Feira de Santana

Trilogia do Reggae: Tonho Dionorina e Gilsam relembram momentos marcantes com Jorge de Angélica

O artista morreu na noite de segunda-feira (30) em Feira de Santana.

31/10/2023 às 20h40, Por Gabriel Gonçalves

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Foto: Jaqueline Ferreira/Acorda Cidade

Dez anos após a última apresentação, o projeto Trilogia do Reggae voltou aos palcos no dia 25 de agosto deste ano, em um show beneficente, em prol do artesão, ativista cultural e ex-presidente do afoxé Pomba de Malê, Nunes Natureza, que precisava se submeter a uma cirurgia nos olhos.

O projeto Trilogia do Reggae foi uma das ações culturais mais bem sucedidas dos últimos anos em Feira de Santana e em toda a Bahia. Essa iniciativa sugerida pela ex-diretora do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), Selma Oliveira, teve muitos resultados positivos e foi além dos shows apresentados em Feira e Salvador.

Na manhã desta terça-feira (31), Tonho Dionorina e Gilsam, se despediram do terceiro integrante do grupo, Jorge de Angélica, que faleceu na noite de segunda-feira (30) em Feira de Santana. A reportagem do Acorda Cidade conversou com o artista Dionorina, que relembrou como conheceu Jorge de Angélica.

Tonho Dionorina
Foto: Brenda Filho/Acorda Cidade

“A minha trajetória com Jorge teve início ainda no início dos anos 80, eu lembro que voltei do Rio de Janeiro, comecei a trabalhar no Sesi, um curso de violão e com um coral infantil, e foi neste período que conheci o Jorge. Ele me convidou para ir na Rua Nova, conhecer o Afoxé Pomba de Malê, e começou contar que tinha uma senhora, chamada Mãe Socorro, que tinha instrumentos e estava doando para algumas pessoas criarem grupos de música. Eu lembro que ainda comentei, ‘negão isso não vai dar certo, porque o instrumento não é nosso, e na hora que a gente quiser, o dono não vai dar’. Então a gente se reunia lá no Sesi, e depois ele me convidou para conhecer o Afoxé, começamos a fazer um trabalho social, onde as pessoas começaram a se valorizar, principalmente pela cor da sua pele, pela sua cultura, pois naquele período, a Rua Nova era onde tinham mais centros de terreiros de Candomblé aqui em Feira de Santana”, afirmou.

Segundo Dionorina, foi na década de 90 que a primeira banda foi criada, mas somente em 2010, que o grupo Trilogia do Reggae foi criado.

“No ano de 1993, até 1994 nós criamos a primeira banda de reggae, a Banda Gana. Apareceu Gilsam fazendo parte também do nosso grupo de compositores do Afoxé da Pomba de Malê e com isso, nós criamos o nosso grupo Trilogia do Reggae, isso em 2010. Seguimos até 2012 e depois cada um voltou novamente para as suas carreiras individuais”, comentou.

Ao Acorda Cidade, Dionorina contou que conversou com Jorge de Angélica horas antes dele falecer.

“Eu fiquei sabendo através da esposa dele, que ele estava doente. Ela me disse que ele tinha passado a noite cheio de dores, isso no sábado. No domingo, ela disse que Petrônio passou por lá para fazer uma visita, mas como ele não estava bem, Petrônio levou para a UPA, ela me disse também que a regulação estava marcada para segunda-feira, 10h da manhã, mas eu sei que no momento, a ligação estava falhando e ela pediu para fazer a ligação de forma direta. Quando eu liguei, ele perguntou com quem ela estava conversando, foi que aí ela passou o celular, e ele falando comigo, ‘Negão, que Jesus te abençoe, abençoe a sua família, muito obrigado pela sua preocupação’, e respondi que estávamos juntos em oração. Porém eu percebi pela fala dele, que ele não estava muito bem, aquela voz fraca. Cerca de uma hora depois, Gilsam me liga informando que ele tinha partido”, contou.

Grande amigo e integrante do Trilogia do Reggae, Gilsam lamentou a morte do artista Jorge de Angélica.

Ao Acorda Cidade, ele também relembrou bons momentos que ficaram eternizados na memória.

Gilsam
Foto: Brenda Filho/Acorda Cidade

“Pensar em Jorge, é fazer um mergulho muito intenso. Eu comecei a ter meus primeiros contatos com Jorge de Angélica no Afoxé Pomba de Malê no ano de 195, ali fazendo canções em exaltações aos orixás, tendo uma tomada de consciência, e foi dentro do Afoxé, eu tive ajuda para a minha reconstrução sócio-racial. A partir deste momento, eu comecei a cantar, fazer algumas canções com Jorge, aprendendo muito com ele e depois eu migrei para a música reggae. Nós fizemos a Trilogia do Reggae, foi um grande sucesso, nos reencontramos agora depois de 10 anos, o povo gostou muito, o povo insistiu para que continuássemos, mas infelizmente hoje temos a perda de Jorge, não sei se será possível retornar aos palcos o projeto, mas talvez um tributo à Jorge de Angélica, grande ícone que deixou um legado”, lembrou.

Com informações da jornalista Iasmim Santos do Acorda Cidade

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  1. O projeto trilogia durou o tempo que deveria durar, imaginar que mesmo se saber ler, Jorge de Angélica fez o que fez, gênios nascem feitos.

  2. Uma figura conhecida no seminário musical da nossa cidade o do Estado e também um ícone em relação a defesa do regue feirense Deus conforte o coração de todos familiares e amigos figura simples e alto astral

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