É fake news a acusação de que um professor de língua estrangeira e proprietário de uma confeitaria de Feira de Santana, cuja imagem está circulando nas redes sociais, seja o mesmo professor que foi preso por armazenamento e produção de pornografia infantil.
O criador da fake news usou o link da reportagem do portal Acorda Cidade sobre a prisão de um professor, ocorrida em maio deste ano, e compartilhou em grupos de WhatsApp junto com a foto, nome e informações sobre Philipe Cerqueira, que nada tem a ver com as informações da reportagem publicada.
Philipe, que dá aulas particulares de inglês e está fora do estado há alguns meses, foi surpreendido pela divulgação de seu nome e imagem em grupos de WhatsApp.
Ao Acorda Cidade, a delegada Danielle Matias, que estava à frente da Delegacia Para o Adolescente Infrator (DAI) quando o verdadeiro acusado foi preso, afirmou que, em nenhum momento, a polícia divulgou nome ou imagem. A imprensa, especialmente o Acorda Cidade, também não divulgou quem era o acusado e reforça que não se trata de Philipe.
“Todos nós aqui fomos surpreendidos com essa fake news nas redes sociais. Estão vinculando a imagem de um professor da cidade à mesma de uma matéria referente a uma prisão que ocorreu no mês passado, no dia 14 de maio, contra outro professor. Esse professor que foi preso é acusado de armazenamento de pornografia infanto-juvenil, durante uma operação nacional, e a gente aqui em Feira a gente efetuou essa prisão com o Nerca, Núcleo de Salvador que apura crimes sexuais. Esse professor que está tendo sua imagem nas redes sociais vinculando a matéria não foi o professor alvo da operação. Ele não foi preso”, afirmou.
A delegada alertou sobre os perigos de compartilhar informações falsas e como isso pode prejudicar pessoas inocentes.
“Ficamos horrorizados sobre como algo surge na internet sem nenhum tipo de embasamento. A Polícia Civil em nenhum momento divulgou nome porque é uma praxe, principalmente nesse tipo de crime, e a gente não divulga foto. Então, pessoas de forma irresponsável estão pegando reportagem sobre o fato, que não tem nome e nem imagem do preso, e colocando logo depois uma foto deste professor que nada tem a ver. É algo muito perigoso. A gente não sabe de onde isso surgiu, mas foi fake news, é algo que se espalha em questão de minutos nas redes sociais. As pessoas acabam lendo aquela reportagem e tomando como verdade, que a foto que estava sendo compartilhada junto ao link se refere à mesma pessoa. Mas não é. A gente está aqui justamente para esclarecer que a imagem desse professor de hoje nada tem a ver com a prisão que ocorreu em maio”, declarou a delegada em entrevista ao Acorda Cidade.
Quanto ao professor chileno preso pelo armazenamento do material proibido, foi instaurado outro inquérito na delegacia para apurar se ele cometeu algum estupro de vulnerável ou se produziu algum daqueles vídeos que estavam armazenados no computador e no celular dele.
Famialiares divulgam nota pública
Consternada, a família de Phillipe, vítima de fake news, publicou uma nota. Leia a seguir:
Nota Pública – Em nome da verdade e da dignidade de minha família;
Nos últimos dias, minha família tem sido alvo de uma infame e cruel campanha de desinformação, que precisa ser urgentemente esclarecida.
Circula desde ontem (03/06) a reedição de uma notícia originalmente publicada no dia 14/05, a qual trata da prisão de um criminoso por armazenamento e produção de material de abuso sexual infantil na cidade de Feira de Santana. No entanto, de maneira leviana, irresponsável e profundamente mal-intencionada, algumas pessoas passaram a propagar que o indivíduo mencionado seria meu filho, Philipe Cerqueira de Melo, professor de inglês nesta mesma cidade.
Essa alegação é absolutamente falsa. O verdadeiro autor do crime, segundo informado pelas autoridades competentes, é de nacionalidade chilena, e não possui qualquer relação com minha família. O nome de meu filho sequer é citado na reportagem original, e mesmo assim ele passou a ser injustamente associado a um crime hediondo, o que configura um ato de pura maldade e tentativa de destruição moral.
Para agravar ainda mais esse cenário, meu filho Philipe encontra-se afastado de suas atividades e sob cuidados médicos em outra cidade, tratando um quadro grave de depressão profunda, com acompanhamento psiquiátrico contínuo, ao lado de sua mãe. Em momento algum teve sequer a chance de se defender dessa calúnia, o que torna essa situação ainda mais dolorosa e revoltante.
A dignidade de um ser humano, especialmente alguém que luta contra a própria saúde mental, jamais deveria ser usada como alvo de mentiras, ataques ou chacotas. O sofrimento que isso causa é imensurável e atinge não apenas Philipe, mas todos nós, seus familiares, amigos, colegas e alunos que o conhecem e sabem da sua integridade.
Diante desse cenário, manifesto aqui minha mais profunda indignação e repúdio àqueles que, por desinformação ou má-fé, contribuíram para a propagação dessa calúnia monstruosa. São atitudes como essas que destroem reputações, arruínam vidas e alimentam um ciclo perverso de ódio gratuito.
Por fim, agradeço às autoridades responsáveis pela apuração do caso e ao veículo de imprensa que nos oferece este espaço para esclarecer a verdade. É graças à presteza, responsabilidade e compromisso com a informação correta que hoje podemos dar um passo essencial para limpar o nome de meu filho e resgatar a serenidade de nossa família.
Atenciosamente,
João Melo
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos canais no WhatsApp e YouTube e grupo de Telegram.