Pós-covid

Pacientes que tiveram a covid-19 podem ter sintomas de tuberculose pulmonar

Pneumologista defende criação de centro de referência para pacientes pós-covid.

11/04/2021 às 12h20, Por Andrea Trindade

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Laiane Cruz

Pacientes que tiveram a covid-19 podem permanecer com sequelas da doença durante um longo período, como também têm chances de desenvolver outros problemas de saúde, a exemplo da tuberculose pulmonar. É o que afirma a médica pneumologista Manoela Fontes.

Em entrevista ao Acorda Cidade, a especialista, que atua no Centro de Referência da Tuberculose Pulmonar de Feira de Santana, informou que muitos pacientes que foram acometidos pelo coronavírus estão procurando o serviço com sintomas da doença em sua forma respiratória.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade


“A gente tem tido alguns casos de pacientes que no pós-covid mantém-se sintomáticos respiratórios e que, na verdade, além da covid, desenvolvem tuberculose. Temos visto isso com alguma frequência, na prática rotineira, não só aqui no serviço de referência, mas também nos consultórios privados. São pacientes que se mantêm sintomáticos e que na verdade podem estar com uma tuberculose pós-covid”, afirmou a médica.

De acordo com a pneumologista, em Feira de Santana os pacientes que forem acometidos pela tuberculose pulmonar, como consequência da covid ou não, têm à sua disposição o centro de referência, cujo atendimento é totalmente gratuito, ofertado pelo Sistema Único de Saúde, onde são feitos os testes para detecção da doença e todo o tratamento com medicamentos especiais.

“Somos o centro de referência da tuberculose multirresistente, que é uma forma especial, e da tuberculose sensível. A gente trabalha com livre demanda. Os pacientes que são sintomáticos e respiratórios são atendidos e testados para a tuberculose, pois a gente não faz atendimento geral de pneumologia para outras doenças pulmonares, por exemplo, ou os pacientes vêm de suas unidades básicas. No tratamento da tuberculose o medicamento é de dispensação exclusiva do SUS, então mesmo os pacientes que fazem acompanhamento com médicos da rede privada precisam recorrer ao SUS para dispensação dessa medicação. E aqui a gente faz o acompanhamento e dispensação da medicação da tuberculose em suas diversas formas. Funcionamos tanto como assistência primária, como terciária, para aqueles casos de tuberculose multirresistente”, esclareceu Manoela Fontes em entrevista ao Acorda Cidade.

Segundo a especialista, qualquer pessoa pode ser acometida pela tuberculose. Normalmente ela costuma acontecer em pacientes imunosupressos, por diversos fatores como a diabetes, HIV, doenças reumatológicas, que precisam usar imunossupressores, pacientes etilistas, pneumopatas. Além disso, existe a relação direta de algumas doenças pulmonares com a incidência maior de tuberculose, e agora nesse momento de pandemia, a covid também pode ser um fator desencadeante.

Tipos de tuberculose

A tuberculose é uma doença infecciosa, que habitualmente acomete os pulmões, mas, conforme a médica Manoela Fontes, pode atingir outros locais do corpo, a exemplo da tuberculose pleural, ocular, renal, entre tantas outras.

“Aqui no nosso serviço, a gente faz o acolhimento de pacientes que são sintomáticos respiratórios ou que venham encaminhados de outras especialidades para tratamento da doença. Falando daquele paciente que é sintomático respiratório, pode ter febre, tosse, pode escarrar sangue, ter febre vespertina, que costuma vir no final do dia, com sudorese noturna, uma tosse prolongada, que pode vir com secreção ou tosse seca, então esse paciente é o que a gente chama de paciente respiratório e precisa ser testado”, destacou a médica ao Acorda Cidade.

Os exames para detecção da tuberculose pulmonar podem ser o raio-x de tórax e o exame de escarro, que pode ser tanto a baciloscopia de escarro como o teste que detecta DNA da tuberculose, chamado de teste rápido molecular ou genexpert, e que está disponível na rede pública.

“Quando esse exame dá positivo, a gente não tem dúvidas, porém somente esses exames não são suficientes, e a gente precisa da avaliação de um médico especialista juntamente com outros exames complementares, que podem ser uma tomografia, a bronquoscopia, então na verdade é um conjunto de exames associado à clínica, por uma avaliação de especialista, que vai fechar o diagnóstico de tuberculose, tanto a pulmonar como de outros tipos também.”

Ela ressalta que a tuberculose é curável e por isso que ela precisa ser tratada precocemente. O tratamento é um pouco mais prolongado que o habitual, normalmente são seis meses, mas o paciente pode precisar fazer uso da medicação por mais tempo que isso. “Se o paciente for diagnosticado precocemente, ele sai sem absolutamente sequela nenhuma, vai depender do tempo do diagnóstico.”

Centro de referência para pacientes pós-covid

A pneumologista Manoela Fontes salientou ainda que devido à situação atual, com um número crescente de pessoas infectadas e por consequência pacientes com sequelas da covid-19, Feira de Santana necessita criar um centro de referência para o tratamento da síndrome pós-covid.

“Eu acho que essa necessidade é mundial, inclusive para Feira de Santana. Hoje existe a síndrome pós-covid, e a gente tem mais de cinquenta sintomas que podem permanecer. Então com o número crescente de doentes, a gente vai ter um número crescente de doentes pós-covid. Mas, para o paciente que teve covid e tem a tuberculose existe em Feira um centro de referência da doença.”

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.
 

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