
Diante do caso envolvendo a morte de um policial militar afastando há mais de um ano de suas atividades para tratamento psicológico e sua companheira em Feira de Santana, a reportagem do Acorda Cidade buscou entender como a saúde mental dos profissionais de segurança pública no estado é acompanhada pela corporação e de que forma o suporte psicológico é oferecido aos agentes que lidam diariamente com situações de alta tensão.
O foco desta apuração é o trabalho desenvolvido pelo Serviço de Valorização Profissional da Polícia Militar da Bahia (Sevap), que atua na prevenção, acolhimento e acompanhamento psicológico de policiais e de seus familiares, por meio de atendimento especializado e multiprofissional. Apesar do ocorrido com o policial Alden Teixeira, serviço tem salvador inúmeras vidas.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o capitão Leandro Muniz, coordenador do Sevap em Feira de Santana, explicou que o atendimento é realizado principalmente por psicólogos, mas conta com uma equipe ampla formada por assistentes sociais, nutricionistas, fisioterapeutas, médicos e educadores físicos.
O capitão revelou que o acesso do policial aos serviços que a clínica oferece pode ocorrer de duas formas: por iniciativa própria, quando o agente reconhece que precisa de auxílio por conta de alguma inquietação a nível emocional, ou através da intervenção mediante ofício, solicitada por um colega de trabalho ou superior.

“O nosso objetivo é ofertar saúde mental e física para os nossos trabalhadores, entendendo que, para além do profissional, existe ali um ser humano. A nossa Polícia Militar investe nesse serviço para que a gente possa resgatar, primeiramente, o potencial humano desses trabalhadores e também o potencial profissional como consequência”, disse o capitão.
Trabalho constante
A atuação do Sevap ocorre a nível de correção, ou seja, auxiliando os policiais e familiares a tratar algum tipo de transtorno mental, e também de maneira preventiva. O capitão Muniz revelou que a clínica desenvolve ações preventivas nas unidades da corporação, por meio de palestras e visitas técnicas. As ações têm o objetivo de identificar sinais precoces de adoecimento mental e orientar os profissionais.
“A Polícia Militar, como um órgão que faz parte da sociedade, não é diferente do resto da sociedade. Aquelas doenças e transtornos mentais que acometem a população de uma forma geral, eles também vão acometer os policiais militares. Sabendo disso, a corporação investe nesse serviço de saúde mental justamente para tentar amenizar esses impactos e resgatar o potencial humano e profissional desse ser humano”, disse.
Trabalho efetivo
O capitão revelou que a clínica do Sevap no CPRL realizou ao longo de todo o ano de 2025 mais de 6 mil atendimentos a policiais, somando todos os serviços ofertados, e que metade deste número foi dedicada exclusivamente a atendimentos na área de psicologia.
Muniz fez questão de reforçar que, além do policial, o atendimento é estendido aos familiares, devido ao impacto dos transtornos mentais nas relações interpessoais e familiares. A iniciativa busca fortalecer o ambiente familiar como parte do processo de cuidado.
“Quando você não está bem psicologicamente, a forma que você lida com os outros muda completamente. E é por isso que a Polícia Militar entende que o policial não é só um sujeito. Por isso que a gente estende o serviço para os familiares, porque a gente sabe que a família afeta este ser humano”, disse.
“Imagine só que nós vivemos em sociedade e dentro dessa sociedade existem núcleos menores. E o nosso núcleo principal, na maioria das pessoas, é o núcleo familiar. Então a gente entende que uma família saudável, uma família que esteja ali funcionando com organização boa, ela vai refletir na saúde mental do policial militar. E o policial militar saudável, ele também vai refletir na saúde da família dele”, concluiu o capitão.
Com informações do repórter Ed Santos, do Acorda Cidade
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