Alimento que salva vidas: a ingestão do leite materno na infância reduz a mortalidade infantil

Amamentar não é simplesmente oferecer o leite materno para o seu filho, como esclarece ao Acorda Cidade o médico pediatra da UTI Neonatal, do Hospital da Mulher, Marcus Vinícius.

“Amamentar significa acalentar a criança, significa oferecer proteção, já que quando a mãe amamenta, ela traz o filho próximo a ela, no peito, ela sente a batida do coração do filho, o filho sente a batida do coração dela, então é um ato muito maior do que simplesmente oferecer comida.”

A prática de amamentar é tão importante que perpassa o universo dos seres humanos, sendo observado também entre os animais. Marcus Vinícius destaca que os mamíferos, e nós, seres humanos, que estamos contidos na classe dos mamíferos, todos eles têm como primeira via de alimentação na infância, a amamentação, um ato que oferece uma série de benefícios tanto para a criança, como para a mãe.

O pediatra destaca também que a mãe precisa saber sobre os benefícios do aleitamento para ela e para a criança.

“É muito importante que ela saiba que ao amamentar seu filho, você tende a gerar a redução de até 13% de mortes, a médio e longo prazo. Diminui as chances de a criança apresentar algumas patologias, tais como diarreias, infecções respiratórias, já que o leite oferece um combo de anticorpos. A criança tem a imunidade baixa ao nascimento e esse leite materno oferece anticorpos. Além disso, para a mãe, reduz as chances de ela vir a ter câncer de mama, então é benéfico tanto para um, como para outro,” disse.

A paciente do Hospital da Mulher, Mariana Santiago, expõe a importância do leite materno para o seu segundo filho, que nasceu na última sexta-feira (12), com 34 semanas, ainda prematuro.

“A amamentação completa é o que o bebê precisa até os 6 meses de vida, exclusivamente, e se as mães poderem doar no banco de leite, seria melhor ainda, principalmente para os bebês. O meu também é prematuro, e precisou até tomar aqui do banco de leite também, antes de eu amamentar, e se as mães poderem fazer a doação [leite] é muito importante. Os bebezinhos que estão aqui, pequenininhos, precisam.”

Mariana Santiago diz que recebeu, da equipe do Hospital da Mulher, importantes orientações sobre a amamentação e que o atendimento foi perfeito.
“A equipe ensina direitinho, faz a ordenha, conversa, dá toda a explicação necessária […] Só tenho que agradecer. Falei até com as meninas aqui, que fui passar na enfermaria para poder agradecer o tratamento.”

Banco de Leite
O banco de leite do Hospital da Mulher atende os moradores de Feira de Santana e região. Possuindo uma estrutura ampla que ajuda mães e crianças.

A gente já tem uma estrutura bem ampla, uma estrutura nova, mais moderna, humanizada. Nessa estrutura a gente atende não só as mulheres, as parturientes, internadas na unidade, mas também as que já tiveram alta, em que a gente faz essa coleta domiciliar, aponta a presidente da Fundação Hospitalar de Feira de Santana, Gilbert Lucas.

Essa estrutura nova dá suporte ao novo banco de leite que foi entregue em julho. “São estruturas novas, mais modernas, em que a gente já atende esta demanda, já que o banco de leite do Hospital da Mulher é um banco de leite referência. A gente já tem um título de padrão ouro, que é a qualidade de excelência do leite materno”, aborda Gilbert ao Acorda Cidade.

A presidente Gilbert Lucas orienta sobre a importância da divulgação a respeito da doação de leite, isso porque muitas vezes o estoque fica muito baixo prejudicando muitas crianças.

“A gente precisa fazer sempre essa parte educativa, essa divulgação de doação para que a gente possa manter um estoque razoável. Hoje, no Hospital da Mulher, uma média de 6% de nossos bebês nasce prematuros, e a maioria desses bebês precisam da doação de leite materno. A gente precisa, por exemplo, de uma média de 50 mil ml de leite durante o mês, para que a gente possa atender a demanda da unidade, e a gente fica às vezes com estoque abaixo dessa quantidade.”

Gilbert orienta também que a coleta do leite não ocorre somente no Hospital da Mulher.

“A gente tem uma equipe, que é uma parceria das técnicas do banco de leite, com o Corpo de Bombeiros, que a gente vai até a residência para fazer a coleta, temos um veículo exclusivo do banco de leite para essa coleta. Diariamente a gente tem uma rota, e as mulheres podem entrar em contato com o número do banco de leite, que é o 3602-7156”. Após preencher uma ficha, a equipe vai até a residência para fazer a coleta desse leite materno.

Campanha Agosto Dourado
Este mês destaca a prática da amamentação e traz luz sobre a importância do leite materno.
Como salienta o médico pediatra, Marcus Vinícius, “é um mês que foi criado com a ideia de você fomentar a amamentação, aqui na nossa unidade, a gente tem o banco de leite, esse hospital é chamado como Amigo da Criança, é um hospital em que se valoriza a ideia da amamentação, então diariamente os profissionais do banco de leite saem nas enfermarias e fazem palestras, orientações gerais e todos os profissionais daqui são treinados para isso.”

Para mais, muitas mães têm dificuldade de amamentar, por isso orienta-se que a alimentação nos primeiros meses de vida seja exclusivamente do leite materno, como observa Gilbert Lucas:

“A gente orienta nos 6 primeiros meses de vida do recém-nascido, o uso exclusivo do leite materno, por isso a importância. A gente segue também os 10 passos do leite materno na unidade do hospital Amigo da Criança, em que um dos pontos é trabalhar com essa parte educativa, dessa importância da amamentação para todas as mães, que estão com seus bebês na unidade.”

Além disso, Gilbert ressalta que “não é todo leite coletado que vai poder ser distribuído, tem todo um tratamento, todo um armazenamento, pasteurização. Tem todo um serviço que é feito para que esse leite retorne para o bebê com qualidade.”

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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