Dois agricultores são mortos e um fica ferido em ataque a assentamento no extremo sul da Bahia
Foto: Reprodução/Radar News

Dois agricultores morreram e um terceiro ficou gravemente ferido após um ataque armado ocorrido na manhã desta terça-feira (28) no assentamento Córrego da Barriguda, ligado à Associação Comunitária dos Pequenos Produtores Rurais, na zona rural de Itamaraju, extremo sul da Bahia. A região fica próxima ao Parque Nacional do Monte Pascoal, na divisa com o município de Itabela.

As vítimas foram identificadas como Alberto Carlos dos Santos, de 60 anos, e o filho Amauri Sena dos Santos, de 37. Alberto morreu no local, enquanto Amauri chegou a ser socorrido, mas não resistiu após dar entrada no Hospital Municipal de Itamaraju. Outro agricultor, Joabson Lima Alves dos Santos, de 35 anos, foi atingido na cabeça, fêmur e abdômen. Ele passou por cirurgia e segue internado em estado grave.

Imagens registradas no hospital mostram o momento em que familiares e amigos receberam a notícia das mortes e do estado de saúde do sobrevivente. A caminhonete usada no socorro das vítimas ficou marcada por vestígios de sangue.

Dois agricultores são mortos e um fica ferido em ataque a assentamento no extremo sul da Bahia
Foto: Reprodução/Radar News

Equipes da Força Nacional, Polícia Civil, Força Integrada e do Departamento de Polícia Técnica (DPT) foram acionadas e permanecem no local realizando perícias e levantamentos para investigar o ocorrido.

Segundo relatos de moradores ao site Radar News, parceiro do Acorda Cidade, cerca de 30 indígenas pataxó, encapuzados, com rostos pintados e portando armas de grosso calibre, pistolas e fuzis, invadiram o assentamento por volta das 7h. O grupo teria realizado a ação como parte de uma tentativa de retomada de território tradicional.

Dois agricultores são mortos e um fica ferido em ataque a assentamento no extremo sul da Bahia
Foto: Reprodução/Radar News

De acordo com o cacique Aruã Pataxó, coordenador regional da Funai, o episódio ocorreu dentro dos limites da Terra Indígena Barra Velha, demarcada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas desde 2008. Ele afirmou que a ação faz parte de um processo de retomada em área considerada ancestral pelo povo Pataxó.

Os agricultores, porém, contestam essa versão. Eles alegam viver na localidade há mais de 20 anos, em um assentamento de 375 hectares criado para fins de reforma agrária. Um dos produtores rurais, que preferiu não se identificar, descreveu o ataque como “violento e inesperado”.

“Com a cara pintada, alguns encapuzados, invadiram as casas, aterrorizando, batendo, agredindo mulheres e idosos. Deram prazo pra gente deixar o local. Armas de grosso calibre, pistolas”, relatou. “Sem motivo algum executaram pai e filho e atiraram no cunhado, que ficou em estado grave.” O grupo teria interceptado dois carros na entrada da associação.

Apesar das ameaças, os moradores afirmam que pretendem permanecer na área.

“A maioria das pessoas que está aqui não tem onde ficar. Decidimos permanecer, mesmo com o prazo de 24 horas dado por eles.”, disse outro assentado.

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