Feira de Santana

Procissão do Fogaréu reúne fiéis em momento de reflexão e fé

Apesar de lembrar um momento trágico, esta procissão é vista como uma oportunidade de renovar a fé no legado de amor deixado por Cristo.

28/03/2024 às 23h13, Por Andrea Trindade

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Procissão do fogaréu
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A Procissão do Fogaréu, uma das mais antigas e marcantes tradições religiosas celebradas na Semana Santa, reuniu centenas de católicos na noite desta quinta-feira (28), em Feira de Santana. Eles seguiram em passos rápidos por algumas das principais ruas do centro da cidade com cânticos e reflexões sobre os acontecimentos que antecederam a crucificação de Jesus.

Celebrada sempre numa quinta-feira da Semana Santa, a Procissão do Fogaréu é caracterizada pela presença de fiéis carregando tochas acesas, simbolizando as lanternas usadas pelos soldados romanos durante a captura de Jesus.

O arcebispo Metropolitano de Feira de Santana, Dom Zanoni Castro, destaca a importância de seguir os passos de Cristo, refletindo sobre seu sofrimento e sua ressurreição. Ele também menciona que o sofrimento pode ser redentor quando contribui para a libertação das pessoas, citando exemplos como a morte de mártires e figuras na história contemporânea.

dom zanoni castro
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Começamos a celebração na igreja, na catedral, com a ceia, o Lava Pés, Jesus que cuida, que lava, que se preocupa com as pessoas. E aí, por longa, longuíssima tradição, realizamos e participamos da Procissão do Fogaréu. Acompanhamos esse momento de dor, de tristeza, mas de resistência na expectativa da vitória sobre a morte. O sofrimento é salvador quando é em razão da libertação das pessoas. Por isso, a morte dos mártires é semente de renovação do mundo da igreja. A morte de Zumbi dos Palmares, a morte de Jesus, a morte do apóstolo João Batista, a morte de Marielle, a morte é capaz de restaurar e conscientizar a humanidade”, declarou.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

O médico João Batista também estava na caminhada. Ele destacou outro significado da celebração.

“Quinta-feira Santa é a noite em que os soldados romanos prenderam Jesus, mas é também um dia em que foi instituída a Eucaristia. Jesus, sabedor de que seria preso naquela noite, reuniu os apóstolos e lavou os pés deles, demonstrando humildade. A seguir, ele se coloca em sacrifício no Jardim de Getsêmani até ser aprisionado pelos soldados romanos. Essa é a importância religiosa, histórica e cultural para a humanidade cristã”, declarou o médico em entrevista ao Acorda Cidade.

“Foi um momento muito triste, mas mesmo assim a igreja mantém isso como uma lembrança e também a conscientização das pessoas de tudo que aconteceu naquela época. Um momento trágico, triste, que a gente rememora. É um momento em que a gente acredita em Cristo como um Deus encarnado, ao mesmo tempo, renova a nossa fé e a nossa esperança. Relembramos que o seu sacrifício não foi em vão e que Ele deixou um legado que milhares de anos depois mostra-se vitorioso: o legado do amor, da fraternidade, da honradez, da participação coletiva”, concluiu.

Risomário Lobo
Risomário Lobo | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Risomário Lobo, que faz parte da comissão organizadora do evento, destacou em entrevista ao Acorda Cidade a importância histórica e cultural da procissão do fogaréu, que neste ano ocorreu também em comemoração aos 165 anos da Santa Casa. 

Ele relembrou que a procissão era originalmente exclusiva para homens, mas foi aberta para jovens, crianças e mulheres.  Apesar de lembrar um momento trágico, esta procissão é vista como uma oportunidade de renovar a fé e a esperança no legado de amor e fraternidade deixado por Cristo.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“A Procissão do Fogaréu para a nossa cidade vem junto com os 165 anos da nossa Santa Casa. A procissão se irmana a esse tempo da nossa arquidiocese. É um momento realmente de unidade, de silêncio, de reflexão, de amor ao próximo. Usamos vestes pretas, relembrando os soldados que acompanharam Cristo. É uma tradição, Quinta-feira Santa, 20 horas, todos na Santa Casa de Misericórdia, saída da procissão do fogaréu, percorrendo as principais vias da cidade, Avenida Maria Quitério, Avenida Getúlio Vargas, chegando até a Catedral de Santana”, informou Risomário em entrevista ao Acorda Cidade. 

O prefeito Colbert Martins enfatizou a presença das famílias na procissão e a renovação da fé através deste momento.

Colbert Filho
Colbert Martins | | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

O técnico em telefonia Manuel do Patrocínio destacou a importância de relembrar o sofrimento de Jesus para a salvação da humanidade. “A igreja sempre relembra e é uma maneira de plantar em nossos corações o que Jesus fez por nós”, declarou.

Manuel Patrocínio
Manuel Patrocínio | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

O comerciante Luiz Queiroz contou ao Acorda Cidade que participa da procissão há 50 anos. “Sou católico desde criança, vim com meu filho, ele me acompanha há algum tempo. Essa procissão simboliza nossa fé em Deus e acende a memória de ter a sorte de ter uma família cristã que me conduziu a poder participar destas procissões anuais. Sempre estou presente nestas celebrações”, disse.

Luiz Queiróz | | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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