Artigo

Mortos que falam

Para a pessoa de fé, o que parece morte, torna-se vida, vai para “Casa do Pai”

26/10/2021 às 11h16, Por Kaio Vinícius

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No Dia de Finados – 02 de novembro – muitas pessoas reservam um momento especial para visitar cemitérios. Levam flores, acendem velas e fazem preces por familiares e amigos que faleceram. O cemitério (que significa dormitório, lugar de dormir esperando a ressureição) fala por si mesmo: “Este é o destino dos mortais. O que eu fui, você é. O que eu sou, você será”.

NÓS MORREMOS em prestação. Morremos um pouco cada dia. No aniversário, comemoramos um ano a mais. Na contabilidade correta, deveríamos contar um ano a menos. A cada ano, a cada dia, mais nos aproximamos do fim da viagem. Mas, essa viagem, não tem quilometragem certa, nem tempo certo de duração. Ela está sujeita a um acidente qualquer, em qualquer lugar. A morte é nossa caroneira e pode assumir o comando a qualquer momento.

ONDE VAMOS morrer? Não sabemos. A morte está presente em toda a parte. Na terra. No ar. No fogo. Na água. Nas ruas. Nas praças. Nas casas. Nos hospitais. Nas rodovias… Quando vamos morrer? Não sabemos. Vigiai e orai, disse Jesus, porque não sabeis nem o dia e nem a hora. Quem se deita á noite para o descanso, não tem certeza de se levantar. Quem começa um novo dia, não tem certeza de chegar à noite. Quem começa a construir uma casa, não tem certeza de vê-la concluída…

O FILÓSOFO francês Gabriel Marcel garantiu: “A morte é bela, se a vida for bela”. Morre-se bem, quando vive-se fazendo o bem. Quando o Papa João Paulo II e a Irmã Dulce foram sepultados, a multidão, até então silenciosa, prorrompeu numa salva de palmas. É por isso que a sabedoria antiga afirmada: Há mortos que falam. Isto é, há vidas vividas de forma admirável que se constituem na mais eloquente mensagem para os que ficam. São uma referência e modelos a serem imitados.

NOSSA VIDA, neste mundo, é uma peregrinação. Temos uma missão a cumprir e estamos chegando ao fim da jornada. A semelha-se às águas: todas correm para o mar. Não temos aqui casa permanente. Cada minuto que passa, cada pulsação do nosso coração, é um passo que damos rumo à eternidade. E Santo Agostinho dizia: nosso coração está inquieto, enquanto não descansar em Deus!

O CRISTIANISMO garante ter boas notícias sobre a morte. Para a pessoa de fé, o que parece morte, torna-se vida, vai para “Casa do Pai”. A morte, para quem acredita em Cristo e para quem fez o bem, é uma recompensa. E São Paulo nos garante: “Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também, os que morrem em Jesus, Deus há de levá-los em sua companhia” (1Ts 4,14).

Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
[email protected]
 

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