Feira de Santana

Delegada comenta sobre índices de homicídios em setembro e ações policiais para contê-los

Ações neste fim de semana resultaram na neutralização de criminosos e contribuíram para um sábado e domingo de relativa tranquilidade.

02/10/2023 às 23h25, Por Andrea Trindade

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Delegada Klaudine Passos
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Feira de Santana enfrentou um mês de setembro marcado pela violência, considerado o mês que mais registrou crimes contra a vida neste ano, um total de 45 (veja a estatística). Sobre o assunto, a delegada Klaudine Passos, coordenadora adjunta da 1ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin), comentou sobre as circunstâncias que contribuíram para o aumento da criminalidade na cidade e as operações policiais em andamento para conter a violência.

Classificando o mês de setembro deste ano como atípico, ela destacou que os índices impactaram negativamente a situação de segurança em Feira de Santana e  relacionou a “Operação Fauda” em Salvador, como um dos fatores ligados a estes números, uma vez que a operação resultou na migração de alguns criminosos de Valéria, na capital baiana, para Feira de Santana.  

 “Tivemos a operação Fauda em Salvador em que houve – e a gente tem oitivas (depoimentos) nesse sentido – a migração de alguns meliantes do bairro de Valéria, na capital baiana,  aqui para Feira de Santana. Houve uma situação em que houve um confronto com policiais da Core em que um policial federal veio a óbito e um policial civil  ficou vitimado gravemente.  Logicamente, as forças de seguranças agiram de maneira conjunta nesse enfrentamento ao tráfico de drogas na cidade de Salvador, e houve uma migração de alguns meliantes para Feira de Santana. E Feira de Santana de maneira ingente também, teceu  um combate à cerca desse traficante. Tivemos um confronto ali num determinado condomínio aqui em Feira de Santana, na Avenida Fraga Maia, em que um dos meliantes de Valéria veio a óbito, e em ato subsequente a Cipe Litoral Norte, também em outro enfrentamento, pegou um outro meliante, que embora fosse de Feira, atuava também no bairro de Valéria e veio a óbito”, detalhou a delegada em entrevista ao Acorda Cidade. 

A delegada destacou um caso ocorrido em agosto que teve um impacto negativo nas estatísticas de criminalidade de setembro. Trata-se de uma tentativa de homicídio envolvendo uma criança cujo pai era membro de uma facção criminosa, mas havia sido egresso de outra organização criminosa. Esse incidente contribuiu para a escalada da violência na cidade.

“Vários comandos estavam sendo dados aqui na cidade de Feira de Santana por meliante egressos também de Salvador. Paralelo a  isso, a gente teve também Feira de Santana, no mês de agosto, o que impactou de maneira negativa, uma criança que foi vítima de tentativa de homicídio, cujo pai é integrante de uma facção criminosa,  mas foi egresso de outra. Então, tudo isso impactou de maneira negativa para esse índice negativo no mês de setembro.”

Fim de semana tranquilo

Ela destacou que as ações  neste fim de semana resultaram na neutralização de criminosos e contribuíram para um período de relativa tranquilidade na cidade. A “Operação Paz”, em sua segunda fase, teve como objetivo intensificar a atuação policial para reduzir a criminalidade.

“Foi acionada a segunda fase da Operação Paz, de modo que neste fim de semana a gente pode visualizar uma certa  maré de tranquilidade em Feira de Santana, haja visto que não tivemos homicídio na noite de sábado, nem na noite de domingo. As equipes estavam todas centradas aqui na coordenadoria, e inclusive, agora nesse exato momento, nós temos operação na cidade. Em todos os bairros nós temos policiais de viatura da Polícia Civil,  viaturas veladas, buscando alvos”, disse. 

Klaudine mencionou a importância de manter um diálogo constante com o judiciário e o Ministério Público para obter cautelares e encarcerar os criminosos, e informou que Polícia Civil e a Polícia Militar, além de atuarem em conjunto para reforçar a segurança na cidade,  têm realizado reuniões semanalmente.

“O coordenador Yves Correia, nesse momento, já está com o judiciário, com o Ministério Público, por meio de cautelares que já foram protocoladas, e vamos ter agora nessa segunda fase um dia em que nós vamos operar de maneira mais visível.  Eu falo de uma maneira mais padronizada. Estamos agora nesse momento dentro da cidade operando em todos os bairros com escopo de tirar esses meliantes de circulação o mais rápido possível, e que eles sejam encarcerados”, afirmou.

A violência em setembro também afetou a população mais jovem, com sete adolescentes assassinados. A delegada enfatizou a importância de abordar essa questão e coibir a exploração de menores pelo tráfico de drogas.

Klaudine Passos ressaltou que há uma preocupação com os adolescentes envolvidos em crimes, e que muitas vezes eles são cooptados pelos traficantes devido à percepção de impunidade. Ela acredita que, com as mudanças implementadas na estrutura policial e o empenho das equipes, a cidade de Feira de Santana voltará a ter redução no número de homicídios.

“Na verdade eu falo de experiência própria porque eu já fui titular da Delegacia para o Adolescente Infrator daqui de Feira de Santana, e a gente sabe que os adolescentes  são cooptados pelos traficantes porque entendem que se tratam de um boletim de termo circunstanciado de ocorrência. Muitas das vezes há um entendimento de que não cabe prisão, ou eles seguirão para a Case (Comunidade de Atendimento Socioeducativo) Juiz Mello Mattos, então eles entendem que há uma facilidade. Não só os adolescentes, mas  também as mulheres”, explicou. 

Sobre os índices de homicídios nos bairros e distritos, a  delegada mencionou que, embora a zona rural e o centro da cidade sejam áreas de foco, cobertas pelas 67ª e 64ª CIPM,  respectivamente, ambas têm um impacto menor em termos de mancha criminal. No entanto, ela ressaltou que as companhias policiais 66ª e 65ª têm uma influência mais significativa na situação de segurança da cidade.

Klaudine Passos também destacou as mudanças recentes nas titularidades das delegacias, promovidas pelo delegado Yves Correia, coordenador regional. Ela enfatizou que essas alterações visam oxigenar a unidade policial e trazer novas perspectivas para o combate à criminalidade em Feira de Santana.

A delegada expressou otimismo em relação ao futuro, mencionando que as equipes estão altamente comprometidas em restaurar a paz na cidade. Ela acredita que, em um curto espaço de tempo, Feira de Santana poderá desfrutar de um ambiente mais seguro e tranquilo.

“Tivemos agora mudanças nas titularidades das delegacias, saiu no Diário Oficial. Não que os outros delegados não fossem bons, são excelentes, mas como toda gestão nova, é preciso uma oxigenação, e isso foi feito agora. Nós já estamos visualizando um novo gás, equipes muito empenhadas. A gente acredita que em muito pouco tempo estaremos devolvendo à Feira de Santana a paz que ela precisa”, declarou. 

A Polícia Civil tem demonstrado empenho em enfrentar os desafios de segurança em Feira de Santana e pede a colaboração da população por meio de denúncias anônimas (Disque 181) para garantir a segurança de todos os cidadãos.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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  1. Policiais trabalham incansavelmente contra o crime mesmo com os péssimos salários, arriscam sua vidas 24 hs dia, enfrentam cobranças e pressões do povo, principalmente de governantes e comandantes, dificuldades e obstáculos de promoções na carreira mesmo com todo preparo técnico e cultural, contando com uma justiça lenta e morosa e um código penal ultrapassado que foram atropelados pela “evolução e características do crime”.

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