O papel do radialista frente às relações interpessoais e suas diferenças
27/11/2009 às 13h30, Por Dilton e Feito
Por Maria Madalena de Jesus*
Chama a atenção como o radialista chega à casa das pessoas e se torna íntimo, mesmo sem conhecê-las e vice-versa. Por isso, a cada momento é preciso que ele esteja atento, tenha cuidado com o que transmite, porque tudo que ele diz chega ao ouvinte como verdade. Ele próprio torna-se referência de verdade, de solução, mesmo não tendo as respostas. A relação é muito forte. Uma ponte para a solução de problemas. Não é fácil chegar a uma autoridade, mas por telefone se chega ao radialista. O que o ouvinte espera? O encaminhamento de sua questão. O rádio é o intermediário. E resolve.
Em Feira de Santana ocorre um fenômeno: todos os programas de rádio tem audiência. Isso comprova a tese da relação afetiva. Por que alguém prefere aquele e não o outro radialista? O programa é o radialista. A escolha é direta. A abrangência do rádio não é limitada pela medida dos kilowats de cada emissora. “Palavra que se solta não se engole outra vez”, ensina o provérbio russo, indo de encontro a outro dito popular, segundo o qual “palavras o vento leva”. Na verdade, esta segunda afirmação é apenas um reforço à idéia de importância do registro impresso e não quer dizer que pode-se falar qualquer coisa, porque o que se diz oralmente não deve ser levado a sério.
O jornalista Egberto Costa faz um alerta elementar, mas que muitas vezes é esquecido pelos comunicadores, especialmente no rádio: “Nós somos responsáveis pela transmissão da verdade através das palavras”. A citação remete a outro pensamento, dessa vez de Santo Inácio de Antioquia: “É melhor calar-se e ser que falar e não ser”. Conhecer o assunto sobre o qual se fala é condição primordial para uma comunicação sem ruídos e sem colocar em risco a credibilidade do comunicador, em especial o radialista.
Muitas vezes o profissional do rádio não tem consciência da sua contribuição, através de um programa jornalístico ou mesmo de entretenimento, para a construção da memória e da identidade coletiva. Sob essa perspectiva, o papel do radialista pode ser definido com a tradicional designação de operário do rádio, no sentido mais amplo da expressão. Cabe a ele transformar a informação em notícia e, desta forma, garantir a qualidade do programa e, consequentemente, a audiência. Ouvir rádio, em comunidades onde a comunicação ainda não alcança os níveis tecnológicos mais avançados, é mais do que um hábito. É uma necessidade. O que aumenta esse compromisso.
Cumpre, de fato, o seu papel social o radialista que fundamenta seu trabalho em regras de seriedade, compromisso com a verdade e com a justiça, tendo a dignidade profissional como medida da verdadeira liberdade. A linguagem do rádio é universal, porque é vasto e vário o universo do público ouvinte. Contudo, cada um imprime sua própria linguagem, fazendo disso o diferencial do que pensa e, principalmente, do que diz.
*Madalena de Jesus é jornalista e professora.
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