Maternidade

Maternidade real: publicitária conta trajetória de desafios e virtudes após se tornar mãe

O papel da mãe é fundamental na educação e na formação de novos cidadãos e com isso, muitas mulheres também mudam a sua rotina para se dedicar a este cuidado.

12/05/2024 às 17h30, Por Maylla Nunes

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Tamires Ribeiro
Foto: Reprodução/ Instagram

O Dia das Mães é uma data para evidenciar o carinho, amor e proteção, mas também é um dia de reflexão diante do comprometimento de mulheres que se dedicam diariamente na criação dos filhos.

O papel da mãe é fundamental na educação e na formação de novos cidadãos e com isso, muitas mulheres também mudam a sua rotina para se dedicar a este cuidado. E essa mudança de rotina faz história da publicitária Tamires Ribeiro, que ainda na juventude, descobriu a gestação e que sua vida iria mudar completamente com a chegada do filho Benício.

O Acorda Cidade esteve com a publicitária e bateu um papo especial sobre maternidade, responsabilidade e comprometimento. À princípio, Tamires Ribeiro contou que o maior desafio da sua vida, na época, foi descobrir que estava grávida, já que não tinha a família por perto e estava no primeiro semestre da faculdade.

Tamires Ribeiro
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“A minha gravidez não foi planejada, foi totalmente de paraquedas, lembro que quando descobri a gestação eu estava no primeiro semestre da faculdade, uma faculdade que eu tinha conseguido uma bolsa de estudos e também estava no primeiro mês do meu estágio dos sonhos. A gestação quando eu descobri foi um caos para todo mundo, eu não tinha rede de apoio aqui em Feira, eu tinha vindo para cá porque era a cidade do pai do meu filho e foi muito desafiador. Durante a gravidez eu não interrompi, fiz a faculdade com a barriga grande e foi um desafio. Embora eu não goste muito do termo de que maternidade é sagrada, eu acredito que gestar me deu forças para continuar os meus estudos”, disse.

Descobrir uma gestação sem planejamento não é fácil para muitas mães e não foi fácil para Tamires. Além das responsabilidades que a cercava, ela também relatou que pensou em desistir, mas decidiu seguir em frente. Apesar de se tornar mãe de forma precoce, a publicitária também disse que pôde amadurecer enquanto mulher.

“Eu pensei em desistir, inclusive fui influenciada por várias pessoas, pessoas próximas do meu círculo de amizade, pensei muito nisso, não vou mentir, mas eu não consegui colocar isso em prática, eu quis pagar para ver. E hoje, não me arrependo, apesar de ser difícil eu não me arrependo de ter escolhido ser mãe, porque a maternidade ela me fez amadurecer em diversos pontos, apesar de ser de maneira precoce e a maternidade tem isso com as mulheres, quando a gente se torna mãe, a gente tende a amadurecer 10 anos em apenas um. Eu fui fazer uma ultrassom, na época descobri que estava com oito semanas e minha mãe me acompanhou. Eu fiz a ultrassom e eu lembro que minha mãe perguntou para a médica para saber se eu estava grávida mesmo e a doutora disse que sim, e apertou o volume do som e a gente ouviu o coração, os batimentos e foi muito importante, ali eu tive a certeza de que não haveria interrupção, eu queria sim ser mãe”, contou.

Tamires Ribeiro
Foto: Reprodução/Instagram

Na gestação do filho, Tamires Ribeiro também contou com o apoio da empresa em um antigo estágio em que atuava, e este auxílio foi um divisor de águas na sua vida. Mas, apesar do apoio na gestação, a publicitária também narrou momentos de dificuldade, quando ao se separar do pai do seu filho, virou mãe solo.

Ela também enfatizou a importância de uma rede de apoio para dar suporte em momentos de necessidade.

“Eu era estagiária na época e tive um grande apoio da empresa que me contratou. Eles me deram um auxílio-maternidade por um tempo e logo depois que eu tive bebê, eu optei por sair, mas durante um tempo eles me deram um valor mensal, mesmo sem ter essa obrigação legal, eles me deram um apoio muito grande e eu acho que isso foi um divisor de águas. Tudo o que eu passei desde a descoberta da gestação até hoje foi um aprendizado. Me separei do pai do meu filho assim que eu pari e eu me vi sozinha em Feira de Santana com um bebê de dois meses, fazendo faculdade e tendo que trabalhar para me manter, e nesse período onde eu era mãe solo, eu precisava muito de rede de apoio e depois de muita dificuldade, eu consegui ter uma rede de apoio dos avós paternos do pai do meu filho, e foi o que me ajudou a concluir a faculdade, a conseguir trabalhar para me manter, pagar aluguel, pagar as despesas do meu filho, conseguir ter uma vida digna”, relatou.

Superação

Tamires Ribeiro
Foto: Reprodução/Instagram

Em meio a tantos obstáculos, lembrar de suas raízes ajudou a publicitária a superar as dificuldades ao longo da vida. Questionada sobre a palavra superação, Tamires Ribeiro disse que o segredo é perseverar, aliada ao amor do filho.

“Superei com perseverança e com amor ao meu filho. Quando a gente pensa em ter um futuro melhor sendo mãe, a gente pensa muito no nosso filho. Eu tive uma criação muito boa, os meus pais são pessoas que não tem muito poder aquisitivo, mas eles fizeram tudo para me dar do bom e do melhor. Então, apesar de viver sem muitos luxos na infância, eu tive uma vida boa, uma vida digna. E, o que me faz querer ter uma vida melhor para o meu filho é justamente isso, é pensar na maternidade como um combustível para tentar ter uma vida melhor todos os dias e ter força para correr atrás disso. A responsabilidade é grande. Pense aí, você se imaginar responsável por uma pessoinha? É uma coisa complexa, então quando você se vê responsável por alguém, você se torna autorresponsável, então a responsabilidade de ser mãe é o que mais me destaca, o amor pelo meu filho, a responsabilidade vem junto com o amor e a gente vai seguindo essa jornada”, frisou.

Ser mãe é lindo, intenso, mas também é difícil. E sobre este assunto, Tamires também fez uma avaliação. Para ela, a maternidade não deve ser muitas vezes “romantizada”, já que o fato de gerar e criar também carrega inúmeros desafios.

A publicitária também defendeu que as mulheres possuem instinto materno, mas também precisam de um aprofundamento através de estudos sobre como lidar com a maternidade.

“Na maternidade eu não gosto de romantizar porque eu acho que é uma isca para mulheres que não vivem isso ainda. A maternidade é difícil, é dura, e cruel, a maternidade diminui muito a mãe em alguns quesitos, porque quando a gente pensa em maternidade, a gente não pensa na mãe, a gente pensa no filho. E, por causa desse esquecimento, a mãe acaba sofrendo muito. Então, eu não romantizo a maternidade, mas focando nas coisas certas, estudando sobre maternidade na gestação você consegue ter uma maternidade mais tranquila apesar de não ser recomendado. A gente cresce ouvindo que a mulher sabe criar, ser mãe porque é um instinto materno, mas a gente não pode só depender disso, a gente precisa estudar, assim como a gente estuda para uma profissão, exercer alguma função em uma empresa, a gente precisa estudar como ser mãe, porque criar uma criança é complexo. A gente precisa saber os avanços de cada idade, o que pode acontecer, as fases, porque quando a gente cai de paraquedas, a gente acaba se culpando”, destacou.

Mães solo

Mãe solo é um termo utilizado para as mães que exercem a maternidade com a ausência dos pais, deixando o conceito de mães solteiras em desuso, já que não é preciso estar em um relacionamento para criar os filhos.

Sobre o termo e sobre as condições de mães solo, Tamires Ribeiro aconselhou que mesmo diante de muitos preconceitos, que estas mulheres entendam que criar os filhos de forma individual é uma situação admirável.

“Eu não gosto muito do termo mãe solteira, porque mãe não é estado civil, então quando a gente fala este termo, a gente está impondo que a mulher para ser mãe ela precisa de um homem ou uma figura para exercer a maternidade. Esse termo não é mais utilizado porque a mãe não é estado civil, o termo correto é mãe solo, é uma mãe que leva a maternidade sozinha. Eu não me encaixo muito nesse termo, já fui durante um tempo, mas hoje eu tenho uma maternidade que é compartilhada com o pai do meu filho, temos uma relação boa de convívio, de criação do nosso filho e eu acho que isso faz total sentido de ter uma divisão de maneira leve com o pai. O conselho que eu dou para as mães solo que ainda sofrem muitos preconceitos, é que elas enxerguem a maternidade solo não como uma coisa ruim, mas como uma coisa que traz força, apesar de tanto estigma, de preconceito é você entender que ser mãe solo é uma coisa admirável”, reforçou.

A publicitária finalizou ainda opinando sobre o papel das mães solo, além de que muitas mulheres passam por situações constrangedoras, como relacionamentos abusivos visando o bem-estar e criação de seus filhos.

“Eu considero um avanço quando uma mãe cria seus filhos sozinha porque nenhuma mulher tem que estar em um relacionamento em que ela não é respeitada, amada, valorizada e isso é um ato revolucionário, porque quando a mulher se empodera e diz que não quer mais estar em um relacionamento que a não faz bem, ela está sendo revolucionária. A gente não foi ensinada a enxergar a nossa existência dessa forma, a gente sempre foi enxergada de que a mulher precisa estar ao lado de um homem ou de que atrás de um homem, sempre tem uma grande mulher, então essa ideia de que uma mulher, ela só é de verdade quando está acompanhada, está sendo quebrada ao decorrer dos anos, das décadas e isso é revolucionário. É uma realidade muitas mães ficarem em um relacionamento onde não são valorizadas por conta dos filhos e eu entendo, principalmente pela falta de empoderamento financeiro, as mulheres preferem estar com agressores dentro de casa porque elas não têm seu próprio dinheiro para manter a ela e os seus filhos. Há uma dependência e a gente precisa ter cuidado ao pensar isso, porque existem mulheres em realidades diferentes”, concluiu.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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