Polícia

Conjunto Penal de Feira de Santana ainda não foi notificado sobre desinterdição, afirma diretor

Segundo ele, existem atualmente 1.800 presos na unidade prisional, porém com a desinterdição, esse número deve aumentar.

Laiane Cruz

O Conjunto Penal de Feira de Santana ainda não foi comunicado oficialmente da decisão do presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Gesilvado Britto, que atendeu a solicitação do Estado e suspendeu a interdição parcial do local. A informação é do diretor da unidade, capitão Allan Araújo.

“Não fomos oficiados ainda da informação oficial, mas acreditamos nessa possibilidade, porque já se comentava há alguns dias que isso poderia acontecer. O Conjunto Penal de Feira de Santana estava há mais de 100 dias sem poder receber presos e o Tribunal de Justiça decidiu por desinterditar”, afirmou o Capitão Allan Araújo.

Segundo ele, existem atualmente 1.800 presos na unidade prisional, porém com a desinterdição, esse número deve aumentar.

“Inevitavelmente a superlotação acontecerá. O sistema precisa nutrir e atender a necessidade de recebimento de presos, não só de Feira de Santana, mas toda a região que atendemos. Tivemos uma redução de 1.200 presos no nosso sistema, mas certamente agora ela vai aumentar”, disse.

Questionado se a visita dos corregedores do Tribunal de Justiça da Bahia, na semana passada, pode ter influenciado a decisão do presidente do TJ, o capitão Allan Araújo declarou que é sempre positiva a visita do judiciário às unidades prisionais.

“O fato de uma desembargadora visitar nossa unidade nos trazem pontos positivos, porque eles conhecem o motivo de esse ou aquele ponto não ser cumprido. Mas foi apenas uma visita de rotina, que o secretário Nestor Duarte se propôs a acompanhá-la. Acreditamos que a desinterdição vai favorecer o sistema como um todo”.

O Coordenador Regional de Polícia Civil (1ª Coorpin), Roberto Leal, afirmou que, assim que a desinterdição for confirmada, vai articular a remoção dos presos custodiados no Complexo do Sobradinho para o presídio.

“Semana passada o corregedor esteve em Feira e entrou em contato com a gente e hoje tivemos essa informação. A situação do presídio engloba não só Feira de Santana, o presídio também recebe indivíduos do outras cidades. E estamos com 72 detentos aguardando a decisão da audiência de custódia para sabermos quantos ficarão aqui”.

Ainda de acordo com ele, durante esse período em que o presídio não pôde receber novos presos, algumas rotinas foram alteradas no Complexo para atender a demanda.

“Tentamos fazer da melhor forma possível para criar o menor impacto. Tivemos que retrair a Operação Visão Noturna, que ocorre nos finais de semana, com cerca de 20 policiais que trabalham no período noturno em locais determinados, tivemos que permitir a visita de familiares, mas agora esperamos que isso se regularize e após a saída dos presos a gente possa retormar o trabalho”.

Já o presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado da Bahia (Sinspeb) Reivon Pimentel, disse que a informação pegou a entidade de surpresa, uma vez que nada foi feito para melhorar a situação do Conjunto Penal. 

“Recebemos a notícia com grande preocupação, porque nada foi feito para que a unidade tenha sido desinterditada. Não houve contratação de agentes penitenciários. Três pavilhões foram abertos de forma precária, e houve o aporte de 14 agentes penitenciários, que não são suficientes nem pra reforçar a equipe dos 9 que já estavam funcionando. Então eu acredito que foi uma atitude irresponsável, mas como o presidente do TJ deve ter tido informações de que houve providências para sanar as irregularidades, não sei com base em que, ele tomou essa decisão”, declarou Reivon Pimentel.

Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade.