Wagner diz que "guerra é sem trégua e prolongada"

10/09/2009 às 16h27, Por Dilton e Feito

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O governador Jaques Wagner (PT-BA) declarou à imprensa, nesta quinta-feira, 10, que o contingente de policiais em Salvador será aumentado com o remanejamento de homens do interior do estado. “Essa guerra é sem trégua, sem fronteira e prolongada”, declarou. Wagner informou ainda que quatro pessoas envolvidas nos atentados foram mortas na noite passada. “Se houver conflito aberto, eu vou torcer que tombe alguém do mundo do crime”, disse.

A onda de violência em Salvador chega ao quarto dia contabilizando dois novos atentados a módulos policiais, que aconteceram no final da noite desta quarta-feira, 9, totalizando o número de nove unidades destruídas por bandidos desde o início da ação criminosa na segunda-feira, 7 de setembro.

A Secretaria de Segurança Pública transferiu, nesta quinta-feira, 14 homens ligados à facção criminosa de Cláudio Campanha para a penitenciária federal de segurança máxima de Catanduva, no Paraná. Em nota oficial, a SSP informou que os criminosos são apontados como responsáveis pela série de atentados.

A ação dos bandidos – iniciada, segundo o governo do estado, em represália à transferência do traficante Cláudio Campanha para um presídio de segurança máxima em Mato Grosso do Sul – atingiu diversos bairros da capital baiana como Uruguai, Águas Claras, Federação, Engenho Velho da Federação, Trobogy, Mussurunga, Valéria, Ilha de São João, Fazenda Coutos, Alto de Coutos, Ribeira, Pirajá, Jaguaripe II, Fazenda Grande II, Pernambués e Largo do Tamarineiro.

Até o momento, já são 12 ataques a coletivos e 9 módulos policiais. O governo do estado afirma que a situação está sob controle, embora o governador Wagner já tenha cogitado pedir ajuda à Força Nacional. Desde a noite da última terça-feira, a maioria das unidades policiais fica vazia por determinação do comando da PM. A orientação é que o policiais realizem rondas nos bairros. O objetivo seria intensificar a presença dos profissionais na rua já que eles são os principais alvos das ações criminosas.

Questionado por que os módulos policiais não foram esvaziados antes dos ataques, uma vez que a Secretaria de Segurança já tinha informações sobre a possibilidade da ação, o secretário César Nunes disse em que não poderia "despoliciar" a cidade diante de uma ameaça e que todos os policiais dentro dos módulos estavam com equipamentos necessários, como armas e coletes.

Rodoviários – O Sindicato dos Rodoviários não descarta a possibilidade de recolher os veículos às garagens caso os ataques a coletivos continuem acontecendo em Salvador. Em nota enviada à imprensa na manhã desta quinta-feira, 10, o sindicato afirma que a medida seria uma "forma de proteger a vida e a integridade física dos trabalhadores rodoviários e passageiros, caso o clima de insegurança na cidade permaneça".

Na última quarta-feira, o sindicato enviou ofício pedindo um encontro com César Nunes para discutir as medidas de contenção da onda de violência que já tem saldo de 12 coletivos queimados. De acordo com o diretor de imprensa do sindicato, Ubirajara Sales, a previsão é que ainda nesta quinta seja agendada uma reunião com o secretário. Sales garante que a categoria pretende cobrar medidas de segurança e protestar, mas sem penalizar a população com uma possível retirada dos coletivos.

Ação continuada – Enquanto as atenções na cidade se voltavam para o jogo da Seleção Brasileira no Estádio de Pituaçu, por volta de 23h40, o módulo do Largo do Tamarineiro foi atacado. Moradores afirmam que durante a partida foram surpreendidos por rajadas de tiros. O outro caso ocorreu no módulo do final de linha de Pernambués, cerca de dez minutos após o final da partida.

No Largo do Tamarineiro, o módulo foi alvejado por cinco disparos e as paredes ficaram chamuscadas, indicando tentativa de provocar incêndio. Não houve feridos. De acordo com a ocorrência registrada na 2ª Delegacia (Lapinha), cinco homens participaram da ação depois de chegar ao local em um Gol prata de placa não identificada. Os criminosos fugiram em direção à Baixa de Quintas.

Sem se identificar, moradores da área dizem que estão temerosos e denunciam que o tráfico de drogas tem ditado regras na comunidade. "Está todo mundo com medo, sem sair de casa à noite. O tráfico rola solto aqui", desabafou um residente da região. A unidade havia sido reformada recentemente, mas permanecia fechada boa parte do tempo, sem policiais de plantão.  

Já em Pernambués, moradores contam que no momento dos disparos pensaram que os estouros seriam fogos em comemoração à vitória da seleção brasileira, mas depois perceberam que se tratava de mais um atentado. A unidade estava vazia e não houve feridos. Nos bairros onde os módulos foram atacados o clima de insegurança é visível. Os moradores evitam falar com a imprensa e quando falam pedem para não ser identificados com medo de represália.

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