Conforme já divulgado aqui no portal Acorda Cidade, três detentos fugiram por volta das 3h da madrugada da última quarta-feira (25) do Conjunto Penal de Feira de Santana, mas foram recapturados ainda pela manhã do mesmo dia. A Polícia Civil iniciou de imediato as investigações e, durante as diligências, identificou a possível ocorrência de crimes no interior da unidade prisional.
De acordo com a delegada Klaudine Passos, responsável pela apuração inicial, a ação foi determinada pelo coordenador da 1ª Coorpin, Ives Correia. “Determinou que eu deslocasse para o presídio e iniciasse imediatamente as investigações, inclusive com o apoio do DPT, a fim de que nós verificássemos in loco o que havia acontecido”, afirmou.
Equipes da Polícia Civil, com o apoio do Grupo Especial de Operações Prisionais (Geop), realizaram revista no pavilhão 10, composto por 38 celas. Foram ouvidos internos da cela onde ocorreu a fuga, das celas adjacentes e também detentos em outras áreas do presídio.
Durante as oitivas, surgiram informações que apontam para práticas criminosas no interior da unidade. “Verificamos que estavam ocorrendo alguns crimes lá dentro, que precisam ser apurados. Na verdade, a gestão não tinha conhecimento, até porque dentro do mundo carcerário existem regras impostas pelos próprios detentos, e que muitas vezes a administração não tem como saber, porque os presos são coagidos por eles mesmos”, explicou Klaudine em entrevista ao Acorda Cidade.
Segundo a delegada, os relatos indicam a existência de estruturas organizadas entre os detentos. “Existem frentes, existe toda uma doutrina lá dentro”, disse. A partir das apurações, as investigações serão conduzidas por duas frentes: o delegado Rodrigo Uzzum, titular da 1ª Delegacia Territorial, ficará responsável pelos fatos ligados à unidade prisional, enquanto o delegado Fábio Lordello, do Departamento de Combate ao Crime Organizado, atuará nos pontos relacionados a possíveis organizações criminosas.
Sobre a fuga, a delegada informou que o laudo pericial ainda não foi finalizado. “A prova técnica tem um peso muito importante nas investigações. Um dos presos comentou que havia corda e ferro, mas não foi encontrado pela perícia nada disso. Mas, claro, os presos usaram alguma coisa para saírem dali”, disse. O circuito de câmeras está sendo requisitado pela equipe de investigação para ajudar na elucidação do caso.
Klaudine destacou ainda que “a fuga não é um crime, mas a facilitação de fuga, se houver e se restar demonstrado, vai ser coibida pela Polícia Civil”.
Segundo ela, há relatos de detentos que chamaram atenção, mas os detalhes estão sendo mantidos em sigilo. “O inquérito policial é sigiloso. O doutor Rodrigo Uzzum segue com a parte que é atinente à atribuição dele na 1ª Delegacia. E o que a gente entende que faz parte de organização criminosa, vamos estar encaminhando para o doutor Fábio Lordello”.
A delegada também destacou que as investigações já estão em andamento com base nos depoimentos realizados no próprio local. “Nós fizemos todas as oitivas ali mesmo. Levamos três escrivães e cerca de dez policiais. A equipe foi formada para pronto emprego”, concluiu.
A Superintendência de Administração Penitenciária (Seap) também acompanhou a apuração, conforme determinação do secretário estadual de Segurança Pública. A Polícia Civil aguarda o laudo do Departamento de Polícia Técnica para aprofundar as investigações e deve divulgar novas informações assim que os trabalhos forem concluídos.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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