Polícia

Presos rebelados mantêm mais de 100 reféns em Sergipe

Mais de 400 estão rebelados. Negociações entram pela madrugada. 128 visitantes entre mulheres e crianças foram impedidos de sair.

Acorda Cidade

A rebelião no Complexo Penitenciário Advogado Antônio Jacinto Filho, no Bairro Santa Maria, na Zona Sul de Aracaju (SE), iniciada às 14h deste domingo (15), prossegue na madrugada desta segunda-feira (16). Todos os 476 internos estão rebelados e os 128 visitantes continuam no interior do presídio, bem como três agentes que permanecem reféns.

Uma comissão formada por um grupo que está à frente da revolta, se reuniu com a cúpula de gerenciamento de crises da Secretaria da Segurança Pública, formada pelo capitão Marcos Carvalho, do Núcleo de Gerenciamento de Crises da Polícia Militar, o secretário da Justiça de Sergipe, Benedito Figueiredo e o promotor davara criminal, Luiz Claudio Almeida Santos, no final da noite deste domingo, mas nenhuma informação sobre a conversa foi divulgada . Apesar do encontro, o clima continua tenso no local e a rebelião segue.

Durante as negociações os presos revelaram que estavam cansados das sessões de tortura que ocorrem no interior do complexo. Eles informaram que iriam entregar uma lista com nomes dos envolvidos nos maus tratos. Além disso, pediram que a direção do presídio fosse mudada e que houvesse mais respeito com as mulheres nos dias de visita.

A energia que havia sido cortada por volta das 20h30 pela polícia em todo o complexo, foi reestabelecida às 23h30, logo após a reunião.

No início da noite deste domingo (14), reforço policial foi solicitado, e mais homens da Polícia Civil se juntaram aos 130 de diversos núcleos da Polícia Militar que estavam no local desde o início da tarde. Viaturas do Grupamento de Choque e do Serviço Móvel de Urgência (SAMU) foram retiradas das imediações.

Não foi revelado se a medida foi para atender a um pedido dos rebelados. Equipes da Companhia de Radiopatrulha (RP) e Policiamento de Trânsito (CPtran), Grupamento Tático Aéreo (GTA), e Corpo de Bombeiros permanecem posicionadas em frente ao complexo. Por volta das 19h30, eles destelharam parte do complexo e subiram nos telhados, de onde acenam para familiares que estão em frente à unidade.

Um dos agentes ficou ferido ao pular o muro de 5 metros para fugir logo no início da rebelião. Ele foi socorrido por uma equipe do Serviço Móvel de Urgência (SAMU) e encaminhado ao Hospital de Urgência de Sergipe, na Zona Oeste da capital sergipana, com ferimentos nas pernas e na coluna em decorrência da queda logo no início da rebelião. Por volta das 15h, agentes que estavam de folga receberam o chamado para retornar ao trabalho.

O clima continua tenso e os detentos estão armados com escopetas, que foram roubadas da sala de armas, bem como uma pistola de choque, além de armas brancas de fabricação caseira. Durante a tarde, diversos colchões foram queimados pelos internos, em vários pontos da unidade. A gritaria no interior do complexo podia ser ouvida facilmente no lado de fora da unidade.

Negociações

Um núcleo de negociação formado pelo capitão Marcos Carvalho, do Núcleo de Gerenciamento de Crises da Polícia Militar, o secretário da Justiça de Sergipe, Benedito Figueiredo e o promotor davara criminal, Luiz Claudio Almeida Santos, está em uma área de segurança onde negocia através de rádios comunicadores, com um grupo de presos que estão no comando da rebelião.

Às 18h15, os internos informaram ao negociador que o motivo da rebelião seria os constantes espancamentos sofridos por eles, por parte de policiais. Eles disseram ainda que irão entregar uma lista com todos os nomes dos envolvidos nos casos de agressão, ao promotor de justiça Luiz Claudio Almeida dos Santos.

Fonte: Acorda Cidade