Educação

Pais de alunos do CEB/Uefs pedem que escola passe conteúdos para que filhos estudem em casa

Diretoria destaca que a Secretaria de Educação desenvolveu o 'Projeto em Casa também se Aprende'.

27/04/2020 às 10h16, Por Andrea Trindade

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Rachel Pinto

Pais de alunos do Centro de Educação Básica (CEB), da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), estão reclamando que os filhos estão desassistidos pela escola neste período de suspensão das aulas, devido a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Eles alegam que os alunos estão com muito tempo ocioso e não foram direcionados para a prática da aprendizagem.

Isabel de Jesus, que é mãe de aluno do CEB, disse em entrevista ao Acorda Cidade que ele e outros pais não estão conseguindo contato com a direção da escola e reivindicam materiais didáticos para que os filhos possam estudar. Na opinião dela, seria viável que a escola pudesse enviar materiais online para os estudantes.

“A maioria tem computador, celular e nós pais vamos dar um jeito. Nossos filhos estão tendo muitos prejuízos. Não temos certeza do ano letivo e apenas uma professoras está passando os conteúdos. A professora Janine é a única que está passando os matérias de artes e redação”, disse.

Elizângela dos Santos, que também é mãe de aluno, avaliou que em decorrência do tempo ocioso e sem poder sair de casa, o filho está demonstrando muita ansiedade.

“Ficamos com as crianças sem ter o que fazer. Colocamos para fazer uma leitura, alguma atividade, mas não avançamos muito. A gente não sabe o que vai ser desse ano letivo”, lamentou.

Luadna Almeida, que tem um filho de 14 anos de idade na instituição, frisou em entrevista ao Acorda Cidade que os pais querem um posicionamento da Secretaria Municipal de Educação, com relação aos conteúdos que podem ser oferecidos pela escola de forma virtual.

“Nossos filhos estão com tempo ocioso e esse tempo deveria ser ocupado com atividades escolares. Precisamos de uma atitude da Secretaria de Educação e da escola também”, acrescentou.

O que diz a diretoria

A professora Josélia Araújo, diretora do Departamento de Educação da Secretaria Municipal de Educação, comentou sobre as reclamações dos pais de alunos do CEB e segundo ela, a secretaria desenvolveu o ‘Projeto em Casa também se Aprende’.

“O projeto foi pensado para ajudar os estudantes e professores a enfrentar o distanciamento social com mais leveza, com mais ludicidade. Não tem a finalidade de substituir os dias letivos, não tem a obrigatoriedade de realização das atividades. Com relação às mães que não estão conseguindo falar com a gestão escolar, vamos procurar saber o que está acontecendo para dar um retorno. As escolas estão orientadas para apoiar , prestar a solidariedade, todo o esclarecimento possível aos estudantes e aos seus pais e não dificultar qualquer tipo de contato”, finalizou.

 

Por ter sido citada na reportagem, na entrevista de um dos pais de alunos, uma das professoras da instituição encaminhou à redação do Acorda Cidade a seguinte Carta Aberta a seguir. Leia na íntegra:

CARTA ABERTA AOS PAIS/RESPONSÁVEIS E ALUNOS DO CEB
E À COMUNIDADE FEIRENSE

 

Eu, Janine Silva, quero expressar o meu descontentamento diante de parte do conteúdo exposto na matéria “Pais de alunos do CEB/Uefs pedem que escola passe conteúdos para que filhos estudem em casa”, publicada na data de hoje (27/04/2020) no site Acorda Cidade. Na referida matéria, o meu nome foi mencionado, por essa razão sinto-me no direito de externar o meu posicionamento diante da exposição, que considero injusta, do Centro de Educação Básica (CEB), escola municipal na qual trabalho há 16 anos. Há alguns equívocos que carecem de esclarecimentos. Para tanto, julgo importante salientar que a minha situação neste ano letivo de 2020 é sui generis e apresenta particularidades que evidenciam a minha necessidade específica de continuar mantendo contato e compartilhando atividades com os estudantes das turmas para as quais leciono as disciplinas de Língua Portuguesa, Redação e Artes. Sou mestranda do Profletras da UEFS e pretendo aplicar meu projeto de pesquisa no CEB, porém, os prazos para aplicação e conclusão do projeto não foram ainda postergados e não temos nenhuma informação e/ou orientação nesse sentido, por isso, em uma das reuniões que a escola tem feito remotamente para discutir sobre a preocupação com nossos estudantes e suas famílias, diante da necessidade de suspensão das aulas, e para trocar ideias e articular propostas de ações que possam alcançar todos os alunos e alunas, sem exceção, expus a singularidade do meu caso e pedi autorização à direção para tentar contatar os estudantes e dar continuidade às nossas atividades. A direção e a coordenação do CEB, compreendendo a minha demanda, não se opuseram, incentivaram-me a dar prosseguimento à tentativa, mas expressaram preocupação em relação aos estudantes que não têm condições de acompanhar as atividades remotamente. Preocupação compartilhada por mim e por todos os demais docentes da referida Unidade Escolar, que sempre se empenharam sobremaneira no exercício da docência, o que os indicadores da qualidade de ensino de nossa escola bem podem atestar. Dessa forma, ficou muito claro e definido que os estudantes que não puderem acompanhar essas atividades remotas que venho propondo de maneira alguma serão prejudicados, até mesmo porque, conforme sabemos, essas aulas online, por não abarcarem todos os estudantes, não podem legalmente configurar como cumprimento de carga horária letiva, visto que a educação é direito de TODOS, indistintamente, e o CEB, assim como todas as demais escolas da rede municipal (e também aquelas das demais redes de ensino), jamais poderia, e é justamente essa sua preocupação maior, ir de encontro ao princípio da universalidade do ensino, visto que a educação, como um direito fundamental, deve ser assegurada a todas as pessoas e o Estado, enquanto organização política, tem o dever inescusável de garantir essa prerrogativa a toda a população. O Centro de Educação Básica é UMA unidade de ensino. Quantas escolas mais há em nosso município? Uma escola não pode sozinha garantir o funcionamento de atividades remotas se os equipamentos necessários a essa prática não forem ofertados a todos os seus estudantes, atendendo ao princípio constitucional de universalização da educação. Por essa razão, nossa escola segue cumprindo as determinações da Seduc, secretaria à qual está subordinada, compartilhando os links dos projetos disponibilizados por essa secretaria, para quem puder ver, na página oficial do CEB no Facebook (https://www.facebook.com/cebuefscebcsu/), porém, infelizmente, como bem sabemos, não são todos os responsáveis e estudantes que dispõem de acesso à internet. Muitas dessas famílias são carentes e, nesse grave momento de pandemia, estão, por ora, mais preocupadas em sobreviver a esse caos. Inclusive, nossa escola, longe dos holofotes e da mídia, tem buscado, como sempre, e obviamente dentro das suas possibilidades, meios para auxiliar essas famílias. Enquanto integrante do corpo docente dessa instituição de ensino que tanto admiro, sinto-me constrangida pela forma como o meu nome e o nome de nossa escola foram injustamente expostos, como se coubesse unicamente a nós a responsabilidade de resolver uma pendência que é de caráter maior e que envolve recursos, a meu ver, indisponíveis, no momento, em nosso município. Grata pela atenção!

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