Pesquisa inédita descobre antibiótico em terra de cupinzeiro
Uma pesquisa inédita desenvolvida na Uefs conseguiu comprovar cientificamente o conhecimento popular sobre o uso da terra de cupinzeiros para combater doenças.
19/11/2009 às 11h28, Por Dilton e Feito
Uma pesquisa inédita desenvolvida na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) conseguiu comprovar cientificamente o conhecimento popular sobre o uso da terra de cupinzeiros para combater doenças. A pesquisa ficou entre as finalistas na categoria mestrandos do Concurso de Idéias Inovadoras promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb).
O projeto intitulado Descoberta e Produção de Novos Antibióticos a partir de Actinobactérias Isoladas da Terra de Cupinzeiros é desenvolvido pelo estudante de Mestrado em Biotecnologia, Getúlio Freitas Bomfim, com orientação da professora doutora Ana Paula Trovatti Uetanabaro e co-orientação do professor doutor Eraldo Medeiros Costa Neto.
O resultado do concurso será divulgado na solenidade de premiação a ser realizada nesta sexta-feira (20), às 15h30, no Bahia Othon Palace em Salvador, durante a BahiaTec 2009 – Feira de Tecnologia e Simpósio Internacional de Inovação.
Actinobactérias isoladas da terra dos cupinzeiros
Getúlio Bomfim explicou que se dedicou a essa pesquisa para comprovar cientificamente o que é muito utilizado em comunidades rurais e indígenas, não só do Brasil, mas também em diversas partes do mundo. “A depender da comunidade, muitos passam a cinza da terra do cupinzeiro nas feridas, outros extraem e fazem xarope. E sem uma explicação científica, os métodos surtiam o efeito desejado”, frisou.
Na pesquisa, verificou-se que as actinobactérias isoladas inibem o crescimento de muitos microorganismos patogênicos que provocam uma série de doenças ao homem, como candidíase, inflamações, conjuntivites, entre outras doenças.
A coleta das amostras foi feita em três regiões baianas. Na região da Chapada Diamantina, foram colhidas amostras em Morro do Chapéu. Na região Sudoeste, as amostras foram coletadas do município de Lafaiete Coutinho. E na região do Paraguaçu, as amostras foram colhidas na zona rural de Feira de Santana, no distrito de Maria Quitéria (São José).
Getúlio Bomfim com o co-orientador Eraldo Medeiros
Os 145 morfotipos de actinobactérias encontrados nas três localidades foram isolados e testadas com 10 microrganismos patogênicos (sete bactérias e três leveduras), cedidos pela Coleção de Cultura de Microorganismos da Bahia (CCMB), sediada na Uefs. Dentre as amostras estão: Escherichia coli CCMB 284, E. coli CCMB 261 (sensível à trimetoprima e resistente à sulfonamida), Pseudomonas aeruginosa CCMB 268, Salmonella choleraesuis CCMB 281, Staphylococcus aureus CCMB 285, S. aureus CCMB 262 (resistente à estreptomicina e dihidrostreptomocina), S. aureus CCMB 263 (resistente à novobiocina; e três leveduras: Candida albicans CCMB 266, C. albicans CCMB 286 (resistente a anfotericina B e fluconazol), e Candida parapsilosis CCMB 288 (resistente a anfotericina-B e fluconazol). Todos esses 10 microrganismos foram cedidos pela Coleção de Cultura de Microorganismos da Bahia (CCMB), sediada na Uefs. Os resultados atenderam as expectativas, as actinobactérias conseguiram inibir a ação dos microorganismos.
Segundo Getúlio Bomfim, o próximo passo agora será identificar os tipos das actinobactérias encontrados e repetir a investigação em um meio líquido. “Acreditamos que o poder de atuação das actinobactérias sejam ainda maiores no meio líquido onde o processo metabólico se propaga com mais facilidade”, salienta.
O estudo será concluído em dezembro deste ano e a dissertação do mestrado será defendida em fevereiro de 2010. Bomfim espera que a pesquisa desperte o interesse das indústrias farmacêuticas em produzirem novos antibióticos utilizando as novas espécies de actinobactérias, sejam em forma de pomadas, comprimidos ou xaropes. “Dois terços dos antibióticos já vendidos são produzidos a partir das actinobactérias encontradas em diversos ambientes, como na água, mas é importante a indústria descobrir que podemos produzir medicamentos com o mesmo efeito ou ainda melhor através desta descoberta”, disse o pesquisador.
Ascom/Uefs
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