O surgimento de uma testemunha considerada chave pela polícia, localizada ontem pelo jornal O Dia pode complicar ainda mais a situação do goleiro Bruno, do Flamengo. Ele é o principal suspeito de envolvimento no desaparecimento da estudante Eliza Samudio, 25 anos, mãe de um menino de quatro meses, fruto da conturbada relação com o atleta. Pelo telefone, T., que mora fora do Rio, relatou o último contato com a amiga, no dia 9 deste mês, quando a ex-amante do goleiro ligou para dizer que estava, com o filho, no sítio do jogador, em Esmeraldas (MG).
“Ela ligou de outro número, contou que estava com o filho no sítio e que fora até lá porque ele a convidou para uma festa. Ela me disse que estava tudo bem e que o Bruno ia ajudar ela”, lembrou T., que pediu ajuda a O Dia para entrar em contato com a polícia e contar o que sabe. Hoje, ela deverá depor numa delegacia de São Paulo e suas declarações serão anexadas ao inquérito da Delegacia de Homicídios de Contagem, em Minas, via carta precatória. Ontem, por volta das 20h20, V., outra amiga de Eliza, também de São Paulo, desembarcou em Belo Horizonte e foi levada para a DH. V. chegou encapuzada.
Segundo T., amiga de Eliza, convite de Bruno para ela ir para o sítio seria uma emboscada | Fotos: Fernando Souza / Agência O Dia e Reprodução Internet
Em seu depoimento, T. vai contar que, pouco depois de ter falado com Eliza, um homem lhe ligou. Queria saber com quem Eliza havia falado. T. não respondeu. No mesmo dia, a moça recebeu outro telefonema do mesmo número. Ela pensou que fosse a amiga, mas um homem respondeu que era engano. “Me arrependo de não ter anotado o número, mas achei que Eliza iria ligar depois, como havia me dito. Acho que ele (Bruno) armou uma emboscada para ela. Várias vezes ela estava aqui em casa e ele ligava gritando com ela e dizendo que iria matá-la. Eu falava para ela dar queixa, mas ela dizia que já tinha feito isso no Rio e que ele não podia se aproximar dela”, contou.
Conselho para deixar sítio
Segundo a jovem, apesar das ameaças, Eliza nutria forte sentimento por Bruno. E ele sabia disso. “Ela tinha a esperança de que poderiam se acertar. A maior frustração dela era que o Bruno sempre disse que queria ter um filho homem e, quando a criança nasceu, ele nem procurou saber”, disse.
Na conversa com Eliza, T. chegou a pedir para a amiga deixar o sítio por não confiar no goleiro. “Mas ela falou para eu não me preocupar e parecia estar feliz. Disse que os dois tinham se acertado num almoço no Rio e que o Bruno a convidara para viver em Minas, para que o filho deles pudesse crescer próximo da família dele. E que ainda ofereceu um apartamento para ela”, relatou. Foi na casa de T. que Eliza viveu parte do período de gravidez. Após alguns meses, o goleiro parecia mudado: “Ligavam muito uns homens que diziam que Bruno queria mandar berço e tudo, mas que precisavam do endereço. Tinha medo. Nunca disse onde morava”.
Promessa de pensão e registro de criança
Em maio, quando a criança completou três meses, Eliza voltou a viver no Rio, na casa de outra amiga. Mas, convencida por Bruno, se hospedou num flat na Barra da Tijuca. T. conta a mesma história que outra amiga de Eliza, M., já havia contado na DH do Rio, de que o goleiro teria pedido todas as fotos do bebê. A jovem teria feito a entrega no hotel onde o time do Flamengo se concentrava. O atleta teria pedido ainda para Eliza retirar a queixa contra ele na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), em outubro, por agressão. Em troca, teria prometido registrar a criança e dar a pensão. “Ele parou de tratá-la mal e ela achou que poderiam se reconciliar. Ela só queria ser feliz. Amava o filho e nunca o abandonaria”, desabafou.