Greve da PM

Polícia Civil investiga casos de extermínio durante greve da PM

Vítimas não foram identificadas em quase 40% dos casos de homicídios. Desde o início da greve, SSP registra 136 assassinatos.

Acorda Cidade

Diante do aumento dos índices de homicídios em Salvador, registrados depois que parte da Polícia Militar decretou greve, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) está priorizando as investigações de mortes que apresentam indícios de extermínio, como uma série de casos ocorridos, entre eles a execução de cinco moradores de rua na Boca do Rio, durante a madrugada de sexta-feira (3), e outro na Praça da Piedade, por volta das 19 horas, onde uma mulher, também moradora de rua, foi baleada e morta quando amamentava a filha recém-nascida.


 Para atender a demanda, que chegou a registrar 49 homicídios entre as 22 horas de sexta-feira (3) e a meia-noite de domingo (5), em Salvador e Região Metropolitana (RMS), o DHPP ampliou de três para cinco o número de equipes do Serviço de Investigação em Local de Crime (SILC) em campo por turno. Para garantir a segurança dos investigadores e peritos, mais quatro policiais em outra viatura estão acompanhando, desde o sábado (4), cada equipe do SILC nos atendimentos aos locais de crime.

“Durante este período, optamos por aumentar o efetivo para impedir que os policiais ficassem vulneráveis e pudéssemos atender ao aumento da demanda com a mesma eficiência”, explicou o diretor do DHPP, delegado Arthur Gallas.


Com o volume de ocorrências, a coordenadora das Delegacias de Homicídios da Capital, delegada Francineide Moura, explicou que ficou difícil dar prosseguimento a todas as investigações de uma vez só. “Em razão do elevado número de homicídios no período, decidimos priorizar as mortes com características de extermínio, pelo fato de representarem o principal motivo para esta elevação”, disse a delegada. Com isso, as equipes do SILC estão orientadas a recolher o máximo de informações e provas possíveis nos locais dos crimes onde as características presentes ofereçam motivações diversas, pois esses dados irão subsidiar um diagnóstico imediato e as investigações posteriormente.

DIAGNÓSTICO


Para Arthur Gallas, três situações têm contribuído para o aumento no número de homicídios nesse período, como resultado da diminuição do policiamento ostensivo: a ação de grupos armados de segurança clandestina, eliminando moradores de ruas que praticam furtos e roubos, incomodando o comércio em bairros de Salvador; de quadrilhas de traficantes, executando desafetos e integrantes de bandos rivais, além do acerto de contas com usuários, e, finalmente, um aumento nos registros de crimes contra o patrimônio, entre eles os latrocínios (roubos seguido de morte).


 Dados estatísticos do DHPP mostram que, no período de 1° a 06 de fevereiro, a polícia registrou 38 homicídios com características de crimes de extermínio. Os principais indicativos de crimes como este são a participação de muitos executores, fortemente armados e uso de veículos não identificados, atuando de forma específica. A sexta-feira (3) registrou o maior número de mortes com essas características. Nesse dia, 19 pessoas foram executadas em vários bairros de Salvador. Em todos os casos, testemunhas relataram a existência de pelo menos dois desses indicativos.

NÚMEROS

A região da Delegacia de Homicídios Central, que engloba as áreas das 10ª, 11ª e 13ª Delegacias Territoriais (DTs), registrou 17 mortes no período, contra 12 na região da DH Atlântico, que reúne as 1ª, 6ª, 9ª e 12ª DTs, e nove na região da DH Baía de Todos os Santos, áreas da 2ª, 3ª, 4ª e 8ª DTS. A maioria das mortes, um total de 11, ocorreu entre zero hora e quatro horas da madrugada. Da zero hora do dia 1° até às 14 horas desta quarta-feira (8), o DHPP já contabilizou 94 mortes em Salvador.

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