Andrea Trindade e Daniela Cardoso
Foi condenado a 15 anos e seis meses de prisão em regime fechado, nesta terça-feira (6), João Cleber Santos Leal, conhecido Binho de Gogó, acusado de espancar, manter em cárcere privado, atear fogo e matar a ex-companheira Iara Lima Alves, de 17 anos. O crime ocorreu no dia 28 de janeiro de 2013, no interior da residência dele, no bairro Queimadinha, em Feira de Santana. O acusado não aceitava o fim do relacionamento. (Relembre aqui).
Segundo a denúncia do Ministério Público, João Cleber teve uma crise de ciúmes e agrediu a jovem após amarrar os pés e mãos dela com ataduras e fio de telefone. Com a vítima ainda amarrada, ele disparou um tiro contra a moça, mas não a atingiu, e em seguida ele ateou fogo nela.
Iara foi internada em estado gravíssimo no Hospital Geral Clériston Andrade, e transferida para o setor de queimados do Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador, onde não resistiu, após lutar por quase duas semanas pela vida. A adolescente morreu no dia 14 de fevereiro com 60% do corpo coberto por queimaduras.
A promotora de justiça Semiana Cardoso considerou a pena justa. “Ele foi condenado por homicídio qualificado e é exatamente o que o Ministério Público esperava. Foi uma pena justa e enfim tivemos a justiça após esses cinco anos. Foi um crime grave, cometido por meio cruel. Ele ateou fogo ao corpo da vítima, amarrou as mãos e os pés”.
O advogado de defesa do acusado, Danilo Silva, disse que a defesa ficou insatisfeita com a decisão do Tribunal do Júri, por considerar que a insuficiência de provas dos autos não poderia gerar essa condenação. Segundo ele, a defesa vai recorrer.
“As provas não foram condicionantes para essa condenação. A tese usada pela defesa foi tentar tirar a qualificadora que impossibilitou a defesa da vítima. Não podia entender que naquelas condições onde a vítima estava amarrada, após aquela queimadura, ela teria conseguido tirar as amarras e sair correndo, é algo improvável. Tentamos classificar o homicídio culposo, com base nas provas do processo, como o depoimento de testemunhas, o interrogatório do acusado, que declarou que não tinha intensão nenhuma de tirar a vida da vítima. Agora temos cinco dias de prazo para apresentar as razões de apelação e vamos fazer isso para tentar que o Tribunal de Justiça consiga modificar a sentença condenatória”, afirmou o advogado ao Acorda Cidade. Além dele, também atuou na defesa o advogado Guga Leal.
João Cléber aguardou o julgamento preso e cumprirá a pena no Conjunto Penal de Feira de Santana.
Julgamento adiado duas vezes
O réu fugiu para São Paulo, onde morou por mais de um ano e trabalhou como ajudante de pedreiro, até que no dia 26 de março de 2014 foi preso na porta da casa onde estava morando. (Relembre aqui)
Ele teve o julgamento adiado por duas vezes no ano passado. A última vez ocorreu em outubro de 2017 porque a Secretaria de Segurança Pública (SSP) não tinha verba para transferi-lo de São Paulo para Feira de Santana. (Saiba mais aqui)
Dor da família
A mãe da vítima, Marlene Guimarães Lima, disse ao Acorda Cidade que o crime foi premeditado e que ainda sente muita dor pelo que aconteceu.
“É muito difícil, mas tenho que ser forte e confiar na justiça de Deus e dos homens. Eu contava os dias para ver este momento de ele ser julgado. Minha filha sofreu barbaridades com ele, ela não merecia passar por tudo aquilo. Ele a espanou, quebrou toda, deixou com o rosto desfigurado e ai ela decidiu largá-lo. Depois ele chamou ela para conversar e ela foi, aí ele a deixou em cárcere privado, sem comer, sem beber, e ele usando droga e bebendo no bar, entrava em casa batia nela, até que resolveu atirar nela e atear fogo. Não tinha álcool em casa, então ele comprou o álcool, planejou tudo. Foi crueldade mesmo. Dói muito, porque minha filha hoje está morta, e ele está aí vivo”, desabafou.
Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade
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