Rachel Pinto
A delegada Maria Clecia Vasconcelos, titular da Delegacia da Mulher (Deam) de Feira de Santana, destacou a importância dos plantões 24 horas da delegacia, que foram implantados desde do dia 16 de janeiro de 2017, o trabalho das investigações relacionados à violência contra a mulher e ao crime de estupro e também a importância dos movimentos sociais nas lutas e conquistas da Deam. De acordo com ela, a prioridade da delegacia é dar mais segurança e proteção às mulheres de Feira de Santana.
“Desde 16 de janeiro que passamos a atuar com seis delegadas e em plantões de 24 horas. Foi uma luta para alcançarmos essa conquista e é importante frisar a importância dos movimentos sociais nessa luta. Antes, às segundas-feiras, a delegacia ficava sempre lotada. Muitas mulheres não iam ao Complexo Policial aos finais de semana e esperavam a delegacia abrir na segunda-feira para registrar suas queixas. Hoje trabalhamos com o pronto-atendimento e temos uma equipe à disposição diuturnamente. As mulheres não precisam mais esperar ou comparecer à Deam na segunda-feira. Elas vão à delegacia na hora em quem necessitam”, salientou.
Estupros
Sobre as ocorrências registradas pela delegacia e os comparativos deste ano com anos anteriores, a delegada disse que o que tem chamado a atenção é o número de estupros. Ela informou que em 2016 foram registradas 2.656 ocorrências delituosas e não delituosas e o ano fechou com 55 estupros. Em 2017, já foram registradas 334 ocorrências, 4 estupros, 73 inquéritos instaurados e 63 remetidos à justiça.
“Os números revelam o que vemos diariamente e o que acontece é uma demanda muito grande. O que chama a atenção é o número de estupros. A necessidade das mulheres que representam serem prontamente atendidas mostra que o pleito da sociedade de Feira não é um pleito vazio. Realmente justifica a necessidade de um plantão. Há um número considerável de estupradores no presídio. O judiciário tem mantido segregados esses homens que nós autuamos aqui e desde 2013 que pessoas estão presas por conta desse delito. Porém, essa modalidade criminosa continua sendo perpetrada. Não de forma serial, mas de forma esporádica e ocasional”, acrescentou.
Investigação dos estupros
Maria Clécia Vasconcelos revelou também que dos quatro estupros ocorridos neste ano, dois aconteceram em ambiente doméstico e foram praticados por marido ou companheiro das vítimas. Os demais estupros, a polícia já investigou os autores e está realizando a investigação. Segundo a delegada os crimes de estupro necessitam de uma investigação criteriosa com demandas específicas e de perícias.
Trabalho em conjunto e expectativas para 2017
As seis delegadas que atuam na Deam, trabalham de forma conjunta e Maria Clécia Vasconcelos enfatizou que ocorre uma boa produtividade de todos os profissionais e a polícia trabalha no intuito de que as ocorrências caiam e as mulheres possam denunciar os seus agressores sempre que se sentirem ameaçadas.
“A demanda independente do número de delegadas sempre teve uma produção expressiva. Fazemos um trabalho conjunto e todas as delegadas que aqui passaram deram suas contribuições. São profissionais que fazem a diferença, não por serem servidoras públicas, mas por se identificarem com a dor das mulheres. Não vemos o inquérito como apenas um monte papéis, mas como a possibilidade de mudar a vida das mulheres. Temos a expectativa em dar mais proteção às mulheres de Feira de Santana e contamos com a boa vontade de nossa chefia superior que já nos concedeu o plantão, recebemos mais investigadoras e estamos para receber uma viatura”, finalizou.
Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade.