Feira de Santana

Fortes chuvas podem atingir Feira de Santana no segundo semestre deste ano, diz prefeito durante seminário sobre desertificação

O mediador do encontro foi o professor Humberto Barbosa, especialista em desertificação.

14/05/2024 às 13h40, Por Gabriel Gonçalves

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Seminário sobre Desertificação
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Foi realizado na manhã desta terça-feira (14) no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Feira de Santana, um seminário para discutir a ‘problemática sobre a desertificação de territórios’.

O convidado para mediar o encontro, foi o professor Humberto Barbosa, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), especialista em desertificação.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins, destacou a importância do assunto ser debatido no município, principalmente pelas tragédias climáticas que atingem o estado do Rio Grande do Sul, assim como a seca na região Nordeste.

Seminário sobre Desertificação
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Humberto Barbosa é professor lá da Universidade de Alagoas, uma pessoa que tem pós-graduação em Arizona nos Estados Unidos, é uma pessoa da área de meteorologia e do clima, e nós aqui em Feira de Santana, quando a gente estudou geografia, Feira de Santana era do semiárido, Feira de Santana pertence ao semiárido. A Bahia tem cerca de 300 municípios no semiárido, somente nessa parte, estamos evoluindo para o desértico e em vários desses municípios nós estamos evoluindo para o deserto, e Feira de Santana está nesse limite”, disse.

Colbert Martis salientou a respeito da importância de melhor convivência com as mudanças climáticas.

“Nós estamos aqui próximo do recôncavo porque é uma região mais úmida e do outro lado uma região mais seca, e o que ele vem falar hoje, é o que está acontecendo no Rio Grande do Sul agora, e o que está acontecendo no Nordeste, uma coisa que demorava para acontecer, quantas vezes nós vivemos a seca aqui em Feira de Santana, mas depois da seca vinha a chuva? E agora nós estamos fazendo tudo ao mesmo tempo, pode ter seca no Rio Grande do Sul e podem ter inundações na Bahia. Tivemos uma grande chuva aqui no dia 26 de janeiro, uma grande chuva em 18 de fevereiro e a tendência é termos chuvas mais fortes ainda neste ano, tanto no Nordeste, quanto seca no Sul, portanto ele vem nos ensinar como a gente conviver no mundo climaticamente tão diferente”, declarou.

Seminário sobre Desertificação
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

De acordo com o prefeito, o município pode enfrentar fortes chuvas no segundo semestre deste ano.

“Essas mudanças climáticas já afetaram o Rio Grande do Sul na redução das colheitas, estão permitindo um aumento inclusive no valor de alimentos, tipo o arroz, não é somente a morte de mais de 140 pessoas, é a perda de casas, é a perda dos eletrodomésticos, é a perda do emprego, é a perda da capacidade de trabalhar, de empresas que estão neste momento sem funcionar, então o impacto climático é tão forte que afeta a vida das pessoas como um todo, no seu trabalho afeta a vida na sua produção e afeta mais ainda o equilíbrio entre as situações. O El Niño que é o que nós estamos tendo agora, chuvas fortes no sul vai mudar para o La Niña, esse La Niña, às vezes demorava um ano para acontecer de uma distância para outra, mas agora está saindo de um e começando o outro, então ele vai mostrar aí que a previsão de chuva no nordeste é intensa novamente neste ano, portanto nós temos que nos preparar porque o que aconteceu de inundação em janeiro, pode acontecer novamente agora no segundo semestre”, afirmou.

Ao Acorda Cidade, o secretário de Agricultura, Recursos Hídricos e Desenvolvimento Rural, Alexandre Monteiro também comentou sobre a presença do especialista em Feira de Santana.

Seminário sobre Desertificação
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“O que nos levou a trazer o professor Humberto Barbosa é simplesmente que ele é o maior especialista em desertificação do Brasil, esse estudo que ele desenvolve, estudo pioneiro aqui no Brasil, mostra diversas áreas de desertificação nos estados brasileiros, inclusive no estado da Bahia. Então o que é que a gente pode ajudar? A Secretaria de Agricultura do município trouxe o professor com o objetivo de divulgar essas questões porque a gente trazendo e disseminando o conhecimento, a gente pode buscar recursos e tentar medidas de mitigação dessas ações futuras, então a gente preocupado com a questão da desertificação, com a questão do clima extremo, chuva demais ou secas demais, a gente busca talvez o maior especialista do Brasil nesta área para juntos buscarmos soluções para estas questões aqui em Feira de Santana”, pontuou.

A desertificação é um processo que vem acontecendo de forma lenta, mas que causa graves consequências às pessoas que vivem nestas regiões e dependem do cultivo da agricultura.

De acordo com o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens e Satélites (Lapis), ligado à Universidade Federal de Alagoas, cerca de 13% do semiárido brasileiro já foi atingido por este processo, que torna a terra improdutiva por conta dos longos períodos de seca.

Seminário sobre Desertificação
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Em 2021, o professor apresentou a situação no programa Profissão Repórter, da rede Globo. Na época, a equipe de reportagem percorreu mais de 2 mil quilômetros e passou pelos estados de Pernambuco, Paraíba e Alagoas para mostrar as dificuldades de pessoas que vivem em áreas diretamente impactadas pela seca.

Ao Acorda Cidade, o professor Humberto Barbosa explicou como funciona o processo de desertificação.

Seminário sobre Desertificação
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“O que é que provoca? O desmatamento, a agricultura intensiva, os incêndios, o sobrepastoreio que é a criação de animais em pequenas áreas, não há nenhum problema com a criação de caprinos e bovinos, é o manejo para que ele não compacte esse solo. Por exemplo, eu tenho três gatinhos, se eu deixar duas semanas em uma área pequena, você precisa ver o estrago que esses dois gatinhos fazem na grama, então é o manejo desses animais e essa erosão provocada por estes processos. Eu tiro a pele, que é a vegetação, eu coloco muita sobrecarga neste solo e isso provoca a erosão, vai se tornando mais frágil, vai perdendo a fertilidade e daí você vai tendo uso excessivo da água como também a ausência dela, você vê como é complicado o excesso ou a ausência de água, também é um processo da desertificação”, explicou.

Segundo o professor, este é um problema que já acontece desde a década de 70.

Seminário sobre Desertificação
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“O clima nos últimos 30 anos tem colocado uma pressão nestas regiões principalmente na região semiárida e árida brasileira, principalmente a região Nordeste do Brasil. Ela tem sofrido com esse climas mais quentes e isso faz com que estas áreas se expandam e os estragos como a Bahia, Piauí, a Paraíba, Pernambuco, que são os estados pioneiros, porque desde o passado, desde 71, já haviam registros de núcleos, áreas de desertificação espalhadas pelo Nordeste, só que estas áreas aumentaram assim como o clima do sertão, está mais árido, está mais seco, está mais quente”, concluiu.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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  1. SE em vinte anos NÃO fizeram nada para mudar o quadro caótico da estrutura de Feira de Santana, cidade abandonada com crescimento desordenado, vamos aguardar mais vinte anos para aparecer gestores comprometidos com a cidade e o povo feirense. Toda a cidade está despreparada para enfrentar 10% do que está ocorrendo no Sul. Cuidado principalmente com o Centro, Av. Canal com esgoto aberto, bairros, aliás, toda a Feira de Santana.

  2. Esse nome prefeito não combina com Colbert, esse vai ficar na história de Feira de Santana como o pior de todos, as reformas em praças etc, no fundo tem interesses próprio.

  3. Ele diz que temos que nos preparar. De fato nós, cidadãos temos que nos preparar pq a prefeitura não vai fazer nada pra previnir os danos das chuvas. O recado foi dado! Se virem!

  4. Feira de Santana demonstra mais uma vez o desprezo que tem pela ciência e por seus próprios munícipes. O município que abriga uma das melhores Universidade públicas da Brasil, com respeitados e renomados pesquisadores despreza todo conhecimento gerado pela instituição há anos. A cidade bem como o município em geral enfrenta problemas variados, mas sequer busca uma aproximação com a instituição na tentativa de debater e buscar soluções. Não estou tirando o mérito do pesquisador em questão, mas pra ouvir o óbvio basta ligar a TV ou abrir o google.

  5. ele , furou a feira toda e não resolveu o problema do acúmulo de água. quer dinheiro mas não liberem , Câmara…….

  6. O gestor é médico, a SAÚDE VAI DE MAL A PIOR, AGORA ATACOU DE ESPECIALISTA EM DESASTRES CLIMÁTICOS, FEIRA QUE SE CUIDE VIU. Restam 6 meses e 16 pra acabar esse pesadelo.

  7. E o que o município tem feito para evitar problemas climáticos (secas, enchentes, efeito estufa)? Cidade em que o meio ambiente é desrespeitado por todos, inclusive pelos órgãos públicos.

    1. Depois das 2 chuvas fortes que tivemos no final desse verão, já eram para estar sendo pensadas medidas preventivas à alagamentos.

  8. Que tal uma mesa redonda com Ricardo Felício ou o professor Molon? Dizer que FSA nunca enfrentou uma seca longa é desconhecimento histórico! O planeta é cíclico e estamos vivendo mais deles.
    Tem um estudo(tese de doutorado) que mostra os últimos 350mil anos das chuvas no RS e lá não tem nenhuma surpresa.

    1. 350 mil anos é tempo para caramba. Até aqui tem fake news e negacionistas. É complicado!
      A chuva invadiu parte da capital gaúcha.

      1. Apresento dados e o cara discorda chamando de negacionista e fake news. Talvez por não compreender que é possível fazer a verificação do nível do mar ao longo das eras ou outras formas de comparação, só consegue com seus poucos neurônios negar e negar…
        Triste realidade.

  9. Enquanto buracos se espalham por diversos bairros da cidade. A prefeitura asfaltou ruas da Santa Mônica e Ponto central. Ruas que em sua grande maioria não tem rede fluvial por falta de planejamento anterior. Pra onde escorar as águas das chuvas nessas localidades???
    De nada serve palestras e seminários se não existem pessoas competentes para administrar, planejar e gerir a cidade… Lagoas e riachos abandonados, praças sucateadas se espalham em vários bairros, entulhos e lixos por toda a parte.
    Há anos temos um grupo político com gestões caóticas no aspecto ambiental e de mobilidade urbana. Fato!

  10. Sem a presença da UEFS? Por que não se chamou também a nossa instituição que conhece muito bem a problemática? Estudei geografia na UEFS e sei que temos excelentes pesquisadores sobre essa questão.

    1. Caro Alberto, os da UEFS não cobraria caches, dessa forma não é interessante para quem contratou o palestrante, sem cachê não tem graça, capitou a mensagem?????????

    2. Aí é do estado. É do PT. Ele é incapaz de sequer dialogar. Um incompetente de carteirinha com título ad eternum . Com recibos e mais recibos cidade afora.

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