Estilista de majestades da Micareta e outras personalidades conta sobre sua trajetória na moda

Vestir algo que faz seus clientes se sentirem mais belos, poderosos e especiais é a vocação do estilista, Nadson Maimone Pimenta. Feirense de coração, apaixonado por Feira de Santana, o profissional realiza sonhos através de figurinos, roupas e peças personalizadas. Além de grandes artistas do Brasil, este ano, Nadson vai vestir as estrelas da Micareta 2024, o Rei Momo, a rainha e as princesas, para abrilhantar ainda mais a presença das majestades na festa momesca. 

Ao Acorda Cidade, o estilista revelou detalhes da sua vida, do trabalho e a trajetória que tem construído no mundo da moda, dedicação alinhada a vocação que ele desempenha há muitos anos. Nesta Micareta, toda a sua criatividade vai desfilar pelos circuitos e camarotes da festa.  

“É muito fácil esse processo criativo para a Micareta, porque é uma festa de alegria, de muito brilho, de muita luz, então, a gente se inspira nisso, basicamente. Você traz a sua personalidade e a gente vai moldando na ideia da festa, com a ideia da cliente. Desejar que seja uma Micareta, já que estamos bem próximos, de paz, de muita alegria e muito brilho. Que as majestades brilhem com os meus looks”. 

Natural de Jequié, Nadson veio para Feira há aproximadamente 22 anos, ainda na infância, para morar com a mãe e o padrasto, que vieram trabalhar. Desenvolvendo um trabalho de alta costura na cidade, o profissional é um verdadeiro autodidata. Sem formações acadêmicas, o estilista tem ganhado o país com peças únicas e exclusivas, vestindo cantoras, digitais influencers, apresentadoras de programas de TV, artistas em geral. 

Sua trajetória no mundo da moda começou através da dança. Bailarino, ele trabalhava em uma escola de dança onde enxergou a necessidade de criar figurinos e peças para as apresentações. Mas, a mente empreendedora não ficou de lado e lhe fez ir mais longe.

“Eu via a necessidade de fazer figurinos para bailarinos que não encontrava quem fizesse peças específicas para quem dança. E vi a oportunidade de trabalhar com isso, porém, nesse período, a gente só conseguia ganhar algum dinheiro e trabalhar no final do ano com espetáculos e tal, então, eu não conseguia ter uma renda durante o restante do ano. Então, eu fui em busca de trabalhar com algo na moda que me desse um retorno o ano inteiro. E aí, fui para a moda-festa quando, de fato, comecei a trabalhar com a moda”, explicou. 

Coragem não lhe faltou para mudar de área. Em um determinado momento do seu começo, Nadson também se apresentava como ator transformista, chegando a ganhar o concurso Miss Brasil Gay. Esses eventos foram suas portas de entrada no mundo da moda, momento que ele considera bastante especial.   

Looks fashionistas, pedrarias, plumas, cortes certeiros, criativos e delicados dele, já vestiram as cantoras Kali Fonseca, da Cavaleiros do Forró e Anna Catarina, além de, Rafa Moreira, Mila Quintela, Naíra Cruz; rainha do carnaval de Salvador 2024, além de personalidades feirenses como Thayna Santiago, esposa do cantor Thiago Aquino, Taylor Sabrina e diversas outras.

“Eu costumo dizer que todas as minhas clientes são estrelas. Elas entram aqui e a partir do momento que elas vestem uma roupa feita por mim, elas se tornam estrelas”, destacou. 

O contato com elas se dá através do Instagram, das redes sociais. A partir do primeiro contato, as ideias são definidas em conjunto com o cliente, pegando as referências, gostos e desejos que servirão de base para a grande peça que virá a se criar. A equipe traz o diferencial na rapidez e na qualidade do que é produzido, inclusive, nos materiais escolhidos. 

“Eu sou muito rápido. Eu não gosto de começar a fazer uma coisa e parar, eu gosto de pegá-la para fazer e finalizar. Então, a gente termina muito rápido. Tem look que a gente faz em dois, três dias. O nosso diferencial é esse, a rapidez mesmo”. 

Além disso, a exclusividade é o que torna seu trabalho tão prestigiado e almejado pelas pessoas. São peças trazidas de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, que fazem as estrelas buscarem em Feira o melhor para vestir. 

“Isso é um relato das meninas que vêm para fazer esses looks comigo. Elas lá não encontram estilistas que trabalham com esse tipo de look. Elas encontram estilistas maravilhosas que fazem moda-festa, vestidos de noiva, etc. Mas os looks fashionistas, esses looks mais diferentes que você é acostumado a ver nas passarelas. Lá em Salvador elas normalmente não encontram e me procuram”, explicou. 

Toda a criatividade e dedicação de Nadson tem trazido resultados para a sua carreira. Realizando sonhos através da moda, ele espera continuar mais, marcando sua presença em diferentes corpos.

“Me inspiro muito no corpo feminino, especificamente, não naquele corpo que as pessoas esperam que seja padrão. Às vezes o sonho que ela tem de vestir aquela roupa não é a roupa ideal para o corpo dela e juntos, conversando, a gente acaba chegando em uma definição e é isso que me inspira mesmo. É poder conversar com essas mulheres e ver o sonho delas, e poder ajudar”, revelou. 

Aos seus 35 anos, Nadson desenha, idealiza, faz croquis, faz o corte, a modelagem e apresenta uma alta costura, serviço esse que esbarra na desvalorização do produto e na disputa com a produção de massa, que afeta os profissionais que trabalham com a costura sob medida. 

“A gente está aí com os materiais cada vez mais caros e as clientes querem muito ter um trabalho bonito, um trabalho bem feito, mas muitas vezes não querem, provavelmente por não conseguir chegar àquele valor, pagar, a desvalorização é muito grande. Talvez por conta também da moda rápida, essas lojas que vendem roupas muito baratas, isso acaba desvalorizando o profissional que faz a peça exclusiva. Então, não dá para comparar uma roupa que você vai à loja e tem 20, 30 peças iguais, você consegue comprar de R$ 50 a R$ 100 como uma peça feita por um estilista, que é criada, idealizada, montada no corpo da cliente, sob medida e a cliente sai daqui com a roupa exatamente como ela gostaria que fosse”. 

Em seu ateliê, a base inicial para um figurino bem trabalhado está custando em torno de R$ 500. Nadson contou que evita fazer peças simples, porque tudo que ele faz é exclusivo e com excelentes materiais, muito advindos da mesma fonte que veste as grandes escolas de samba do Rio de Janeiro.

“Eu evito muito fazer as peças muito simples, porque eu não consigo bater no preço de uma loja, que vende, por exemplo, um vestido básico de paetê. Elas vão comprar de R$ 300, R$ 400. Mas ali, naquela loja, para conseguir chegar a esse valor, eles compram 1000 peças iguais. Eu não consigo chegar a esse valor, porque eu vou fazer uma só, vou comprar material, para fazer sob medida uma só. Então, eu evito muito de fazer essas peças mais simples, porque eu não consigo bater nesse preço”, ressaltou. 

Brilhando e se destacando cada vez mais na moda, Nadson é um orgulho da terra que deve seguir crescendo na área e trazendo visibilidade para Feira de Santana.  

“Conseguir vestir cada vez mais artistas da minha cidade, porque eu me considero feirense. E eu sei que aqui tem muita gente maravilhosa, muito artista maravilhoso. Eu gostaria muito de poder vestir, se não todos, a grande maioria. É isso”, disse o estilista.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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