A presidente Dilma Rousseff afirmou neste sábado (19), em sua conta no microblog Twitter, que ficou surpresa com a suposta "interferência americana" nos episódios que culminaram no golpe militar de 1964, retratada no documentário “O dia que durou 21 anos”, do diretor Camilo Tavares. Segundo Dilma, que militou contra o regime militar, até mesmo quem "viveu os anos 60" irá se impressionar com os fatos relatados na película. "Mesmo quem viveu os anos 60 fica surpreso c/ [sic] a extensão da interferência americana no Brasil naquele momento, revelada pelo documentário", escreveu a chefe do Executivo na rede social. Dilma recomendou o filme aos seus quase 2 milhões de seguidores no Twitter. A petista relatou que o documentário exibe um "precioso" acervo de gravações e documentos oficiais dos EUA, incluindo até mesmo gravações dos presidentes norte-americanos da época. A presidente contou na internet que as gravações exibidas no filme endossam as articulações do então embaixador norte-americano Lincoln Gordon "a favor" do golpe no Brasil. "Conhecer a historia do Brasil ajuda a entender melhor como chegamos a ser o que somos. Olhar para trás é importante. Assim aprendemos com os erros e reafirmamos nossos acertos", ressaltou a chefe do Executivo no microblog. Na noite desta sexta (18), a presidente recebeu convidados para uma sessão exclusiva de cinema no Palácio do Alvorada na qual foi exibido o documentário de Tavares. O filme mostra a participação do governo dos Estados Unidos no golpe militar de 1964 e o então embaixador norte-americano no Brasil como um dos articuladores do movimento que depôs o presidente João Goulart. Em três anos de pesquisa, o diretor reuniu gravações em poder do National Security Archives e documentos secretos da CIA, a agência de inteligência dos EUA. Áudios revelam conversas entre Lincoln Gordon e o então presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, sobre o movimento militar. O documentário concorreu à indicação do governo brasileiro para disputar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas perdeu para “O Som ao Redor”, de Kléber Mendonça.
Camilo Tavares é filho de Flávio Tavares, um dos 15 presos políticos trocados em 1969 pelo embaixador dos Estados Unidos, sequestrado na época por organizações de esquerda que combatiam o governo militar. Outro dos presos políticos do grupo foi o ex-ministro José Dirceu, então dirigente estudantil. As informações são do G1.