TAC, e que espera que a situação seja logo resolvida. Segundo o delegado, a demanda é muito grande.

“Numa reunião ficou estabelecido que poderiam ficar aqui inicialmente cerca de 20 presos, que é a capacidade máxima aqui no complexo, mas infelizmente a demanda é muito grande, as pessoas são presas constantemente. Nós conseguimos uma quantidade de vagas, enviamos os preso e pouco tempo depois já estamos com a capacidade estatelada.

Desvio de função

Roberto Leal observou também que desde a interdição do Conjunto Penal há um desvio de função de policiais civis que deixam de fazer seus trabalhos para transportar presos e custodiá-los, por exemplo.

“O que a gente espera é que essa situação se resolva. A gente acaba tendo que desviar da função vários servidores para reforçar o plantão, temos que fazer o transporte de preso para as audiências e para atendimentos médicos e transporte de presos para Salvador, temos que disponibilizar uma equipe toda semana para fazer revistas. O que a gente percebe é que depois desta decisão a Polícia Civil acabou arcando com outras competências que atrapalham o trabalho diário, porque os policiais poderiam está fazendo investigações, entregando intimações, conduzindo pessoas, realizando prisões, fazendo identificações de suspeitos, elucidando crimes", informou.