Polícia

Golpes de arte marcial teriam matado técnico agrícola em Salvador

Em depoimento ao delegado Reinaldo Mangabeira, o garçom negou que as agressões tivessem sido feitas com o objetivo de matá-lo e que, tão logo terminou a briga, saiu do local deixando Maurício consciente, apresentando apenas um corte no supercílio.

Acorda Cidade
 
O assistente de garçom (cumim) Nei da Silva Andrade, de 28 anos, confessou que desferiu chutes, socos e jogou um banco de madeira na cabeça do ex-companheiro, o técnico agrícola Maurício José Sanches de Oliveira, 49, no dia 14 de abril, no apartamento da vítima, no Rio Vermelho. Praticante de capoeira e kickboxing, Nei foi apresentado, na manhã desta segunda-feira (29), no auditório do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), pelos delegados Marcelo Sansão, titular da 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico), e Reinaldo Mangabeira, que coordenou as investigações.
 
Com mandado de prisão temporária em aberto, Nei foi preso, na madrugada de sexta-feira (26), na casa da mãe, no distrito de Tamarindo, zona rural de Jequié, onde encontrava-se escondido desde o dia 16, quando saiu de Salvador às pressas, depois de ficar sabendo que era procurado pela polícia. Trazido pelo Grupo de Apreensão e Captura (GRAC), do DHPP, Nei disse que agrediu o ex-companheiro porque ele estava se relacionando com outro homem, revelação que fora feita naquela noite pelo próprio técnico ao garçom.
 
Em depoimento ao delegado Reinaldo Mangabeira, o garçom negou que as agressões tivessem sido feitas com o objetivo de matá-lo e que, tão logo terminou a briga, saiu do local deixando Maurício consciente, apresentando apenas um corte no supercílio. O delegado, no entanto, aguarda a conclusão do laudo pericial do Departamento de Polícia Técnica (DPT), informando a causa da morte de Maurício para anexá-lo ao processo. “Avaliação preliminar dos peritos, que estiveram no local do crime, indica que a vítima morreu em decorrência das agressões”, ressalta Mangabeira.
 
AMEAÇAS
 
Nei disse ao delegado que, mesmo com o fim do relacionamento de três anos, encerrado três meses, ele e Maurício ainda mantinham encontros esporádicos no apartamento da vítima. Porém, um irmão e uma prima de Maurício, ouvidos na 1ª DH/Atlântico, afirmaram que Nei, em algumas dessas ocasiões, aproveitava para fazer ameaças ao ex-companheiro, reclamando que não aceitava o fim do relacionamento. Desconfiado de que poderia ser vítima de alguma vingança, o técnico agrícola deu o endereço da residência de Ney, em Itapuã, para a prima, afirmando que, se alguma coisa acontecesse a ele, o culpado seria o garçom.
 
Na segunda-feira, dia seguinte à briga, o garçom compareceu ao trabalho, em um hotel de luxo no bairro do Campo Grande, para justificar que naquele dia não poderia trabalhar. Apresentando lesão em uma das mãos, disse à gerência imediata estar incapacitado de exercer plenamente suas funções e foi ao local para pedir autorização para buscar atendimento médico. Desde então, não deu mais notícias, passando a ser procurado pela polícia, que havia ouvido parentes da vítima e aguardava sua aparição na residência em Itapuã.
 
A equipe do GRAC, que se dirigiu a Jequié para efetuar a prisão de Nei, contou com apoio da 55ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), com sede em Ipiaú, cujo conhecimento da região, facilitou a localização da casa da mãe de Nei, rapidamente e de madrugada, num lugar ermo, distante e de difícil acesso. Custodiado no Complexo Policial da Baixa do Fiscal, à disposição da Justiça, o garçom será indiciado por homicídio, pelo delegado Reinaldo Mangabeira, que solicitou sua prisão preventiva. “Acreditamos que o pedido será atendido rapidamente, pois o crime foi de uma brutalidade injustificável”, avaliou o delegado. As informações são da Polícia Civil.