Crime organizado

Empresários revelam ameaças do PCC para venderem postos: 'Vai ser por bem ou por mal'

Um dos entrevistados contou que foi obrigado a continuar como responsável legal do negócio, respondendo assim pelos crimes cometidos pela quadrilha.

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Empresários revelam ameaças do PCC para venderem postos: 'Vai ser por bem ou por mal'
Foto: Reprodução/TV Globo

Empresários brasileiros revelaram em depoimento ao programa Fantástico exibido na TV Globo, relatos de ameaças recebidas do Primeiro Comando da Capital (PCC). De acordo com a apuração do programa, a organização usava motéis, postos de combustível, e jogos de azar para movimentar bilhões de reais de forma ilícita.

As vítimas relatam que venderam seus negócios obrigados sob ameaças de morte. Um deles, proprietário de um posto de combustível, recebeu uma proposta de compra, mas apesar de precisar do dinheiro sabia que não receberia o valor prometido porque os compradores eram ligados ao crime. Ele contou que, ao tentar desfazer o contrato, passou a ser intimidado.

“Ele começou a falar: ‘É, tem pai matando o filho por causa de dinheiro. Tem filho matando o pai por causa de dinheiro. Se mata muito fácil por causa de dinheiro’”, relatou.

A organização manteve o posto no nome da vítima e passou a vender combustível adulterado.

“Elas eram vítimas até duas vezes. Primeiro, porque não recebiam e, depois, num segundo momento, porque passavam a responder inclusive pelos crimes praticados pela organização criminosa”, diz o promotor de Justiça Sílvio Loubeh.

Um outro proprietário de posto de gasolina, vive situação parecida desde 2018. Ele alega que teve sua assinatura falsificada para novos contratos e até hoje negocia com bancos para quitar dívidas feitas pela quadrilha.

“Você vai vender o posto por bem ou por mal”, teria ouvido de um dos criminosos.

Ele relata que a principio uma pessoa se identificou como comprador, posteriormente as negociações passaram a ser realizadas por outro homem.

Investigações

O Ministério Público e a Receita Federal estão a cargo das investigações. Os promotores pontuaram que a quadrilha controlava 267 postos de combustível e 60 motéis no estado de São Paulo configurando um “esquema sofisticado, societário e financeiro” para acobertar crimes.

Em um período de quatro anos, as empresas relacionadas ao grupo movimentaram cerca de R$ 6 bilhões. O esquema usava fintechs (instituições financeiras digitais) para centralizar o dinheiro ilícito, ao sair da fintech, o dinheiro era usado para comprar itens de luxo para os criminosos.

Um dos investigadores esclareceu a Fantástico que os motéis tem propensão para lavagem de dinheiro porque é mais difícil fazer o controle de entrada e saída dos clientes, o que favorece a “maquiagem” das receitas.

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