Dia do Florista

Comerciantes comentam fatores que influenciam na produção de flores em Feira de Santana

De acordo com um florista, com a queda na produção de flores em Santo Antônio de Jesus, o comércio no ramo em Feira passou a se expandir.

02/09/2022 às 11h00, Por Laiane Cruz

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Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Seja em buquês, arranjos florais, grinaldas ou mesmo vendidas em unidades, as flores têm o poder de trazer a beleza, delicadeza e alegria que um ambiente precisa de acordo com a época e a ocasião.

Para homenagear os profissionais que cuidam delas com todo o amor e dedicação, é comemorado nesta sexta-feira (2) o Dia do Florista, que têm a missão de cultivar e comercializar flores, mas também o desafio de serem criativos, sensíveis e habilidosos para atender aos desejos e necessidades da sua clientela.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Um dos pioneiros da profissão em Feira de Santana, o florista e produtor de flores Francisco de Jesus Rodrigues, mais conhecido como Dinho do Caroá, possui um box na Rua Olímpio Vital e contou ao Acorda Cidade que iniciou no ramo há aproximadamente 60 anos, quando os produtos da zona rural eram trazidos para as feiras nos lombos do animais e o plantio de flores angélicas ainda estava em fase inicial na cidade.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Éramos produtores de quiabo e outras coisas, há 50 ou 60 anos, e a gente vinha na madrugada montado a cavalo, que tudo era transportado em lombos de burros, cavalos, jegue, e vínhamos para a Praça J Pedreira vender esses produtos. Na década de 60, o pessoal já tinha alguns plantios de angélicas na região. Santo Antônio de Jesus teve um período muito chuvoso e era quem abastecia para Salvador. Nesse período de muita chuva, a produção lá caiu. Nós já trazíamos um pouquinho de angélicas naquela época e tinha uma senhora que trabalhava com frutas, por nome dona Cecília, do Areal, que ainda se encontra viva e é uma senhora com mais de 100 anos já de idade, e era a pioneira no ramo de frutas, e ela vendia algumas flores naquela época também, como veludo, gérbera, sorriso de maria, rosas, buquês de noiva, rosa esperança, chapéu de couro, saudade, que eram as flores que se vendiam naquela época”, relembrou Dinho do Caroá.

Segundo ele, com a queda na produção de flores em Santo Antônio de Jesus, o comércio no ramo em Feira passou a se expandir, com a procura de clientes vindos de outras cidades, a exemplo de Salvador.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Nós vínhamos toda semana trazer nossos produtos e já tínhamos uma clientela que comprava. Naquele tempo o pessoal vinha com quatro ou cinco carregadores de cestos, onde botavam as compras. Continuamos a vender angélicas, depois fomos produzindo outros tipos de flores também e continuamos no ramo”, recordou.

Naquele período, conforme o florista, havia muitas perdas de mercadorias, e as flores que não eram vendidas na feira eram doadas para igrejas e pessoas da comunidade. Com o avanço das técnicas de produção e conservação das flores, o trabalho nesta área melhorou e hoje é possível produzir o ano inteiro. No entanto, a maior parte do que é comercializado em Feira de Santana vem de outras cidades e estados brasileiros, devido às condições do clima na região.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Hoje com a nova tecnologia e os aanços, se consegue produzir diversos tipos de flores durante o ano todo, menos na nossa região porque não tem estrutura para isso. A situação climática não nos favorece muito, a maioria do que é produzido é em estufas, com alta tecnologia. Feira produz em pouca escala, porque a cada ano que passa o clima vai mudando e vamos perdendo as condições de produzir, e não é com a quantidade capaz de satisfazer o mercado”, observou.

A florista Simone Silva, de 39 anos, que também atua como presidente da Associação dos Floristas de Feira de Santana, contou que há 20 começou no ramo do comércio de flores, junto com seus pais. Ela possui um box na Rua Olímpio Vital e considera que esta é uma profissão familiar, pois geralmente o ofício é passado dos pais para os filhos, depois para os netos, e assim o conhecimento das técnicas e o amor pelo ramo vai sendo passado de geração em geração.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Comecei ajudando meus pais. Antes a gente plantava só angélicas, mas hoje a gente trabalha com todos os tipos de flores e a gente pega com fornecedores também. O primeiro contato com as flores foi através dos meus pais, que tinham um box próximo ao Mercado de Arte e depois a gente desceu para cá e fomos nos aperfeiçoando cada dia mais. O incentivo para trabalhar nesse ramo partiu primeiro da família, porque esse trabalho aqui é de família, onde trabalham os pais, os filhos, os netos, e depois porque a gente vai se apaixonando pelo que faz, é uma arte e é muito prazeroso”, afirmou a florista.

Apesar de amar o que faz, Simone Silva observa que também existem dificuldades neste tipo de comércio, com alguns meses do ano mais fracos em vendas e outros em que a demanda é muito grande.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Tem os meses do ano em que as flores são mais procuradas, como o mês de maio, no Dia das Mães, Dia dos Namorados, Festa de Santo Antônio, Festa de Santana, e tem alguns meses que são mais parados, como o mês de agosto. Trabalhamos também com decoração de casamentos e muitas noivas não gostam de casar neste mês”, disse.

Os arranjos florais, segundo a empreendedora, variam de R$ 80, os mais simples, até R$ 500, a depender do tipo de flor que o cliente escolhe.

“No Dia das Mães e Dia dos Namoradores a procura é mais para presentar, de flores e buquês, com lírios, e no final do ano, as pessoas buscam fazer arranjos para colocar nas mesas da ceia. A maior parte das flores que nós compramos vem de Holambra, em São Paulo, e temos agora também a produção que vem de Gravatá (PE), Maracás (BA) e temos algumas flores tropicais que vêm de Oliveira dos Campinhos, em Conceição do Jacupípe, como a licônia, antúrio, e algumas folhagens diferentes como a costela de Adão”, explicou.

E para quem pensa que o comércio neste ramo está fraco, pela pouca movimentação de clientes nos boxes da Olímpio Vital, Simone Silva esclarece que com a pandemia, assim como outros profissionais, os floristas também tiveram que se reinventar e atualmente a tecnologia e as redes sociais são seus maiores aliados na hora de vender.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Depois da pandemia, tivemos uma grande mudança, e hoje as pessoas encomendam através do Whatsapp ou Instagram. Eles pagam metade do valor por PIX, e no dia da entrega pagam o restante da mercadoria. Os clientes mandam a foto do que querem, nós fotografamos o que temos, eles escolhem o produto, e a gente manda entregar”, ressaltou Simone Silva.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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