Trabalhadores relatam que foram proibidos de realizar limpeza dos túmulos; diretora de cemitério nega proibição

Nesta quarta-feira (2), feriado de Finados, algumas pessoas que realizam o serviço de limpeza de túmulos relataram a reportagem do Acorda Cidade que estavam sendo proibidas de realizarem o serviço. A diretora do cemitério Piedade informou que neste dia não seria permitido que esse serviço fosse realizado no cemitério, porque a data seria, exclusivamente, dedicada às celebrações aos entes falecidos.

Alícia Santos, responsável pelo cemitério Piedade, informou ao Acorda Cidade que não houve nenhum tipo de proibição.

“Na verdade não houve nenhum tipo de proibição. O dia 2 é dedicado aos mortos, celebração exclusiva a eles, até ontem (1), o cemitério aberto de domingo a domingo, a gente não proibe esse tipo de gente higienização. Às 6h30 eu estava aqui, acompanhando as famílias para poderem fazer a limpeza. Hoje, exclusivamente, foi que a gente pediu a colaboração por conta da celebração e dedicação aos mortos. Hoje o Dia é exclusivo para visitação e não para limpeza,” ressaltou.

A diretora do cemitério disse que hoje é um dia movimentado e nem sempre consegue prestar atenção em todos os túmulos.

“Quando essas limpezas são feitas de forma aleatória, principalmente para quem tem túmulos aqui de mármore, e o túmulo do vizinho não é de mármore, é de cimento, se passar um cal pode danificar a sepultura vizinha. E hoje é um dia que eu nao consigo acompanhar 100%, então se danifica como é que eu vou prestar contas a família? Se é um dia que eu estou dedicada às celebrações?,” indagou.

Alícia destacou que todas as recomendações referentes ao Dia de Finados foram divulgadas.

“Todas as informações foram colocadas nas mídias dos cemitérios, nas redes sociais da Santa Casa que é a representante do cemitério, na tv, a gente só faz parte da gestão. Se a pessoa vem só uma vez por ano fazer essa celebração, realmente, fica complicado. Porque o ideal é que venham pelo menos, uma vez no mês, a cada dois meses, porque a ação do tempo, chuva, sol, pode ocasionar algum dano e a gente precisa que esses familiares estejam presentes para ajudar a resolver,” salientou.

Alícia explicou ao Acorda Cidade que teve que liberar a entrada dos Limpadores por conta do tumulto que estava sendo feito em frente ao cemitério.

“Tive que liberar por conta do tumulto e das pessoas que a própria família contrata e que é um pessoal de fora e nós não nos responsabilizamos por ele,” frisou.

Felipe Jesus Cerqueira, vendedor, contou ao Acorda Cidade que não deixaram ele e seus colegas de trabalho entrarem.

“Deixei três filhos pequenos em casa para vir trablhar aqui. Todos os Dias de Finados a gente vem. Eles falaram que a gente não podia entrar por conta da pandemia, mas a pandemia já acabou,” argumentou.

Felipe disse que ele e outros colegas utilizam baldes e vassouras para limparem os túmulos.

“Estão pensando que a gente vai rouba, roubar o quê? A arma da gente é um sabão, uma vassoura velha e dois baldes,” disse.

Felipe contou ao Acorda Cidade que o valor cobrado é o que o povo pode dar, de bom coração.

“Não estimulamos valor. Tem gente que dá R$10, R$5, e a gente lava para ganhar o dinheiro. A gente lava, deixa tudo bonitinho, pinta,” descreveu.

O vendedor Felipe disse que estavam prestes a realizarem um protesto e queimar pneus quando foram liberados para fazerem o serviço de limpeza.

“Aqui tem umas 100 pessoas, todas querem trabalhar para levar o ‘pão’. Chegamos a conversar com a direção, mas quando íamos protestar eles liberaram. O povo que paga não tem nada a ver. E eles nem orientaram o pessoal.”

Felipe disse que chega a limpar umas 5 a 6 covas no Dia de Finados.

“Não limpamos muito, porque tem muita gente precisando, só o dinheiro do pão mesmo,” concluiu.

As informações são do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.

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