Via Sacra: padre explica como os fiéis relembram o sofrimento de Jesus até ser crucificado

Neste período da Quaresma, também é realizada a chamada Via Sacra, exercício de piedade em que os fiéis percorrem mentalmente o caminho de Jesus Cristo, do Pretório de Pilatos até o monte Calvário.

A Via Sacra é a reconstituição religiosa feita para lembrar todo o sofrimento de Jesus Cristo durante sua missão redentora. Como forma de entender melhor esta prática que é feita pelos fiéis católicos, a reportagem do Acorda Cidade conversou com Pe. Pedro Júnior, pároco da Paróquia Senhor do Bonfim.

Segundo o sacerdote, este é um período em que os fiéis são chamados a contemplar o rosto sofrido de Cristo.

“A origem da Via Sacra está ligada as peregrinações que os cristãos faziam aos lugares santos a Jerusalém, e uma vez visitando os lugares santos, os cristãos também percorriam o caminho feito por Jesus, sua entrega e total doação na Cruz. A Via Sacra tem um sentido espiritual bonito e profundo como dizia o Papa São João Paulo II, nós somos chamados a contemplar o rosto sofrido de Cristo, então o que é que nós contemplamos na Via Sacra? O filho de Deus que como diz o texto sagrado, ele se humilhou, ele assumiu injustamente a dor, o pecado do homem. Ele se fez pecado assumindo assim a culpa que nos cabia, eu diria que é uma contemplação do mistério do amor. Quem ama também sabe sofrer pelo outro, então é assim na Via Sacra, contemplamos o sofrimento de Cristo que é um sofrimento de amor, um sofrimento daquele sendo Deus, sendo filho de Deus, assumindo a nossa natureza humana, faz um caminho de humilhação, faz um caminho de total entrega de si”, declarou.

O percurso da Via Sacra é dividido por estações, que simbolizam cada um dos momentos cruciais da Paixão de Cristo. Segundo Pe. Pedro Júnior, antigamente existiam 14 estações, mas hoje, contempla-se mais uma com a ressurreição.

“A Via Sacra é composta por 15 estações atualmente, até certo tempo, era até a 14ª estação, que é justamente quando Jesus é sepultado. Mas atualmente se tem acrescido a ressurreição de Jesus, entendendo que a morte de Cristo não é o fim, a última palavra de Deus não é a palavra de morte para seu filho, mas a última palavra de Deus é a palavra de vida e o pai por amor e fidelidade ao seu filho, na força do Espírito, ressuscita. Então hoje, está também acrescentando a 15ª estação onde se contempla a ressurreição”, explicou.

Ao Acorda Cidade, o pároco explicou que os trajetos podem ser realizados na área interna das igrejas, assim como nas comunidades.

“A Quaresma é um tempo que nos prepara para a Páscoa e um tempo que a gente contempla o rosto sofrido de Jesus, o amor de Cristo por nós, e assim as comunidades têm essa tradição de fazer a Via Sacra pelas ruas da cidade, não só dentro da igreja, mas também pelas ruas dos bairros ou da cidade do interior. É interessante, pois as Vias Sacras tentam conjugar também, o tema da Campanha da Fraternidade. Neste ano, o tema é ‘Fraternidade e amizade social’. Então este clima de inimizade, de revolta, de raiva, de sentimentos de marginalização, de racismo, de falta de amor, este pecado todo se retrata no sofrimento de Cristo. Cristo assumiu também essa maldade humana que se manifesta nas relações que a gente vive hoje. Os fiéis devem participar sobretudo com a contrição. A palavra contrição é uma palavra bonita que quer dizer com o coração adolorado, então participar de uma forma atenta, meditando as passagens bíblicas, porque a Via Sacra ela é um itinerário bíblico”, concluiu.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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