Pacientes com Doença Falciforme buscam ajuda na Câmara Municipal após prefeitura fazer transferência de unidade

No dia 3 de fevereiro, a Prefeitura Municipal de Feira de Santana anunciou que o Programa Municipal de Apoio à Pessoa com Doença Falciforme iria funcionar em novo endereço, a partir do dia 10 deste mês.

Os atendimentos serão realizados na Rua Estados Unidos, nº 51, centro da cidade. Diante desta mudança, todos os serviços estão paralisados.

Um grupo de pacientes com doença falciforme esteve presente, na manhã desta quarta-feira (15), na Câmara Municipal, solicitar apoio dos vereadores, para que a prefeitura possa finalizar o processo da mudança e retomar os atendimentos.

Em entrevista ao Acorda Cidade, Rita Almeida, que faz parte da Associação Feirense de Pessoas com doença falciforme, informou que os pacientes estão sem o devido acompanhamento e muitos estão tendo crises.

“Essa mudança era para ser feita dentro do prazo de oito dias, mas já se passaram 15. Os pacientes não estão tendo o acompanhamento devido, alguns estão com crises. Teve um paciente que foi a óbito, mas parece que não dão importância para uma doença tão grave como ela é. Da mesma forma que pode levar o paciente a óbito em questão de segundos, um paciente também pode ser salvo em questão de segundo, então este paciente sofre com dores, com infecções, com inflamações, pode perder a visão, pode ter necrose. Todos esses tipos de pacientes são acompanhados em nosso Centro de Referência”, explicou.

De acordo com a prefeitura, em média 560 pacientes são atendidos pelo município, mas segundo Rita Almeida, este número pode ser muito maior.

“A cada dia que passa, a Associação vai descobrindo novos pacientes, que infelizmente não possuem tratamento, que não fizeram o exame para identificar a doença ou casos que o posto do bairro não encaminhou aquele paciente para o Centro, então as pessoas que sofrem com esta doença precisam receber total atendimento, seja no Centro e até mesmo nos postos de bairros, pois através de um exame, é possível identificar”, contou.

Ao Acorda Cidade, o presidente da Associação, Fabrício Cabral, informou que muitos pacientes estão realizando os curativos por conta própria em casa.

“Estes pacientes necessitam de um acompanhamento e os serviços não podem ser cortados, é importante ter essa continuidade. Diante da irresponsabilidade por parte da prefeitura, tem paciente que está realizando os curativos por conta própria em casa, porque os profissionais dos postos de saúde não possuem o treinamento adequado”, disse.

Ainda de acordo com Fabrício Cabral, a reclamação foi apresentada ao vereador Jurandy Carvalho (PT), que irá encaminhar a situação ao prefeito.

“Esperamos que a gente possa conversar diretamente com o prefeito ou com a secretária de Saúde, porque eles precisam tomar uma atitude o mais rápido possível. O meu questionamento é porque o município agiliza para outros setores, como o CADH, mas com os pacientes da doença falciforme existe esta demora? É um preconceito? É questão de racismo? Precisamos bater nessa tecla e relatar sempre esta situação, pois as pessoas estão sofrendo”, finalizou.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o vereador Jurandy Carvalho informou que já entrou em contato com o prefeito, e que o mesmo também já passou a situação para a atual secretária de Saúde.

“Recebemos aqui, na manhã de hoje, o Fabrício, junto com outros pacientes da doença falciforme, que realizam tratamentos pela prefeitura de Feira, através da secretaria de Saúde. Tinha um ponto ali no bairro Ponto Central, mas o local que era alugado precisou ser desativado há mais de 15 dias. Já entrei em contato com o prefeito, ele já conversou com a secretária e solicitou que isto seja resolvido o mais rápido possível. A secretária é nova, mas eu já informei, o que está faltando é gestão, então que ela torne a gestão da secretaria de Saúde mais eficaz, porque sabemos da realidade do povo, sabemos da realidade dos postos, falta gaze, esparadrapos, e o prefeito enquanto médico, precisa ter esse olhar crítico, seja para quem tem doença falciforme, quem tem diabetes, hipertensão, porque a saúde está um caos”, concluiu.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

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