O ex-campeão mundial de boxe Acelino Popó Freitas admitiu conhecer dois dos cinco policiais acusados de envolvimento no assassinato do ex-presidiário Moisés Magalhães Pinheiro, 28 anos, no dia 9 deste mês. A informação foi confirmada pelo pugilista, em seu depoimento à polícia, segundo revelou ontem (25) o delegado Nelson Gaspar Álvaro Pires Neto, corregedor geral da Secretaria de Segurança Pública (SSP).
O lutador revelou no depoimento que conhece um dos policiais militares que está preso, e o policial civil Hamlet Robson Magalhães Escoredo Fernandes, acusado de ser o autor dos disparos e que está desaparecido. Segundo informações não confirmadas pela polícia, os dois frequentavam a academia do ex-campeão mundial de boxe, Popó Mão de Pedra, situada na Ladeira do Jacaré, Baixa de Quintas.
A escola de boxe é comandada pelo irmão de Popó, Luiz Cláudio, pai da adolescente de 17 anos que foi pivô do caso. Apesar de admitir que já conhecia dois dos suspeitos, Popó afirmou no depoimento que nunca pediu para os policiais iremà casa do polidor de carros Jônatas Almeida, no bairro de Itapuã, onde a sobrinha de 17 anos do lutador estava morando havia seis dias.
Popó foi à casa de Jônatas na tarde do dia 9. Horas depois, dois homens, que se identificaram como policiais, levaram à força o polidor e o colega dele, Moisés Magalhães Pinheiro. Os dois foram para uma conhecida área de desova, no Centro Industrial de Aratu (CIA), para seremexecutados, mas Jônatas conseguiu escapar pulando uma ribanceira.
Moisés acabou sendo assassinado com três tiros. Jônatas fugiu algemado, pediu ajuda de parentes e amigos, e ainda procurou a 12ª Delegacia (Itapuã), onde registrou ocorrência com o delegado plantonista na madrugada do dia 10.
À tarde, policiais encontraram o corpo de Moisés atrás da antiga fábrica da Atol, no CIA, área indicada por Jônatas e conhecida como local de desova. A delegada Francineide Moura, titular da 12ª DP, assumiu a investigação do caso. Jônatas contou à delegada que uma vizinha dele ouviu Popó dizer que a polícia voltaria à casa onde a adolescente estava morando. Mas essa informação foi desmentida pelo lutador.
Popó assegurou que nunca passou o endereço de Jônatas para qualquer policial. O endereço do polidor foi conseguido pelo irmão de Popó e pai da garota, Luiz Cláudio. Jônatas trabalhava atualmente como polidor de carros, mas já tinha sido preso duas vezes por receptação de carro roubado, ambas em 2008.
Já o ex-presidiário Moisés chegou a morar nos Estados Unidos, atuou como professor de inglês quando retornou ao Brasil, mas acabou sendo preso e condenado a quatro anos por roubo de veículo.
Polidor reconhece três dos quatro PMs presos
O polidor de veículos Jônatas Almeida reconheceu três dos quatro policiais militares presos ontem, acusados de participação no homicídio de Moisés Magalhães Pinheiro. O sobrevivente fez o reconhecimento positivo do aspirante a tenente, do sargento e de um dos soldados, ontem (25), na Corregedoria Geral da SSP, no bairro de Amaralina. Um dos soldados não foi identificado pela vítima.
O reconhecimento foi feito entre a tarde e a noite de ontem, com a presença de corregedores da PM e da SSP, para dar transparência ao procedimento. Também participaram a advogada dos soldados e o comandante da 31ª Companhia Independente da Polícia Militar (Valéria), onde o PMs trabalhavam.
O advogado Sérgio Reis, defensor do aspirante a tenente, disse que o reconhecimento foi confuso e que Jônatas reconheceu militares que nem estavam trabalhando no dia do crime. Mas o corregedor da SSP, Nelson Gaspar, discordou e garantiu que o procedimento foi feito de acordo com o Código de Processo Penal (CPP).